Entrevista da APP-Sindicato com Ana Carolina Dartora APP-Sindicato

Entrevista da APP-Sindicato com Ana Carolina Dartora

Conheça a historiadora, professora, vereadora de Curitiba e a sua defesa pela igualdade de gênero

Dia Internacional da Mulher e a APP-Sindicato conversa com Ana Carolina Dartora (Carol Dartora), a primeira vereadora negra eleita em Curitiba. De professora da rede pública paranaense a um cargo político, muitos são os ensinamentos e aprendizados durante a sua trajetória, que há tempos milita nos movimentos negro e feminista – como a Marcha Mundial das Mulheres. No rol das suas atuações também está a Secretaria da Mulher Trabalhadora e dos Direitos LGBT do Sindicato.

Mulher de coragem, garra, determinação, historiadora por formação e tem muito a nos dizer sobre o papel das mulheres e as diferentes barreiras impostas.

 

1)  APP-Sindicato: Muitas mulheres fizeram parte da história e deixaram um belo legado, mas, nem sempre são valorizadas e citadas. Quais os principais reflexos da evolução para a vida das mulheres?

Ana Carolina – Devido ao processo histórico de inferiorização e desvalorização, as mulheres estiveram confinadas dentro do lar por milênios, sendo encarregadas pelos trabalhos domésticos, funções de esposa e mãe – e abrir mão dessas funções era um tabu, outros fatores culturais e morais impediam que elas abrissem mão do serviço doméstico para trabalhar fora de casa. Tivemos grandes e significativas mudanças como o direito à educação, direito ao voto e inserção no mercado de trabalho, mas, a luta por garantia de direitos perdura até hoje!

 

2)  APP-Sindicato: O medo priva e cala, sendo assim, como tratar da violência contra a mulher e mostrar a importância das denúncias, por exemplo?

Ana Carolina – No momento da denúncia a mulher muitas vezes é desacreditada, e isso gera o medo. O Brasil possui delegacias especializadas no atendimento à mulher, mas, apesar disso, a reprodução de comportamentos machistas afasta as vítimas, que muitas vezes são expostas a insinuações sobre sua vestimenta e comportamento moral. É preciso fortalecer cada vez mais os canais de denúncias e promover formação aos trabalhadores da segurança pública para que ao promover os atendimentos não reproduzam comportamentos machistas e sexistas, proporcionando maior segurança às vítimas,bem como incentivar as denúncias para que os casos não fiquem impunes. Expor o fato de que a violência contra a mulher não pode ser naturalizada.

 

3)  APP-Sindicato: Tempos difíceis desde o início da pandemia, muitas pessoas atingidas, mas, sabemos que para as mulheres foi uma tarefa redobrada. Qual a sua percepção?

Ana Carolina – A Sempreviva Organização Feminista (SOF) organizou um relatório sobre a vida das mulheres na pandemia, que mostra que 50% das mulheres passaram a cuidar de alguém na pandemia. Assim, a pandemia explicitou a “crise do cuidado”, esse trabalho não remunerado que recai sobre as mulheres, fora todos os outros números alarmantes. Sabíamos que as mulheres seriam as mais atingidas com a pandemia, e os números mostraram isso – 41% das mulheres que se mantém em trabalhando formal alegam que passaram a trabalhar mais, mulheres negras são a maior parte das desempregadas e em trabalho informal, assim como também são a maior parte das que dizem terem tido comprometimento da renda familiar na pandemia. O mundo precisa se refazer após pandemia com políticas de igualdade para as mulheres urgentemente!

4)  APP-Sindicato: Quais serão as suas principais defesas como vereadora de Curitiba.Já pode nos adiantar algum projeto?

Ana Carolina – A nossa urgência como mulheres, negras e trabalhadoras é uma urgência de vida, portanto, sem dúvida aí estão minhas prioridades. Meu primeiro projeto protocolado foi de cotas nos serviços públicos municipais para negros(as) e indígenas, e caminhamos para o próximo projeto que trata de renda mínima especialmente para mulheres pobres do município.

 

5)  APP-Sindicato: Deixe uma mensagem de encorajamento para todas as mulheres, para a educação pública e suas educadoras.

 Ana Carolina – Deixo um trecho dos direitos das mulheres:

‘‘… Direito à vida, direito à liberdade e à segurança pessoal, direito à igualdade e a estar livre de todas as formas de discriminação, direito à liberdade de pensamento, direito à informação e à educação, direito à privacidade, direito à saúde e à proteção desta, direito a construir relacionamento conjugal e a planejar a sua família, direito a decidir ter ou não ter filhos e quando tê-los, direito aos benefícios do progresso científico, direito à liberdade de reunião e participação política e direito a não ser submetida a torturas e maltrato…’’

Resistimos para viver, marchamos para transformar.

6)  APP-Sindicato: Quem é Carol Dartora no dia a dia?

Ana Carolina – Uma mulher negra muito feliz por ter descoberto a beleza de ser quem sou!

 

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