Esta quarta-feira, dia 15, vai ficar na memória e marcada pela bravura da classe trabalhadora brasileira cansada de ser prejudicada por decisões e imposições do governo Federal. Dia da Greve Geral, com milhares de participantes aderindo a reivindicação contra a Reforma da Previdência e Trabalhista; revogação da Lei da Reforma do Ensino Médio e do cumprimento da Lei do Piso Nacional Salarial Nacional. A pauta é extensa e a demanda recai negativamente nos trabalhadores e trabalhadoras que levam a vida com seriedade e dignidade.
No Paraná, mais de 100 mil participantes se manifestaram com orgulho e coragem hoje. Lutar e resistir por seus direitos, até, então, amparados pela legislação. É desumano retirar de uma hora para a outra o que é legal e dar lugar aos retrocessos “delirantes” do governo Michel Temer (PMDB) e da sua equipe administrativa, que, a qualquer custo, justificam as ações para “equilibrar” o orçamento público: custe e doa a quem quiser!
Entusiasmado, o presidente da APP-Sindicato, professor Hermes Silva Leão, reforçou a relevância do ato público iniciado na Praça Santos Andrade com destino ao Palácio Iguaçu, em Curitiba, em defesa da educação pública do Paraná. Junto com colegas de outras categorias que participaram do dia da greve nacional, Hermes disse que “a nossa greve da educação começa hoje e segue por tempo indeterminado. É importante a participação de professores e professoras, funcionários e funcionárias, diretores e diretoras, bem como a equipe pedagógica, para que possamos defender o nosso direito da aposentadoria”. Hermes Leão destacou que a partir de hoje é preciso ter um intenso debate com a comunidade. “A nossa escola está desmontada. O grau de frustração, revolta e indignação, diante da distribuição de aulas que veio penalizando o conjunto de professores e professoras, a ausência de funcionários nas escolas porque ocorreu uma demissão massiva de professores e funcionários. Por isso, queremos reverter este quadro com muito esforço”.
Em compensação, a familiar Curitiba cinzenta foi abrilhantada por um sol animador que iluminou a paralisação e caminhada pelas ruas da capital paranaense. Foram 40 mil pessoas cantando, reivindicando, se expondo e, por fim, clamando só pelo que é justo. A educação paranaense esteve hoje representada e envolvida profundamente nas pautas estadual e nacional. A retirada de direitos e punições aos(às) educadores(as) não pode continuar.
Para a secretária de Funcionários da APP, Nádia Brixner, é fundamental que cada um e cada uma cumpra, de fato, com essa tarefa tão importante de se inserir neste momento de luta pela aposentadoria, condição de emprego e, também, de todos os jovens que estão nas escolas e entrando no mercado de trabalho. “Temos uma pauta estadual muito importante, reivindicando uma mesa de negociação efetiva com o governo do Estado, para garantir condições de trabalho nas nossas escolas. O governo reafirma na mídia, e em todos os lugares, de que nós, trabalhadores da educação, apenas pensamos em melhores salários. E não é só isso que precisamos. Queremos condições de trabalho, termos professores e professoras suficientes em nossas escolas. Funcionários e funcionárias que possam dar conta de todo o serviço nas escolas. Queremos ter condições para que nossos estudantes possam aprender melhor. Não podemos admitir escolas com salas de aulas superlotadas. Que estudantes comam `lanches´, mas queremos merendas escolares com uma refeição de qualidade”, convocou Nádia.
O momento é para lutar, resistir e impedir que as maldades do governo do Paraná se somem às pautas federais. Por isso, o cenário dominado por arbitrariedades moveu a comunidade escolar. Hoje, foi a hora de gritar e pedir um basta contra as resoluções 113/2017 e 357/2017. A Resolução da Maldade não pode imperar durante o reinado Beto Richa (PSDB).
Segundo a secretária Educacional da APP, professora Walkiria Mazeto, essa pauta já está sendo discutida várias vezes na APP, mostrando os ataques sofridos. “Na nossa pauta estadual, que também é da greve, estamos pressionando a Secretaria do Estado para que revogue a Resolução 113 – Resolução da Maldade -, para que possamos pegar as nossas aulas extraordinárias e ter direito a adoecer e não ser punido como o Estado fez conosco este ano”.
Relembre os temas principais da pauta:
– Contra a Reforma da Previdência
– Contra a Reforma Trabalhista
– Revogação da Reforma do Ensino Médio
– Revogação da Resolução da Distribuição de Aulas
– Cumprimento da Lei da Data-Base
– Cumprimento da Lei do Piso
– Cumprimento da Lei Estadual da Hora-Atividade
– Fim dos calotes com a categoria
– Direito à Saúde
– Manutenção dos direitos conquistados da carreira
A pauta é nacional e a Greve Geral foi convocada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). A vice-presidenta da CNTE, e secretária de Finanças da APP, professora Marlei Fernandes, lembrou da importância de toda a educação do país, e demais trabalhadores, terem acolhido a proposta de luta. “Também é um dia nacional de luta da classe trabalhadora contra a PEC da Escravidão. É uma Reforma que vai impedir a aposentadoria de todos e todas. Também uma luta estadual pelos nossos direitos. O governador Beto Richa vem descumprindo a legislação. A Resolução da Maldade tirou a nossa hora-atividade e não paga data-base. A nossa greve é legítima e correta. E vamos sempre fazer a luta de cabeça erguida”, afirmou.
Sempre participativo e endossando as pautas da educação, o deputado estadual Professor Lemos esteve presente na manifestação e destacou o número de pessoas marchando em Curitiba e em outras cidades do Paraná, e do Brasil, contra a Reforma da Previdência, Trabalhista e a Lei do Ensino Médio. “Aqui, no Paraná, também somo contra os ataques do governo do Estado à educação. É um dia muito importante porque foi proposto pela educação, e outros trabalhadores vieram a se somar nesta data de luta contra a retirada de direitos da classe trabalhadora brasileira. A luta é de todos e as reformas não respeitam direitos nem de quem já está aposentado e nem da juventude ,porque ao retardar a aposentadoria dos adultos, os jovens também não terão empregos”.
No balanço final do dia, a secretária Geral da APP, professora Vanda Santana, disse que o movimento foi bonito e participativo. “Diversas categorias estão mobilizadas neste ato nacional contra a Reforma da Previdência. Nós, da educação pública, estamos mostrando a nossa força e resistência. Não vamos nos curvar diante de maldades de governo de plantão. O governo passa, mas, a nossa categoria e a educação pública ficam. A avaliação é de cerca de 90% das escolas aderindo à paralisação. Cada vez está chegando mais pessoas”, celebrou.
É vida real
“Sou professora há 22 anos e estamos lutando pela nossa aposentadoria. É um crime fazer uma professora trabalhar até os 65 anos de idade, enquanto os governantes, com seus 50 anos, já estão aposentados. Precisamos lutar por nossos direitos e por uma reforma decente” – Professora Luciana, do município de Piraquara, Região Metropolitana de Curitiba.