A Frente Brasil Popular (FBP) focará suas próximas ações no combate a proposta de reforma da Previdência proposta pelo governo de Michel Temer (PMDB). A articulação de organizações encampa nos próximos meses duas mobilizações contrárias a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 287 de 2016, que altera as regras da aposentadoria.
As entidades que participam da FBP devem se somar às manifestações de mulheres no 8 de Março e apoiar a greve de professores e professoras proposta pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CTNE).
A paralisação, por tempo indeterminado, inicia-se no dia 15 do mesmo mês. A decisão foi tomada em reunião com a presença de representantes de diversas organizações nesta segunda-feira (6).
Mulheres – As manifestações do 8 de Março terão como pauta a violência de gênero, o desrespeito ao seu direito de escolha sobre seus próprios corpos, e englobarão os impactos da reforma da Previdência sobre a vida das mulheres.
“Estamos em um momento – não só no Brasil, mas na América Latina e no mundo – de mobilização das mulheres. Vimos isso bastante na luta contra o golpe [de 2016]”, diz Analu Farias, da Marcha Mundial das Mulheres, organização que integra a FBP.
Farias afirma que as mulheres são especialmente prejudicadas pela alteração da Previdência: “Todas as políticas sociais têm enorme impacto sobre as mulheres. Nós temos salários mais baixos, responsabilizadas pelos cuidados dos filhos. No caso, a Previdência tem um papel fundamental de proteção”, diz. “O endurecimento das regras [de aposentadoria] atinge mais as mulheres: somos mais intermitentes no mercado de trabalho, o período de desemprego é maior, estamos mais nos setores informais. Não se pode tratar igualmente os desiguais: as mulheres não têm as mesmas condições que os homens, os rurais não enfrentam as mesma situações que os urbanos”.
Educação – Entre 8 e 15 de março, a FBP pretende realizar uma série de atividades preparatórias para a greve, como assembleias de trabalhadores em municípios e caravanas pelo país para debater com a população os efeitos da reforma da Previdência.
A ideia da CNTE, que também integra a Frente, é que a greve da categoria envolva toda a classe trabalhadora no país. “Nossa agenda para 2017 tem como primeira prioridade o combate à reforma da Previdência e contra o desmonte do Estado de Direito que o governo golpista vem fazendo. É importante lutar pelos direitos conquistados pela classe trabalhadora”, afirma Fátima da Silva, secretária-geral da CNTE. “Nós sabemos que a educação sozinha não vai barrar a reforma, vai ser o conjunto das ações da classe trabalhadora”.
“Nós temos uma possibilidade de luta muito concreta quando um ramo que está presente em todos os municípios, em todos os estados, se coloca à disposição do enfrentamento. Esta greve, portanto, não pode ser apenas uma mobilização dos professores”, complementa Beatriz Cerqueira, também integrante da diretoria da CNTE.
A Frente Brasil Popular é integrada por movimentos populares, entidades sindicais, organizações feministas e de juventude, além de partidos políticos.
Fonte: Frente Brasil Popular