Nesta terça-feira (30), a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) participou de uma mobilização em defesa da soberania, empregos e direitos, em Brasília (DF). O ato que foi convocado pela Central única dos Trabalhadores (CUT), com apoio de diversas centrais sindicais e sociedade civil organizada, denunciou o desmonte dos serviços públicos prestados à população, dos ataques aos direitos sociais e a privatização de ares importantes como saúde, educação, água, energia e saneamento básico.
Presente na manifestação, a coordenadora do Fórum das Entidades Sindicais do Paraná (FES) e vice-presidenta da CNTE, Professora Marlei Fernandes destacou a importância da luta por uma educação de qualidade. “Defender a soberania é defender a educação pública de qualidade para toda a população desse país que precisa da escola pública”.
Marlei Fernandes reforçou em seu discurso que o atual governo não represente a educação. “Estamos passando em frente ao Ministério da Educação. Esse ministério não nos representa: ataca a escola pública, a universidade pública, os nossos direitos, a ciência e a tecnologia, os profissionais da educação com a “Lei da Mordaça” e o “Escola sem Partido” (…) e esse ministro [da educação] não representa hoje os anseios da maioria do povo. Por isso nós da CNTE estamos na defesa da educação, da escola pública e de recursos para a educação”. Assista ao vídeo completo da declaração.
Também esteve presente no ato, o secretário de Assuntos Jurídicos, Mario Sergio de Souza.
Confira a carta aberta elaborada pelas centrais sindicais, que foi distribuídas durante o ato.
CARTA ABERTA AO POVO BRASILEIRO
Nós, brasileiros e brasileiras, trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade, mulheres, jovens, negros e negras, construtores e construtoras do movimento sindical e das lutas populares do nosso país, nos mobilizamos nesta quarta-feira, 30 de outubro de 2019, nas ruas da capital federal, para manifestar nossa indignação com o governo Jair Bolsonaro e sua política econômica que agrava a crise econômica, não gera empregos, ataca nossos direitos sociais e a soberania do nosso país.
As ações e as reações do governo – e a falta delas – só fazem piorar a situação do povo brasileiro. A economia não cresce. Os desempregados já são 12,6 milhões. Somando desempregados, trabalhadores desalentados e aqueles que só conseguem trabalhos com jornadas parciais, o Brasil tem hoje 27,8 milhões de trabalhadores subutilizados.
A desigualdade social só aumenta. O 1% mais rico do país, que são 2,1 milhões de pessoas, ganham 34 vezes maiseducação d do que os 104 milhões de brasileiros que compõem a metade mais pobre da população. Os rendimentos dessa parcela mais rica cresceu 8%, enquanto o dos mais pobres caiu 3%. De toda a renda do Brasil, 40% estão nas mãos de apenas 10% da população, dados que revelam recordes históricos de desigualdade.
Temos um governo que assiste e promove a destruição do país. O ano iniciou com mais um crime da Vale, matando 251 trabalhadores em Brumadinho e vemos, até agora, a inércia do Estado na responsabilização e punição dos envolvidos. Assistimos, depois, a escalada criminosa das queimadas na Amazônia e, agora, o óleo que mancha e polui o litoral do Nordeste sem que o presidente Bolsonaro se digne sequer a visitar a área. É sempre o lucro acima da vida.
Não podemos mais aceitar que o povo trabalhador seja tratado como responsável por essa crise, como querem Bolsonaro e seu ministro Paulo Guedes. Para eles, a “solução” é tudo para os ricos e patrões e a destruição, o corte e a comercialização dos direitos da maioria do povo. Assim foi com a reforma da Previdência, com os cortes na educação, o congelamento dos investimentos sociais e as propostas de reforma administrativa, tributária e de mais cortes nos direitos dos trabalhadores.
Como se não bastasse todo esse retrocesso e inércia, Bolsonaro e Paulo Guedes colocam o Brasil à venda. Querem liquidar nosso patrimônio, vendendo empresas públicas lucrativas, estratégicas, que são motivo de orgulho para os brasileiros. Entregam nosso futuro planejando o leilão das nossas reservas de petróleo e minando a capacidade de nossas universidades produzirem pesquisa, ciência e tecnologia. Entregam nossa soberania e, com ela, destroem nossa capacidade de projetar um desenvolvimento econômico e social independente e de superar mais essa crise.
Com essa agenda de retrocessos, não espanta a baixa popularidade do governo. O presidente e seus ministros(as) fazem o brasileiro passar vergonha internacional em todas as oportunidades, alinhando-se ao que há de mais atrasado na política internacional. A prática e o discurso de Bolsonaro são fontes de ódio e ataques à diversidade, às mulheres, à população negra, LGBT e a todos/as que lutam por seus direitos.
Frente a esse cenário sombrio, o povo brasileiro está desafiado a resistir e enfrentar esses ataques nas ruas, como fazem nossos irmãos do Chile e do Equador. Na Argentina, o povo já disse basta a esse neoliberalismo autoritário e fracassado. Na Bolívia, Colômbia e Uruguai, quando a democracia é respeitada, o povo escolhe o caminho do desenvolvimento com paz, inclusão social e integração regional. Nos solidarizamos e nos somamos à resistência latino-americano contra um projeto de saque das nossas riquezas e exclusão dos povos da nossa região.
Esse caminho da exclusão não nos representa, assim como Bolsonaro, Paulo Guedes e aqueles que apoiam no Congresso esse governo e sua política. Defendemos e lutamos pelas alternativas que façam do governo parte da solução dos problemas dos brasileiros. Nos comprometemos a dialogar com a classe trabalhadora e todo o povo brasileiro em torno das alternativas que estimulem o crescimento econômico e a geração de empregos de qualidade, garantam nossos direitos, promovam a justiça social e se comprometam com a soberania e a democracia no Brasil.
Chega de Bolsonaro e Paulo Guedes!
Brasília, 30 de outubro de 2019
Frente Brasil Popular
Frente Povo Sem Medo
CUT
Força Sindical
UGT
CTB
CSB
Intersindical