Nos últimos dias, alguns blogs e jornais regionais noticiaram a prisão de um educador paranaense, em São Paulo, por suposto tráfico internacional de armas. O funcionário de escola Roberson Francisco de Oliveira, de acordo com estas notícias, foi preso no último dia 23. O motivo seria o contrabando de lunetas para armas de fogo. De acordo com as notas, copiadas indiscriminadamente por certos veículos, o educador seria um ‘agitador’ e um ‘ativista’ da APP-Sindicato.
Além disso, os textos, desonestamente, insinuam uma ligação entre o suposto delito cometido por Roberson e a atuação da entidade (e da categoria) na resistência à violência sofrida pelos educadores no dia 29 de abril. Na data, ocorreu o Massacre do Centro Cívico, quando a Tropa de Choque da Polícia Militar, a mando do governo do Estado, atacou e feriu centenas de trabalhadores. Sobre este tema a entidade esclarece:
– Até o momento, a APP-Sindicato não foi informada ou questionada sobre qualquer relação entre a entidade e o funcionário de escola Roberson Francisco de Oliveira.
– O funcionário de escola Roberson Francisco de Oliveira foi sindicalizado, a APP, durante um período de três meses (de agosto a outubro de 2014). Desde então, deixou de realizar a contribuição sindical a entidade.
– Roberson Francisco de Oliveira não é, e nunca foi, dirigente da APP-Sindicato; ele também não é representante de base e nunca compôs nenhum Comando de Greve da APP.
O raciocínio sofista, e patético, utilizado nos textos que ‘noticiam’ o caso, tentam conduzir os leitores desses espaços a conclusão de que com a prisão do educador, há um ‘fato’ que comprova que a APP – e a categoria que ela representa – teria planejado uma ação violenta contra a polícia no dia 29 de abril. A tal ligação seriam fotos e afirmações que Roberson fez, em sua página no Facebook, sobre a resistência dos educadores durante a greve. Uma argumentação tão bisonha quanto acreditar que o governador Beto Richa seria pedófilo por ter um assessor que foi preso, e está sendo investigado pela polícia, por suposto envolvimento com pedofilia.
Aos ‘jornalistas’ que noticiaram de forma tão irresponsável este fato, fazendo estas insinuações maldosas e, de tão absurdas, patéticas, a entidade informa que buscará a Justiça para a devida retratação. Além disso, a APP lamenta que certos ‘comunicadores’, no afã de criminalizar e difamar uma atuação legítima – e, que foi, inclusive, noticiada em todo o mundo –, sejam irresponsáveis no que diz respeito a alguns pressupostos básicos do jornalismo: como a objetividade e a imparcialidade. A sociedade espera, no mínimo, que um jornalista seja capaz de reportar os fatos como eles aconteceram, em vez de redigir uma obra ficcional.