A APP-Sindicato denuncia a barbárie praticada contra duas comunidades rurais no município de Pinhão no centro-sul do Paraná. Dezenas de famílias foram expulsas de suas casas devido a uma intervenção federal autorizada pelo Supremo Tribunal de Justiça (STJ), atendendo pedido da indústria madeireira Zattar. Com mais de 25 anos de existência, as comunidades tiveram todas as casas, a escola, padaria comunitária e a igreja demolidas sem qualquer aviso. As famílias ficaram sem ter para onde ir. Outras 2 mil famílias correm o risco de passar pela mesma situação no município.
A questão agrária em Pinhão é uma das mais emblemáticas da luta pela terra no Paraná, tendo seus primórdios ainda no início do século 20, no conflito entre posseiros e empresas particulares, em especial a madeireira Zattar, que chegou na região na década de 40. A ocupação da área pela empresa ocorreu em detrimento de famílias de pequenos agricultores que já habitavam as terras desde o Brasil imperial. Elas foram expulsas e assim a indústria constituiu um dos maiores complexos latifundiários do Paraná.
Estima-se que antes da chegada da empresa quase 2 mil famílias de posseiros viviam em comunidades tradicionais, conhecidas como faxinais. A madeireira chegou a ocupar 80 mil hectares na região centro-sul do estado. Já para os faxinalenses instalou-se uma luta desigual pela titularidade das terras. Atualmente são 12 acampamentos sem terra em uma área total de 60 mil hectares e aproximadamente dois mil acampados. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) classifica a região como o terceiro maior polo de reforma agrária no Estado.
Com a ajuda do MST as famílias despejadas buscam agora com INCRA, o governo do Paraná e o governo Federal o compromisso para recolocação na área reintegrada.
A APP se solidariza com as famílias do Alecrim nessa luta.
Confira os detalhes do caso e os depoimentos de quem perdeu as casas no vídeo: