Deputada Carol Dartora pede apoio da AGU para barrar privatização das escolas no Paraná

Deputada Carol Dartora pede apoio da AGU para barrar privatização das escolas no Paraná

Parlamentar realizou audiência com advogado-geral da União para reforçar a inconstitucionalidade do programa Parceiro da Escola

Deputada Carol Dartora (PT-PR) é recebida pelo advogado-geral da União, Jorge Messias - Foto: Foto: Ana Clara Lima / Comunicação Carol Dartora

A deputada federal Carol Dartora (PT-PR) publicou em uma rede social informações de uma audiência oficial que realizou nesta terça-feira (10) com o advogado-geral da União, Jorge Messias, para tratar da luta contra a venda das escolas no Paraná. A parlamentar agendou o encontro para apresentar argumentos sobre a inconstitucionalidade da Lei 22.006/2024, de autoria do governador Ratinho Jr. (PSD), que permite a privatização de 204 escolas públicas da rede estadual.

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A norma é alvo da Ação Direta de Inconstitucionalidade 7.684, ajuizada no Supremo Tribunal Federal (STF) pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Por solicitação do ministro Kassio Nunes Marques, relator do processo, a Advocacia-Geral da União foi acionada para se manifestar sobre o pedido que pode impedir a venda das escolas paranaenses.

“Essa lei foi aprovada sem diálogo com educadores, sem transparência, o que levou à greve de milhares de professoras e professores que protestaram em todo o estado. Essa lei fere a Constituição. Por isso, estamos em reunião com a AGU para reforçar a inconstitucionalidade desse projeto perverso e  todos os seus prejuízos à comunidade escolar. Seguimos lutando pela não venda das escolas do Paraná”, declarou a parlamentar.

Na publicação, a deputada também destaca que a ameaça de privatização das escolas coloca em risco o futuro de milhares de estudantes e o direito de acesso a uma educação pública, gratuita e de qualidade. 

“Não podemos permitir que o lucro esteja acima do aprendizado e do desenvolvimento das nossas crianças e jovens. Nossa luta é pela valorização das professoras e professores, pela igualdade de oportunidades e pela defesa de um sistema educacional que seja inclusivo e acessível a todos. A educação é um direito, não uma mercadoria!”, acrescentou.

Inconstitucional

Na ADI, protocolada no dia 11 de julho deste ano, o PT argumenta diversas irregularidades formais e administrativas que resultam na inconstitucionalidade da lei. O partido cita, por exemplo, a usurpação da competência privativa da União quanto às diretrizes e bases da educação nacional e para legislar sobre educação. 

Nunes Marques também intimou o governador Ratinho Jr. a dar explicações sobre a lei. “Tendo em vista a relevância e a repercussão social da matéria, cumpre providenciar a manifestação das autoridades envolvidas, com vistas ao julgamento definitivo”, declarou o magistrado.

Sem diálogo

O projeto que deu origem à lei questionada foi aprovado em regime de urgência no início de junho deste ano pela Assembleia Legislativa. Sem debate com as comunidades escolares e com os(as) trabalhadores(as) da educação sobre os impactos da medida, o governador Ratinho Jr. impôs mais uma vez sua agenda privatista.

Manifestação contra votação de projeto que permite a venda das escolas reuniu mais de 20 mil em Curitiba – Foto: APP-Sindicato

Com a ausência de diálogo sobre o projeto, o não pagamento da data-base e outras pautas, a categoria deflagrou uma greve que mobilizou mais de 20 mil professores(as) e funcionários(as) de escola em Curitiba e protestos em praticamente todas as escolas da rede estadual.

Os(as) educadores(as) se reuniram em frente ao prédio da Assembleia nos dias de votação do projeto. Mesmo com a grande manifestação, a base de apoio do governador ignorou os pedidos de diálogo e aprovou a matéria. O texto foi sancionado em seguida pelo chefe do Executivo. Veja abaixo como votou cada deputado.

Retrocesso

De acordo com o texto, o governo do estado poderá transferir para a iniciativa privada a gestão de mais de 200 escolas da rede estadual, após a realização de uma consulta à comunidade. A iniciativa tem como base um projeto piloto realizado em duas escolas da rede. 

Diferente das informações divulgadas pelo governo, os relatos de educadores(as) denunciam uma série de problemas gerados após a entrega para gestão privada, como falta de professores(as) e funcionários(as) de escola, estrutura precária, uniformes de péssima qualidade e aumento nos casos de violência dentro e fora da escola.

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Lucro para empresários

Outra questão apontada pela APP é sobre o repasse de recursos da educação pública para dar lucro a empresas privadas. A estimativa é de que as empresas que forem selecionadas devem receber quase R$ 2 bilhões por ano e ter um lucro estimado em R$ 240 milhões. O valor foi calculado com base nos editais e contratos do projeto piloto.

 

Segundo dados levantados, foi possível apurar que a gestão de Ratinho Jr. investe em torno de R$ 8 por estudante, mas para as empresas promete pagar uma quantia até 100 vezes maior, R$ 800 reais por estudante.

“Se o governo tem dinheiro para empresário ter lucro, porque não passa mais dinheiro para as escolas melhorarem a infraestrutura, a merenda, as salas de aula, os laboratórios, comprar uniformes para os estudantes? Alguma coisa está muito errada neste projeto. Dinheiro público tem que ser gasto com escola pública e não para enriquecer empresário”, alerta a presidenta da APP, Walkiria Mazeto.

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Outra educação é possível

O momento histórico exige união e coragem dos(as) educadores(as) para reagir e enfrentar mais um ataque do governo Ratinho Jr à educação. A ameaça de vender escolas públicas impõe a necessidade de mobilização de professores(as), pedagogos(as), funcionários de escola e toda a sociedade. A APP-Sindicato preparou vários materiais para mobilização. 

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