Desde o dia 13 de maio, educadores(as) da rede pública de ensino do Rio Grande do Sul estão em greve por tempo indeterminado. O motivo, o velho “e ruim” descaso do governo com a educação. Mas além dos professores(as) e funcionários(as), dessa vez os(as) estudantes também cansaram de ver suas escolas caindo aos pedaços e se organizaram para denunciar o caos na educação pública.
Até o momento mais de 60% dos(as) educadores(as) aderiram a greve e, segundo a presidente do CPERS-Sindicato, professora Helenir Aguiar Schürer, o movimento aumenta cada dia mais. “Na segunda nós tivemos uma audiência com o governo, que novamente foi só blá blá blá. O governo está irredutível, hoje nós recebemos 30,46% do nosso piso, o governo mandou a Lei de Diretrizes Orçamentárias para o ano que vem prevendo zero reajuste, assim vamos entrar 2017, ganhando menos de 20% do piso”, explica.
Está na pauta da greve também a retirada do PL 44, que dispõe sobre a qualificação de entidades como Organizações Sociais (OS) com a meta clara de reduzir o Estado como executor do serviço, ou seja, a entrega das escolas públicas para as organizações sociais. “Nós queremos que retirem o projeto da Assembleia, assim como o PL da Escola Sem Partido, porque sabemos que isso não custa dinheiro, é só vontade política”.
Além disso, os(as) educadores(as) aprovaram como pauta o repasse das verbas públicas para a manutenção das escolas e da merenda escolar, a manutenção dos Planos de Carreira, do Previdência e Saúde com regime de solidariedade, sem novas contribuições ou quaisquer taxas, como também o cumprimento da Lei do Piso – garantia da hora-atividade e lutar contra o reenquadramento do Difícil Acesso, que assegura ao(à) educador(a) um valor que contribuiu para o trabalho em escolas de difícil acesso.
No próximo dia 30 haverá uma grande plenária em Porto Alegre com toda comunidade escolar e, em seguida, um debate sobre o PL 44 em uma Audiência Pública, para que no dia 31 ocorra uma nova rodada de negociação com o governo “Temos um governo que apresenta projeto de reajuste zero e que ao mesmo tempo apresenta formas de tirar mais dinheiro dos trabalhadores. Por isso não vamos recuar nessa pauta”, afirma a presidente.
Ocupações – As ocupações nas escolas feitas pelos(as) estudantes começaram praticamente junto com a greve dos(as) educadores(as). A professora Helenir fala com entusiasmo da movimentação e organização dos(as) estudantes. “As ocupações estão sendo fantásticas, o que escancarou ainda mais a péssima condição nas escolas, que nem nós do sindicato sabíamos. Além dos alunos os pais também tem contribuído com as ocupações. Logo que eles ocupam, fazem uma grande faxina na escola e se organizam. Tem a equipe da segurança, para que ninguém estranho entre na escola, tem a equipe da limpeza, equipe da alimentação, equipe do RH que pensa a distribuição de tarefas. A universidade está oferecendo professores que estão indo nas escolas para conversar dos mais diversos temas com os alunos, nós temos os artistas que estudaram nas escolas e estão indo lá também, para dar oficinas. Tem muita coisa bonita acontecendo por aqui e a população em peso, apoiando, levando alimento para as crianças, está muito legal e estamos todos juntos nessa luta”, conta.