Especialistas alertam perigo no retorno das aulas presenciais APP-Sindicato

Especialistas alertam perigo no retorno das aulas presenciais

É risco de vida ter aulas presenciais agora e a APP-Sindicato fará greve em defesa da vida dia 18 de fevereiro

Foto: EBC

O ambiente escolar oferece risco ao retorno das aulas presenciais no atual momento da pandemia. Inclusive, especialistas com conteúdos científicos publicados, comprovam com dados e dizem não para a volta das atividades no Paraná e no Brasil.

Confira o debate feito pela direção do Sindicato, apresentado pelo Hermes Leão e Vanda do Pilar, tirando dúvidas da comunidade escolar e dos riscos para a saúde e para a vida. O esforço é conjunto!

É greve no dia 18 de fevereiro! É greve de respeito pela vida, temas e direitos dos(as) educadores(as) e da comunidade como um todo. A APP-Sindicato cobra respostas do governador Ratinho Junior (PSD). A manchete no jornal já diz: “aulas presenciais voltam no Paraná, mas com risco de serem suspensas”.

Você já viu como está a sua escola? Educação e ciência andam juntas! Direto do Amazonas, com uma experiência trágica na cidade de Manaus, os especialistas Jesem Orellana e Lucas Ferrante participaram da live do Sindicato.

Foto: Arquivo

Jesem Orellana é epidemiologista da Fiocruz/Amazônia – “É uma grande satisfação estar aqui e passar a nossa experiência ao longo da pandemia e ao lado de professores. A defesa pela vida e não pela morte, como muitos fazem na gestão de tomadores de decisões. Quero falar sobre a vida! Os professores vitimados fatalmente, outros financeiramente, emocionalmente e fisicamente também por sequelas da Covid. É uma luta que precisa ser estendida. A categoria deveria ser o baluarte e a estrela guia do país e, infelizmente, isso não acontece e não tem proteção, sem falar dos salários humilhantes e da condição desumana em que se encontram. Algumas pessoas sabem e outras agem indiferente.

Temos visto algumas pessoas que defendem o retorno das aulas, mas, na verdade, veem as escolas como depósito para os filhos. É uma situação complicada. O exemplo de Manaus é como uma oportunidade de reflexão. Em Manaus é comum além das escolas, em paralelo, ter um mercado de reforço das aulas. A responsabilidade da educação é transferida a um sistema de ensino integral e paralelo. Nada contra os professores – mas sim da atitude e do comportamento de quem não se importa com a saúde educacional e psicológica dos seus filhos. E são estas pessoas que estão exigindo o retorno e colocando hashtag nas redes sociais – sem argumentos científicos. Sendo que o retorno só pode ser feito se tiver todas as condições sanitárias e epidemiológicas que devem ser avaliadas de forma responsável. Todos nós temos interesse ao retorno das aulas presenciais com segurança. Não podemos defender um retorno preservando a economia das escolas, empresas terceirizadas e esquecendo da vida de toda a comunidade escolar.

Muitos pediatras e especialistas alegam que as crianças adoecem e morrem pouco por Covid, e até pode ser verdade – mas e os professores e funcionários? E as suas vidas? São muitas pessoas que circulam em um ambiente escolar e fora dele.

O cenário trágico de Manaus e ainda assim decreta-se o retorno das aulas. Façam greve, pois vocês não são obrigados a entregar a cabeça de vocês. Mantenham-se firmes!

O momento epidemiológico atual no Brasil e no Paraná, e estou avaliando a curva inclusive aqui em Curitiba, gerada pelas equipes InfoGripe e Fiocruz, mostra que o retorno às aulas presenciais, se acontecer, será coincidente em um dos níveis de incidência mais altos de síndrome respiratória aguda grave até o momento”.

Foto: Arquivo

Lucas Ferrante é biólogo, mestre em biologia, doutorando em biologia pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), que coordenou a nota técnica a pedido do Ministério Público do Estado do Amazonas e o trabalho também de classificação dos povos indígenas como grupo de risco da Covid-19.

“Manaus é o estado com maior negligência e, agora, isso se projeta para o restante do Brasil. O cenário é grave! Médicos não são cientistas e não deveriam palpitar sobre a volta às aulas – é diferente ter um panorama na sua clínica e linha de frente. Estamos falando de ciência de qualidade publicada em periódicos científicos no mundo, com fator de impacto. Não é a minha opinião, é um consenso do meio científico que se sobrepõe às opiniões e visão de médicos, por exemplo, que querem a volta precoce sem nenhum amparo. Não podemos aceitar informações e teses de pessoas que não publiquem resultados em revistas científicas, no momento.

Em Manaus tiveram falsas afirmações da pandemia em remissão e de laudos também. Os protocolos de segurança eram insuficientes e culminou na segunda onda, inclusive, que começou com a volta às aulas em Manaus. A  Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas fez o protocolo advertindo que seria super viável voltar as aulas, inclusive, noticiado pela diretora Rosemary Pinto, que depois veio a falecer de Covid.

Foram muitos avisos e recomendações, na época, passados ao Amazonas, mas que não foram seguidos. Hoje, o estado do Amazonas ultrapassou 8.500 mortes oficiais de Covid – mas sabemos que os números são duas vezes piores.

Uma nova variante fruto da maior transmissão do coronavírus deve estar se alastrando no Brasil e deve propiciar uma onda mais letal. É impensável e inviável voltar para as aulas presenciais antes de uma ação/campanha massiva de vacinação de toda a população do Brasil. Deveríamos estar entrando em um lockdown. Vai ser um dano colateral não só para a comunidade escolar, mas, para todos nós”.

Assista e veja as falas completas dos convidados, com apresentação de dados – o gatilho da volta às aulas.

 

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