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Os Dias Pedagógicos nas escolas estaduais foram marcados por velhas novas notícias. Entre elas, a consolidação de plataformas tecnológicas já utilizadas e a chegada de novos instrumentos de controle e pressão. O principal responde pelo nome de Desafio Paraná, que condiciona 30% da nota do trimestre à realização de tarefas online por parte dos(as) estudantes.
A plataforma relega os(as) professores(as) ao papel de meros repassadores(as) de tarefas, já que caberá a eles(as) atribuírem às turmas os exercícios elaborados pela Seed. Trata-se de mais um instrumento de padronização pedagógica que substitui a relação humana pela mediação tecnológica, distancia professores(as) e estudantes, desrespeita a autonomia do(a) profissional e ignora as particularidades de cada comunidade escolar.
Não é, no entanto, mais do mesmo. A plataforma representa um aprofundamento da ingerência da Seed, que avança sobre o processo de avaliação dos(as) estudantes, em franco contraste com a normatização do Conselho Estadual da Educação (Deliberação 07/99).
A norma prevê a elaboração dos critérios de avaliação em consonância com a organização curricular de cada estabelecimento de ensino, cabendo o acompanhamento dos resultados a órgão indicado pelo Regimento Escolar. A deliberação também prevê que “a individualidade do aluno e o seu domínio dos conteúdos necessários deverão ser assegurados nas decisões sobre o processo de avaliação”.
Coerção e exclusão
Outro agravante: a classificação das escolas no BI é impactada pelos índices de adesão à plataforma, acirrando o modelo de competição e coerção que tem marcado a educação paranaense desde o início do governo Ratinho Junior.
Não se trata aqui de negar a importância dos recursos tecnológicos como ferramentas de apoio pedagógico. Sua utilização deveria ser de livre escolha da escola e dos(as) professores(as), inserida no projeto Político-Pedagógico. Mas, no Paraná, tais plataformas – no mais das vezes importadas a preço de ouro de multinacionais – têm assumido a centralidade do processo de ensino-aprendizagem, engessando e sobrecarregando educadores(as) e estudantes.
Soma-se a isso a exposição pública das escolas que não atingem os resultados e a falta de estrutura na rede para cumprir as exigências do governo.
É, por fim, uma evidente fonte de exclusão e desigualdade. Muitas famílias não têm acesso a equipamentos e conexão adequados, fato evidenciado no período pandêmico. Este cenário criou as condições para uma profunda defasagem, que precisa com urgência de medidas pedagógicas para a sua superação.
Resistir é preciso
A APP defende o resgate da primazia da gestão democrática e da autonomia pedagógica para construir projetos que contemplem as reais necessidades da comunidade escolar, com foco nas relações humanas e na busca de incidir sobre as múltiplas realidades da rede estadual.
O Sindicato orienta que cada escola se reúna para fazer o debate coletivo do uso dessas plataformas, exercendo a autonomia do planejamento pedagógico e do trabalho docente e, em especial, do processo de avaliação, conforme normatização da Deliberação 07/99. Em seguida, com a aprovação do Conselho Escolar, encaminhem a deliberação ao Núcleo Regional de Educação.