Educação a Distância na EJA ameaça inclusão de estudantes e carga horária dos(as) educadores(as) APP-Sindicato

Educação a Distância na EJA ameaça inclusão de estudantes e carga horária dos(as) educadores(as)

Sem o acolhimento do ambiente escolar, as consequências são evidentes: perda de vínculos, redução da qualidade do ensino e aumento da evasão

No dia 14 de junho, a Secretaria da Educação (Seed) anunciou a abertura de matrículas para o segundo semestre da Educação de Jovens e Adultos (EJA) com a opção da modalidade a distância, a ser executada pela iniciativa privada junto à rede estadual. A APP e o Fórum Paranaense de EJA alertam: trata-se de mais um desserviço à escola pública, que ampliará a exclusão e coloca em risco postos de trabalho da categoria.

Para além das dificuldades de aprendizado no modelo remoto, constatadas por todos(as) – educadores(as) e estudantes – durante a pandemia, as particularidades dos(as) alunos(as) da EJA agravam as fragilidades impostas pela distância. A educação ofertada a este público não pode abdicar da aprendizagem concreta, mediada pela relação presencial entre professor(a) e estudante e não por plataformas tecnológicas que relegam o(a) educador(a) ao distante papel de tutor(a). 

>> Leia o manifesto do Fórum Paranaense de EJA

Muitos(as), por exemplo, não têm acesso aos equipamentos tecnológicos necessários para o acesso e desenvolvimento do ensino-aprendizagem. Sem o acolhimento do ambiente escolar, as consequências são evidentes: perda de vínculos, redução da qualidade do ensino e aumento da evasão. Uma política equivocada que tende a agravar os já elevados índices de analfabetismo do Paraná, que hoje ocupa a pior posição entre os estados do sul.

“São homens e mulheres, trabalhadores(as) empregados(as) e desempregados(as) ou em busca do primeiro emprego; filhos(as), pais e mães; moradores de periferias urbanas, favelas e vilas, campesinos(as), povos originários, dentre outros, que necessitam de atendimento escolar especializado, permanente e que respeite suas especificidades”, afirma o Fórum Paranaense de EJA em manifesto contra a Educação a Distância.

Com as mudanças implementadas nos últimos anos, o governo tenta impor uma retomada do método supletivo, sistema criado na Ditadura Militar para fornecer diplomas sem preocupação real com o aprendizado. O objetivo é “formar” trabalhadores(as) com conhecimento mínimo, para serem inseridos rapidamente no mercado nas ocupações com pior remuneração. A educação a distância é mais um passo neste descaminho.

Por fim, além da precarização do ensino e das formas de interação na aprendizagem, haverá uma drástica redução no número de professores(as) PSS e de aulas extraordinárias para QPM, tendo em vista a menor quantidade de aulas preparadas e ministradas.

A educação ofertada ao público de jovens e adultos, por suas especificidades, deve ser uma preocupação do Estado, considerando a realidade daqueles e daquelas que, por diversas razões, não tiveram acesso aos meios para o estudo em idade adequada. Não podemos abrir mão deste princípio, portanto a APP-Sindicato orienta pela manutenção da oferta presencial da EJA, sempre em defesa da educação pública e de qualidade.

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