Escola Sem Partido e militarização abriram portas para ataques contra as escolas, aponta especialista APP-Sindicato

Escola Sem Partido e militarização abriram portas para ataques contra as escolas, aponta especialista

Doutora em educação também vê relação do incentivo à denúncia contra professores(as) com o aumento da violência no ambiente escolar

“As medidas repressivas que foram adotadas nos últimos quatro anos, como o Escola Sem Partido, denúncias contra professores, militarização nas escolas e polícia dentro do ambiente escolar tiveram efeito perverso na nossa educação”. A declaração é da doutora em Ciências da Educação, Miriam Abramovay, durante o 1º Seminário Internacional sobre Segurança e Proteção no Ambiente Escolar, realizado nesta semana pelo Ministério da Educação, em Brasília.

Segundo a especialista, que também é coordenadora do Programa Estudos sobre Juventudes, Educação e Gênero: Violências e Resiliências da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), esses eventos provocaram aumento da misoginia, intolerância religiosa, racismo, feminicídio, abuso sexual infantil e outros fenômenos violentos, “abrindo portas para o extremismo de direita e caminho para as tragédias ocorridas nas escolas brasileiras”.

Licença para matar

Miriam também destacou que não se pode falar de segurança e proteção do ambiente escolar sem lembrar da pandemia da Covid-19 e das ações implementadas e políticas desestruturadas pelo governo anterior. Segundo ela, a crise sanitária encontrou a população em uma situação extremamente vulnerável, com alta taxa de desemprego, desmonte de políticas públicas, intensos cortes de investimentos em saúde e educação e de pesquisas.

“O processo de isolamento (social) com massiva propaganda de armas foi uma “licença para matar”, sem nenhum espaço para a implementação, nos últimos anos, de projetos inovadores, de convivência escolar e que levem em conta o conflito, a empatia, os afetos”, comentou.

Plano de ação

Para enfrentamento do problema, a especialista defendeu a realização de uma pesquisa nacional sobre violência nas escolas, formação dos(as) professores(as) para que entendam e saibam agir na realidade que estão vivendo e a elaboração de planos de ação nas escolas a partir de escuta dos(as) alunos(as) e dos(as) professores (as).

“Nós temos que começar a ser mais participativos. Escutar mais as crianças, os adolescentes e os jovens, porque eles têm o que dizer, assim como os professores têm muita coisa para dizer. A gente tem que contar com todos os atores da escola para eles dizerem o que nesta escola é principal e o que deve ser feito. E isso deve ser acompanhado e avaliado”, afirmou.

>> Leia também: Nova cartilha do MEC orienta comunidade sobre prevenção de ataques nas escolas

Seminário

Promovido pelo MEC entre os dias 30 e 31 de maio, o seminário reuniu especialistas do Brasil e do exterior para analisar fenômenos causadores da violência no ambiente escolar e debater estratégias de segurança nas escolas. 

A iniciativa faz parte das ações desenvolvidas pelo Grupo de Trabalho Interministerial (GTI), instituído pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por meio do Decreto nº 11.469/2023, como estratégia de prevenção e enfrentamento à violência nas escolas. 

Toda a programação com as exposições dos convidados está disponível no canal do MEC no YouTube e na página do 1º Seminário Internacional sobre Segurança e Proteção no Ambiente Escolar.

 

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