EaD exclui 60% dos(as) estudantes: Feder e Ratinho comemoram

EaD exclui 60% dos(as) estudantes: Feder e Ratinho comemoram

Apesar do fracasso revelado pelos números, governo considera que “medida é eficiente”

Governador Ratinho Junior e o secretário da Educação, Renato Feder - Fotos: AEN

Dos(as) cerca de 1 milhão de estudantes da rede pública de ensino estadual do Paraná, apenas 402 mil se cadastraram e acessaram o Google Classroom. O serviço é a principal ferramenta utilizada pelo governo Ratinho Junior no sistema de ensino a distância (EaD) implantado em razão da suspensão das aulas presenciais, desde o dia 20 de março.

Apesar dos números revelarem que 6 em cada 10 estudantes não estão acompanhando o modelo de ensino imposto pelo governo, sem diálogo com a comunidade escolar, o governador Ratinho Junior e o empresário Renato Feder, secretário da Educação, comemoraram.

De acordo com os dados, divulgados pelo próprio governo, 60% dos(as) estudantes do estado estão excluídos do acesso à educação. Mas, em declaração para a Agência Estadual de Notícias, Ratinho celebrou os resultados dizendo que, na avaliação dele, “os números comprovam que a medida é eficiente”.

Os números também apontam para dificuldades enfrentadas pelos(as) professores(as). Do total de mais de 63 mil profissionais, apenas 41 mil se cadastraram e acessaram o Google Classroom.

Para a secretária Educacional da APP-Sindicato, professora Taís Mendes, “esse modelo de ensino foi uma escolha política do governo, que não considera o fato de que nem todos os estudantes têm acesso, que a maioria dos professores não têm formação para ministrar ensino a distância e que as escolas e as famílias não estão preparadas”.

Segundo a dirigente, as consequências serão evasão escolar (quando o(a) estudante desiste da escola), baixa qualidade na formação, reprovação e aumento das desigualdades sociais. “Esta forma de ensino a distância também não garante qualidade. Quem tem acesso, não tem acompanhamento pedagógico adequado e não existe interação entre os estudantes”, acrescenta.

Segundo a professora, ao invés de “gastar milhões para impor esse EaD que não funciona”, o governo deveria manter o vínculo dos(as) estudantes e das famílias com as escolas por meio de atividades complementares e utilizar os recursos públicos para o resgate pedagógico que será necessário no retorno das aulas presenciais.

Ela explica que, na volta das aulas presenciais, a reposição até poderia ser realizada com uso de ensino a distância e destaca que, neste caso, não haveria a exclusão que está sendo registrada agora, “pois teríamos o acompanhamento dos professores, de toda a equipe pedagógica, além da interação do estudante com seus colegas de turma”.

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