Dia de Luta contra a Reforma do Ensino Médio mobiliza educadores do Paraná APP-Sindicato

Dia de Luta contra a Reforma do Ensino Médio mobiliza educadores do Paraná

APP-Sindicato defende que seja suspensa a implementação das alterações, cujo debate tem sido prejudicado pela pandemia

A próxima quarta-feira (30) será um dia de luta contra as mudanças no Ensino Médio propostas pelo Governo Ratinho Jr. A APP-Sindicato defende que seja suspensa a implementação das alterações, que tem o seu necessário debate prejudicado pela pandemia. As propostas de Ratinho Jr para o Ensino Médio são  autoritárias e neoliberais, baseando-se num Referencial Curricular que empobrece os conteúdos educativos e foi elaborado sem a participação das comunidades escolares. A mobilização se concentra nas redes sociais, com a produção e a divulgação de conteúdos com a posição da APP-Sindicato sobre o tema. Às 17h haverá uma live nas redes sociais da APP, com a participação dos Coletivos PSS e Humanidades e do Departamento de Pedagogas(os).

Os argumentos da APP-Sindicato para suspender as mudanças foram apresentados na manhã desta terça-feira (29) na reunião do Comitê  de Implementação do Novo Ensino Médio, pela educadora Taís Mendes, secretária Educacional da APP e representante da entidade no Conselho Estadual de Educação.  “Estamos pedindo a suspensão da reforma, pois todos os elementos reforçam o risco que ela representa. Nós entendemos que precisamos, sim, ter uma nova proposta de Ensino Médio, mas ela tem que ser amplamente discutida, e nós não podemos  deixar de considerar a situação que estamos vivendo hoje, com a pandemia e as condições precárias que temos hoje nas escolas da rede pública estadual do Paraná”, afirmou.

A legislação federal determina que as mudanças no ensino médio ocorram a partir de 2022, mas isso foi decidido antes da pandemia de Covid. “Temos um cronograma muito apertado, inclusive do ponto de vista da discussão com a sociedade. No meio do caminho tivemos uma pandemia. Temos um cenário diferente, que não consideramos na implantação de mudanças tão desafiadoras como é a reforma do Ensino Médio”, argumenta Taís. Ela aponta que a reforma, como está sendo feita, viola a autonomia pedagógica das escolas na construção das matrizes curriculares e a própria condição do estudante na escolha de seu itinerário formativo.

A APP-Sindicato considera que a Educação pública deve ter um currículum voltado para a formação integral que promova a emancipação humana e a construção de uma sociedade justa e igualitária. As mudanças propostas são excludentes e não resolverão os problemas dessa etapa da Educação, podendo agravar alguns deles, estimulando a evasão escolar ao fechar turmas do ensino noturno, por exemplo. Estudo elaborado pelo Grupo Ensino Médio em Pesquisa, ligado à Universidade Estadual do Paraná (Unespar) aponta que a proposta do Governo Ratinho Jr internaliza na escola o projeto neoliberal, que levará o estudante a se tornar um “empreendedor de subsistência”.

As propostas do Governo Ratinho Jr apontam para uma educação incompleta, inconsistente e conformista. A intenção é moldar um jovem que participe do projeto de tornar-se um tipo “empresário de si mesmo”, sem qualquer tipo de questionamento. Isso é feito esvaziando os conteúdos de conhecimentos construídos histórica, social e culturalmente. O projeto é autoritário em sua concepção e construção, pois foi escrito sem a participação de professores e estudantes.

Se for bem sucedida, a implantação da proposta formaria um jovem conservador e conformado com uma sociedade caracterizada pelo desemprego estrutural, com aumento da informalidade e queda na renda do trabalho, utilizando de sua “criatividade” para garantir a subsistência imediata. A escola que essa proposta pretende criar naturaliza um contexto competitivo e individualizado, em detrimento da formação integral do sujeito, cuja base é o acesso ao conhecimento histórico e socialmente produzido.

O estudo feito pela Unespar aponta o risco de “desescolarização”, pois boa parte do Ensino Médio poderia ser feito fora da escola, em instituições privadas como as do sistema S (Senai, Sesi e Senac). Isso isentaria o Governo de investir nas escolas para oferecer melhores condições de ensino, limitando-se a formar mão de obra adaptada a um contexto de trabalho precário, sem direitos sociais e democráticos.

A APP-Sindicato defende um ensino médio que seja construído coletivamente, com respeito à realidade dos educandos e inclusão de temas que valorizem o conhecimento científico e os modos de vida desses jovens, promovendo uma visão crítica do mundo, do trabalho e da sociedade em que vivem.

A APP-Sindicato elaborou uma análise das propostas do Governo Ratinho Jr para o Ensino Médio. A íntegra pode ser acessada clicando em https://bit.ly/2SqRY8L

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