Na semana em que o Brasil alcançou a marca de 100 mil vidas perdidas para a Covid-19, os sindicatos e movimentos populares promoveram grandes manifestações para denunciar a irresponsabilidade do presidente Jair Bolsonaro na condução das políticas públicas de saúde, assistência social, emprego e renda durante a pandemia. Na sexta-feira (7), a CUT, demais centrais sindicais e movimentos sociais, organizaram o Dia de Luta em Defesa do Emprego e da Vida, com protestos em todo país. Sérgio Nobre, presidente da CUT, afirmou que a mobilização é um dia de reflexão: “Esta data mostra para a população brasileira que a marca de cem mil vidas perdidas não pode ser naturalizada. Não é natural. É o resultado do descaso de Bolsonaro com o povo brasileiro, por não ter tomado as medidas que anunciamos que o governo deveria tomar”, disse, lembrando que nem um ministro da Saúde o Brasil tem.
100 mil mortes
No dia 8 de agosto de 2020, o Brasil chegou aos seguintes números de uma enorme tragédia humanitária:
– 100 mil brasileiros mortos;
– Entre as pessoas que perderam a vida, cerca de 200 são mulheres grávidas e puérperas, constituindo um recorde mundial de mortes nessa faixa da população;
– Cerca de 3 milhões de infectados pelo novo coronavírus registrados;
– Um número muito grande de pessoas com sequelas diversas decorrentes da covid-19;
– Dois meses sem responsável titular nomeado no Ministério da Saúde;
– Cinco meses sem um Plano de Emergência Nacional para o enfrentamento da pandemia.
Esses dados foram amplamente divulgados pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS), que publicou uma nota de pesar e de indignação pelos 100 mil brasileiros mortos por Covid-19, com assinatura da Frente Pela Vida, reforçando que muitas dessas mortes foram evitáveis e são frutos das escolhas insensíveis e das decisões negligentes dos governantes. O Conselho avalia que estamos vivendo um contexto de calamidade pública negligenciado pelo governo federal e que até o momento, apenas 47,8% do orçamento para enfrentamento à pandemia foram utilizados.
Além disso, o CNS alerta que o SUS perderá R$ 35 bilhões em comparação aos recursos do Ministério da Saúde em 2020. Para impedir esse retrocesso, lançou um abaixo-assinado pedindo que a PLDO 2021 contemple para o Ministério da Saúde um piso emergencial enquanto um orçamento mínimo no valor de R$ 168,7 bilhõe e a revogação da EC 95/2016 (teto de gastos). Para o Conselho, também é fundamental que a sociedade brasileira se una em defesa da vida, recusando-se a normalizar um flagelo que é evitável, buscando exercitar a solidariedade, sendo esta um dos pilares da construção de uma nação.
Solidariedade
Os movimentos populares seguem promovendo ações de solidariedade, defendendo a vida e lutando pelo fim do governo genocida. As famílias em situação de vulnerabilidade continuam sem apoio por parte do Estado, muitas contando apenas com a solidariedade dos movimentos populares. Ao mesmo tempo em que arrecadam e distribuem cestas básicas, kits de higiene e limpeza, marmitex, máscaras e outros itens, o movimentos populares organizam protestos contra o governo Bolsonaro em favelas, ocupações, cortiços e na periferia, em defesa da vida, dos direitos, como aconteceu nesta sexta-feira (7), com mais de 60 protestos em 19 estados, simultaneamente.
Em quase cinco meses da campanha “Movimentos Contra a Covid-19”, integrada pela Central de Movimentos Populares (CMP) e outras entidades, foram distribuídas mais de 200 mil cestas básicas, 90 mil marmitex e 50 mil máscaras de proteção confeccionadas artesanalmente. O balanço é positivo também quanto às manifestações de protestos que vêm ocorrendo em todo país. Nesta sexta-feira (7), a periferia mostrou que está na luta em defesa da vida, do emprego, dos direitos e pelo Fora Bolsonaro.
Para Raimundo Bonfim, coordenador nacional da CMP, “não é natural as mortes de 100 mil pessoas em cinco meses. Bolsonaro é responsável por este genocídio, pelo desemprego e pelo sofrimento do povo. Ele está cometendo um crime e, por isso, precisa ser derrubado da Presidência. Impeachment já”.