Com o retorno das atividades presenciais no estado, escolas do Paraná já registram índices de contaminação pelo Coronavírus. Em Foz do Iguaçu, o Núcleo Sindical da região confirmou casos de Covid-19 na cidade e em regiões próximas como Santa Terezinha de Itaipu e Medianeira. No total, o NS contabilizou um total de 7 escolas com casos confirmados. A APP-Sindicato, que é contrária ao retorno presencial, enfatiza a necessidade de prefeituras e do governo estadual reconsiderarem voltar com as aulas virtuais para garantir a segurança de profissionais e estudantes.
De acordo com a APP-Sindicato de Foz do Iguaçu, a entidade tem recebido denúncias desde o dia 10 de maio sobre casos de Covid-19 nas escolas que já haviam retornado com algumas turmas de forma presencial. Também foram registrados casos em escolas que não tiveram o retorno, mas tiveram casos confirmados em período de entrega e retirada de atividades pelos(as) alunos(as).
“Nos últimos dias de maio, tivemos o relato de mais quatro casos. Sendo uma professora no município de Medianeira, mais duas professoras no Colégio Barão que não houve o retorno presencial, porém estiveram na unidade entregando atividades”, explica o Secretário de Finanças da APP-Foz, Silvio Borges.
Além destas unidades, o Colégio Militarizado Costa e Silva, que retornou às atividades no dia 10 de maio, teve casos entre professores(as) e alunos(as), o que levou à suspensão das aulas na tarde de ontem (25 de maio). O Colégio Militarizado Castelo Branco, que também estava funcionando de forma presencial, constatou ainda contaminação de professores(as) e estudantes.
“Somando às sete escolas com casos de contaminação, tivemos entre o dia 12 e 12 de fevereiro, quando houve a semana pedagógica e o “treinamento de protocolo de segurança”, nós tivemos no Núcleo Regional de Educação, 11 escolas que tiveram casos positivos. A conclusão que chegamos é que toda vez que as escolas foram abertas, com grande número de estudantes ou profissionais da educação, tivemos um alto índice de contágio nessas instituições”, ressalta Silvio Borges.
Diante do completo descaso do governador Ratinho Jr. e do secretário de educação Renato Feder frente ao grave quadro da pandemia no estado, a APP-Sindicato têm trabalhado junto de prefeituras para que as aulas sejam suspensas nos municípios. Mais de 50 cidades emitiram decretos suspendendo as aulas presenciais e mantendo o modelo de aulas online, conforme defende o Sindicato.
Aumento do contágio e falta de leitos
Segundo o balanço da Secretaria de Estado da Educação (Sesa), 5.553 pessoas estão internadas com suspeita ou confirmação de Covid-19. São 1.922 pacientes em UTIs públicas, 360 em UTIs particulares, 2885 em enfermarias públicas, e 386 em enfermarias particulares. O número de UTIs públicas exclusivas para Covid-19 ocupadas no Paraná é de 1.840, com 86 livres. A ocupação geral é de 95%.
Em Curitiba, a ocupação dos leitos já atingiu a capacidade máxima. O boletim da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) publicado na última segunda-feira (24), com os 726 leitos clínicos ocupados. A SMS aponta ainda que a taxa de ocupação dos 525 leitos de UTI exclusivos para covid-19 está em 96%. Restam 22 leitos livres para casos graves.
A retomada das aulas presenciais representa um grande risco para a população, principalmente pela alta taxa de circulação de profissionais e estudantes dentro dos espaços de ensino. O pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Lucas Ferrante, apresentou um estudo destacando o grande risco do retorno neste momento de alta contaminação.
“A retomada das aulas presenciais no Paraná nesse momento vai causar, inevitavelmente, o aumento de casos, internamentos e mortes por covid-19. O governo Ratinho Jr. A volta às escolas só é relativamente segura com 70% das pessoas imunizadas. Qualquer relaxamento no distanciamento social nesse momento terá impacto 15 dias depois nos hospitais”, destacou o pesquisador em assembleia virtual realizada pela APP-Sindicato.
O Sindicato salienta que Ratinho Jr. não pode se omitir diante do drástico aumento de contaminação e manter o funcionamento das escolas de forma presencial, colocando em risco a integridade de Educadores(as), estudantes e comunidade escolar. Uma nova assembleia da categoria acontecerá dia 29 de maio, para avaliação do quadro e decisão de ações da categoria.
Leia mais:
:: Mais de mil pessoas esperam por um leito de UTI no Paraná e governo insiste em retorno das aulas presenciais
:: Prefeitos(as) fazem o que governador se recusou a fazer e dizem “não” às aulas presenciais
:: Retomada de aulas presenciais: hipocrisia, negacionismo e necropolítica
:: Sindicato disponibiliza Notificação Extrajudicial contra o retorno das aulas presenciais