Em reunião na Seed, educadores(as) denunciam o drama do fechamento de turmas

Em reunião na Seed, educadores(as) denunciam o drama do fechamento de turmas


Foto: Acervo APP-Sindicato

Os relatos emocionados de vários(as) educadores(as) que participaram, hoje (30), de uma reunião com a superintendente de Educação Fabiana Campos, na Secretaria de Estado da Educação (Seed), em Curitiba, expôs claramente à Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) o que vem ocorrendo nas escolas estaduais por conta da ‘otimização’ promovida pelo governo Beto Richa. O atual presidente da Comissão, o deputado Hussein Bakri, atendendo ao requerimento encaminhado pelo deputado estadual Professor Lemos, também da Comissão, acompanhou o debate. Quem esteve no local viu, em primeira mão, como estão sendo afetadas as escolas.

“A presença dos deputados da Comissão de Educação nesta reunião com a Seed, para tratar deste tema, foi uma reivindicação da nossa categoria apresentada durante a audiência pública realizada no último dia 14 e que debateu a alteração da lei das eleições de direções nas escolas estaduais”, explicou a secretária Educacional da APP-Sindicato, professora Walkíria Olegário Mazeto. A entidade, através dos seus Núcleos Sindicais, levou para a reunião cerca de 60 educadores(as) de várias regiões do Estado, além de vereadores, prefeitos e representantes das comunidades que se organizaram para lutar contra o que está ocorrendo.

“As pessoas falaram das várias realidades vividas. Tivemos, aqui, relatos de junção de turmas, de fechamento de Ceebjas, a relocação de escolas que estão em prédios locados, ou cedidos, ou em prédios próprios, que a Secretaria está juntando, com outra escola, em um prédio só; o caso de fechamento de turnos de EJAs ou a transferência de estudantes para escolas regulares. Também ouvimos sobre o fechamento de turmas e de escolas do campo. Enfim, vários casos em que a relação entre escolas e comunidades, em que a especificidade dos públicos atendidos, é completamente ignorada”, descreveu Walkíria.

Na reunião, também foram expostas as situações de duas escolas em Ponta Grossa que têm demanda suficiente e não têm prédios para funcionar. “Uma delas funciona em salas provisórias há quatro anos e, há mais de dez anos, espera a construção da escola. Outra existe no papel, mas não existe fisicamente. Os alunos estão distribuídos em três outras escolas”, descreveu Walkíria. Educadores(as) de Foz do Iguaçu também relataram o que vive, hoje, dificuldades por conta do vendaval que atingiu a região. “Foram liberados recursos para que reparos nos prédios das escolas, mas elas enfrentam outras dificuldades, a exemplo da organização do calendário, a falta de dinheiro para adquirir os materiais e equipamentos que foram danificados, enfim, vários problemas”.

Escolas devem montar dossiês – Muitas pessoas que falaram sobre suas escolas chegaram a chorar. Elas demonstraram, durante a reunião, que os números frios nas planilhas da Seed não representam nem de longe a realidade, as histórias das comunidades escolares, construídas durante anos. Para a secretária da APP, os casos descritos foram impactantes e deram uma mostra da ameaça que tem tomado a rede. “Mostramos que a identidade da comunidade começa a desaparecer. E quando a escola desaparece, os pais se mudam e a comunidade acaba”, lamenta Walkíria.

As falas também sensibilizaram os representantes da Comissão de Educação. “Eles farão uma reunião exclusiva sobre isto na próxima segunda. Até lá, pretendem fazer um levantamento da situação nas regiões. O Hussein Bakri também se comprometeu em visitar escolas nas regiões que apresentarem mais problemas desta natureza. Ele afirmou que com as informações, a Comissão deve tentar dialogar com a Seed sobre o que está ocorrendo”, informou a secretária Educacional. E para fazer frente a este ataque, foram definidos os seguintes encaminhamentos:

– As escolas não devem aceitar nenhuma orientação de ‘otimização’ por telefone. Devem exigir que qualquer medida, neste sentido, seja encaminhada à unidade por escrito.

– As unidades que passam por qualquer caso de fechamento de turma, de turno, de escola, enfim, situações desta natureza, devem montar um dossiê e enviar este material para a APP-Sindicato ([email protected]) até a sexta-feira, dia 2 de outubro.

– Todo o andamento das reuniões de trabalho será publicado no site da APP-Sindicato.

Está agendada para a próxima semana uma nova reunião entre a Comissão de Educação da ALEP, a APP-Sindicato e Seed para debater o tema. Até lá, a Secretaria deve suspender toda ação de fechamento, junção ou mudança de escola.

Pela direção estadual da APP, estiveram presentes na reunião: Hermes Silva Leão, Walkíria Mazeto, Elizamara Goulart, Marlei Fernandes de Carvalho e Tereza Lemos. O deputado estadual e ex-presidente da APP, deputado Professor Lemos, também acompanhou a reunião.

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