A preparação para a etapa do 2° semestre da Escola de Formação da APP segue diariamente. A docente do Departamento de Educação e do PPEdu/UEL, Adriana Medeiros Farias, participou do caderno de debates da APP que será utilizado nos encontros. Confira um pouco mais sobre a abordagem da educadora sobre o seu tema “Empresariamento da Educação Pública” e como interfere na prática e “reflexão” do Parceiro da Escola, do governo Ratinho Jr.
>> Receba notícias da APP por whatsapp ou telegram <<
Para Adriana, este empresariamento da educação pública é um fenômeno estudado compreendendo a subsunção da educação ao capital, ou seja, é a forma pela qual a educação é submetida aos interesses econômicos do capital e às relações mercantis e de extração de mais lucro.
Para ela, é importante reforçar que as contrarreformas educacionais estão alinhadas a esses interesses e têm levado à descaracterização da função social da escola e, ao mesmo tempo, modificado o seu funcionamento e assemelhado ao de uma empresa. “Escolas e empresas têm finalidades díspares. As políticas educacionais que têm feito a escola funcionar como uma empresa são contributivas para o distanciamento da escola do cumprimento da sua função de acesso ao conhecimento científico crítico sob a perspectiva da formação humana”, pontua.
Privatização e terceirização
Adriana Farias detalha que, em decorrência desse empresariamento da educação pública, aprofundam-se os tipos e os modos de privatização, de terceirização, de compra e venda de produtos e serviços educacionais, com vistas à padronização da educação escolar e da reprodução do modelo empresarial em escala. Escala que só as redes públicas podem alcançar e, para tanto, a manutenção do poder público como principal cliente e o Estado como financiador.
APP pergunta: o que está em jogo?
“É a disputa pelos fundos públicos que está em jogo para os conglomerados educacionais, uma vez que os recursos públicos viabilizam os projetos, os programas e as ações empresariais, dentre eles, o Programa Parceiro da Escola – produzido pelas organizações sociais empresariais e introduzidos nos aparelhos do Estado com o apoio de seus prepostos empresariais que assumem a gestão gerencialista do Estado, nas Secretarias e Departamentos, nos Conselhos, nos Núcleos Regionais de Educação e mesmo nas escolas”, detalha a pesquisadora Adriana.
Parceiro da Escola pelos estudos de Adriana Farias:
- É um caso particular do processo de empresariamento da educação pública que ocorre no país e avança pelo mundo. O Programa é um dos tipos de privatização da educação que descaracteriza a escola em sua função pública, destruindo o acesso à educação como direito público subjetivo.
- Apresenta justificativa central para sua aprovação a separação da gestão administrativa da pedagógica, como meio para alcançar a qualidade da educação. Todavia, o que ocorre é o aniquilamento da educação como atividade fim, da gestão democrática como princípio da gestão escolar pública, prevista na Constituição e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
- Com o estabelecimento de metas a serem alcançadas pela empresa, segregará estudantes mais aptos para atender às exigências das notas das avaliações em larga escala. Com o fechamento do ensino noturno, fere o direito à educação de pessoas jovens, adultas e idosas. Com distintas formas contratuais, fragmenta a categoria dos trabalhadores e trabalhadoras da educação e precariza ainda mais as condições de trabalho.
- Como política governamental se junta às ações, programas e projetos ultraliberais e ultraconservadores do governo Ratinho Júnior, ao lado do NEM, da ampliação das escolas cívico-militares, da implementação do EAD para turmas de Educação de Jovens e Adultos, da descaracterização da Educação do Campo, da Educação Escola Indígena, enfim, coaduna com o projeto estratégico de submissão da escola pública aos interesses mercantis empresariais que têm se utilizado dos seus braços sociais, fundações, institutos e organizações sociais para disseminar uma concepção e uma forma de educação empresarial, gerencialista e meritocrática que secundariza o acesso ao conhecimento científico e à formação crítica.
Adriana soma-se à defesa da APP-Sindicato no que tange às formas diversas de lutas contra o empresariamento da educação pública; uma tarefa fundamental das classes trabalhadoras, em especial de todas as pessoas que trabalham na educação, em todos os níveis e modalidades.
“O Programa Parceiro da Escola é mais um tijolo que pavimenta a longa estrada do projeto de dominação da burguesia empresarial de vários setores do estado do Paraná. Não temos outra alternativa, trata-se da defesa intransigente e contundente da educação pública, laica, gratuita e de qualidade”, salienta a docente.
Ficou interessado(a) em saber mais sobre este tema que enfatiza o Empresariamento da Educação Pública? Leia o conteúdo do caderno de debates.
Inscrições até 16 de novembro
O curso é gratuito e não há um limite pré-estabelecido de vagas para a formação dos grupos de estudos locais, que poderão ser organizados por município, bairro ou escola. Os núcleos sindicais ficam também responsáveis pela organização da atividade, conforme suas possibilidades e condições.
A orientação é fazer inscrição pelo sistema Minha Sindicalização, no site da APP, e entrar em contato com o núcleo sindical mais próximo para acompanhar o cronograma das atividades ofertadas do grupo de estudo.
>> Confira os materiais já preparados pela APP: Não Venda A Minha Escola <<
:: Leia também:
>> Escola de Formação: “Privatizar a gestão da escola melhora a aprendizagem dos alunos?”
>> Escola de Formação da APP está com inscrições abertas até o dia 16 de novembro