Nos últimos dias 27 e 28 de março a CUT Nacional promoveu o 8º Encontro Nacional de Mulheres da Central Única dos Trabalhadores, em Brasília. O evento recebeu mais de 600 mulheres sindicalistas para debater a democratização da mídia, a reforma política, paridade e outros temas que envolvem a luta feminista.
As secretárias da APP-Sindicato, Janeslei Alburquerque e Elizamara Goulart, participaram do encontro. Janeslei, que é secretária de Formação Política Sindical, destaca que o encontro levantou excelentes debates sobre a participação das mulheres em espaços de gestão e lideranças. “Voltei feliz com a qualidade do encontro, desde a mesa de debate até a participação das mulheres inscritas para contribuírem com seus depoimentos. Eram mulheres de todo o Brasil que tinham uma consciência muito grande da negação dos direitos da igualdade e do respeito da mulher em todos os lugares. Lugar de mulher é onde ela quer estar”
Janeslei destaca o importante passo na luta por igualdade que é a paridade nas direções das CUTs de todo o Brasil a partir desta gestão. “Metade da direção deverá ser, obrigatoriamente, de mulheres. Houve um debate bastante sobre duro sobre o discurso que diz que não há mulheres com formação, qualificação e acúmulo político para ocupar a direção das CUTs. É esse que tem deixado as mulheres de fora por tanto tempo”, destaca ela.
Para a secretária de Gênero da APP-Sindicato, Elizamara Goulart, a paridade deve ser vista como um desafio, mas ao mesmo tempo é preciso compreender os obstáculos para fazer um amplo debate na sociedade e, principalmente, no interior de locais de trabalho. ”Nós vivemos numa sociedade capitalista, machista, patriarcal e muito desigual. Esse debate precisa evidenciar que existe uma desigualdade tamanha na sociedade. Além disso, a paridade recoloca o debate em outro patamar dentro da sociedade, que é o da igualdade. Para isso, o grande desafio é reunirmos todos, homens e mulheres, para que a partir desse novo paradigma, as mulheres possam ocupar cada vez mais espaços de decisão”, explica.
A secretária de Formação Política Sindical destacou o depoimento de diversas mulheres no evento, como o da ministra Eleonora Menicucci que foi torturada durante o período de ditadura militar no Brasil. “Ela disse que virou feminista na tortura. Ela foi presa com o marido e a filha de um ano e meio. Na tortura ela compreendeu o que era o feminismo, pois a ditadura fazia questão de torturar ela na frente do seu marido”, relembra Janeslei.
O debate também tratou sobre a democratização da mídia, visto pelo olhar da mulher trabalhadora. “O tema da democratização nos diz respeito também. Como a mídia nos retrata? Como ela nos reflete? Nunca nos tratam como seres humanos, mulheres plenas. Nos tratam como pessoas pela metade, que sempre precisam de um homem ao lado”, explica.