O primeiro dia do Congresso Estadual da APP terminou com uma mesa de debates sobre a Conjuntura Educacional. Com duras críticas ao governo, que insiste em atacar e precarizar cada vez mais a estrutura das escolas, as palestrantes Marta Vanelli, secretária-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e Walkíria Mazeto, secretária Educacional da APP-Sindicato, fizeram uma reflexão sobre o atual cenário das escolas brasileiras e paranaenses.
Em sua fala, a professora Marta resgatou uma das lutas mais exponenciais dos(as) educadores(as): a defesa de diretrizes e piso salarial únicos para professores(as) e funcionários(as). O tema, apesar de ainda suscitar polêmicas entre os(as) mais conservadores(as) é uma das bandeiras de luta da CNTE e da APP-Sindicato, que defendem que o trabalhador(a) deve ser reconhecido pela sua formação. “É a formação profissional que determina onde eu me enquadro no plano de cargos e salários. Por isso nós lutamos por formação específica para funcionários de escola. Aqui no Paraná, vocês estão um passo à frente e serão o segundo Estado a implementar o curso superior para funcionários”, comemora a secretária ao mencionar a iniciativa da APP-Sindicato em conjunto com UFPR, IFPR, UTFPR, Secretaria de Estado de Educação e UEL para a abertura do curso superior de formação para agentes educacionais
A valorização profissional está diretamente relacionada à qualidade do ensino nas escolas públicas. A dirigente nacional ressaltou que o país passa por um momento de valorização da educação, em âmbito nacional, mas ao mesmo tempo essa injeção de investimentos demanda um novo olhar sobre a educação pública. “O Brasil tem e está cumprindo a meta de dobrar os investimentos da educação. E onde há dinheiro, há interesses, isso atrai as empresas. É o que acontece em Goiás, São Paulo e no Paraná, muito claramente”, explica ao defender a ideia de que tentativas de desmonte como privatização da gestão da educação estão diretamente ligados aos interesses exclusivos do capital. “Os governos neoliberais querem se desresponsabilizar da educação pública e, ao mesmo tempo, lucrar. A única forma de combate, ao nosso ver, é a organização e união da classe trabalhadora”, reforça.
A secretária educacional, Walkíria Mazeto, contextualizou a situação da escola no Paraná. Ela citou concurso público, porte, carreira e outros pontos importantes da luta dos(as) educadores(as) do Estado. Além disso, Walkíria apontou os ataques que a escola tem sofrido, como o fechamento de turmas. Ela destacou a forma como o governo vê uma “reorganização” estrutural e como isso vai contra o Plano Estadual de Educação. “Parece que a ideia é essa: eu aposto na escola excludente, aposto que o aluno que entrou vai sair antes do fim do ano, mas não vou buscar aqueles que estão fora”, disse.
A educadora citou a Operação Quadro Negro, que investiga o desvio de mais de 20 milhões de reais de obras de escolas públicas pelo Estado. “Enquanto a gente, que trabalha em escola superlotada e ouve o argumento de “otimização de recursos” na educação, está sofrendo com a realidade no dia a dia, vemos empreiteiras que receberam dinheiro como se a escola estivesse pronta, mas não tem um tijolo no lugar. É um absurdo. A estrutura das escolas estão na meta 7 do Plano Estadual de Educação, mas precisa de um enfrentamento nosso para ser efetivada”, explicou.
Walkíria explica que a escola é o espaço de luta da categoria. “Não é atoa que este Congresso traz como tema a escola como o nosso território de luta e resistência. Afinal, é no chão da escola que eu tenho que fazer a luta diária. A escola tem sim que ser esse espaço, não só na rua. A escola é nosso local de trabalho e é lá que, cotidianamente, temos que mostrar nossa força”, defendeu.