É muito comum a confusão que se faz, não raro deliberadamente, da reação do oprimido com a violência do opressor. Esse é o caso do movimento que ocorre agora em Curitiba que, mobilizados em torno dos/as professores/as e dos/as funcionários/as da educação do Estado, se viram compelidos, como último recurso, a ocupar a Assembleia Legislativa do Estado (ALEP) e instalar uma greve de fome na porta do Palácio Iguaçu.
Bertold Brecht já nos alertava que “do rio que tudo arrasta se diz que é violento. Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem”. A sequencia dos fatos despóticos, levados a cabo pelo Governador Ratinho Júnior e seu Secretário de Educação Renato Feder, transformou o Estado do Paraná em uma verdadeira tirania. O sorrateiro processo de militarização das escolas no Estado, anunciado de supetão pelo Governo, que terminou por culminar no fechamento do turno da noite de várias escolas, junto com o recente anúncio de uma prova de concurso para professores temporários, no meio da pandemia, que reunirá no certame cerca de 90 mil candidatos, foi o estopim para os/as trabalhadores/as em educação do Estado.
Já era de conhecimento público a aversão do atual governo estadual pelas boas práticas de diálogo social. Nada do que ocorreu foi feito se ouvindo os/as professores/as e funcionários/as de escola. A tirania é a marca de um governo que a história varrerá para a lata de lixo!
Chega-se agora ao limite! Depois de ocupar a ALEP, o movimento decidiu por iniciar uma greve de fome contra a opressão e pela vida! O movimento educacional brasileiro exige o afastamento imediato desse secretário de educação que não honra o cargo que ocupa; exigimos também a revogação do absurdo edital 47 que, em plena pandemia, e jogando os cidadãos paranaenses ao calabouço da morte, pretende fazer um certame público que colocará 90 mil candidatos sob o iminente risco de contaminação; exigimos a imediata abertura de um diálogo concreto com a categoria que, por meio da APP-Sindicato, sempre se colocou disponível ao diálogo!
É evidente que na situação sanitária em que se encontra o Estado e o país, a prorrogação dos contratos atuais dos/as professores/as e funcionários/as seria a medida mais cautelosa. E é essa a proposta do conjunto dos/as trabalhadores/as em educação do Estado que, se ouvidos, teriam sua contribuição ao processo do qual são protagonistas, mas que, infelizmente e deliberadamente, são esquecidos pela atual gestão.
Todo apoio aos/às trabalhadores/as em educação do Estado do Paraná e a sua combativa APP-Sindicato! A certeza de travar o melhor dos combates nos faz ter clareza de que estamos no lado certo da História. A tirania e o despotismo do atual governo do Estado do Paraná não prosperarão!
Brasília, 19 de novembro de 2020
Direção Executiva da CNTE
Fonte: CNTE