Data-base: servidores(as) vão às ruas em protesto

Data-base: servidores(as) vão às ruas em protesto


O funcionalismo público do Paraná mostrou o seu engajamento hoje(19) nas ruas de Curitiba. 30 mil servidores e servidoras públicas do Estado marcharam da região central até o Centro Cívico empunhando bandeiras e cartazes pedindo que seus direitos sejam respeitados. Os mais de 21 sindicatos que representam os(as) trabalhadores(as) públicos de áreas como saúde, segurança pública, educação e meio ambiente protagonizaram um grande ato público cobrando a atenção do governador Beto Richa (PSDB) para os direitos dos(as) servidores(as).

O governador têm tratado muito mal os(as) seus(as) funcionários(as), não os(as) comissionados(as), nem os cargos de confiança, mas aqueles e aquelas que são a base de todas as atividades públicas ofertadas pelo Estado. É esta base a que mais sofre com a má administração das verbas públicas: este ano, o governador não quer cumprir nem o mínimo previsto por lei para o reajuste dos(as) servidores(as). De acordo com o IPCA, a reposição (não estamos sequer falando em aumento salarial) seria de 8,17%, conforme a correção da inflação os últimos 12 meses. Para o governo Richa o valor é exorbitante, a proposta apresentada à APP e aos demais sindicatos foi de um reajuste de 5%, parcelado e sem data para acontecer.

A concentração aconteceu em dois pontos estratégicos da cidade. Nas praças Santos Andrade e Rui Barbosa, onde educadores(as) de todo o Paraná somaram a revolta e descaso com a educação pública a tentativa de golpe no direito à data-base.
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Praça Rui Barbosa –  Aproximadamente 10 mil pessoas, entre professores(as) e funcionários(as) de escola, dos quatro Núcleos Sindicais da APP de Curitiba e Região Metropolitana e servidores(as) de outras categorias iniciaram o ato público por volta das 9 horas da manhã.

Segundo a secretária de Finanças da APP e representante do Fórum das Entidades Sindicais (FES), professora Marlei Fernandes de Carvalho, a marcha pedia o cumprimento de direitos e melhores condições de trabalho. “É pela data-base, pelo piso e por uma escola de qualidade. É muito bom chegar na escola e ouvir de um aluno: professora, nos estamos aprendendo com vocês a lutar pelos nossos direitos. A nossa luta vale a pena e não abriremos mão do que é de nosso direito”.

Enquanto a maioria da marcha seguiu para a Praça Tiradentes, onde seria o encontro com a outra mobilização, um grupo de cerca 200 educadores(as) ficou em frente à Secretaria de Estado da Fazenda (Sefa). Segundo a presidente do NS Curitiba Sul, professora Verôni Del Rei, a intenção é ficarem acampados ali, em vigília, até que o governo atenda as reivindicações da categoria. “Na Sefa encontra-se o secretário Mauro Ricardo e a nossa intenção é pressiona-lo, porque é ele que sabe de todas as contas, ele tem segurado a data-base, os nossos atrasados. Então a nossa intenção é ficar aqui e fazer com que ele cumpra a lei da data-base. Porque ele tem feito a mesma política que fez em Minas Gerais, São Paulo, Salvador e agora ele quer implantar as políticas neoliberais aqui no Paraná. Nós queremos que ele saia dessa secretaria, já que ele não é do Paraná e não está vendo as questões específicas dos servidores públicos, por isso nós vamos permanecer o dia todo aqui ou até que ele pague o que nos deve”, explica.

Praça Santos Andrade – Desde muito cedo, ônibus vindos de todas as regiões do Paraná concentraram-se nos arredores de uma das praças mais famosas de Curitiba. O presidente da APP-Sindicato, professor Hermes Silva Leão também explicou a importância da união das diversas categorias de servidores(as). “Estamos fazendo mais um momento público para pedir apoio da sociedade e para reforçarmos a pressão necessária para que o governo atenda às leis do reajuste. É mais um momento de união e de força”, afirma.

A dor de quem participou do Massacre do Centro Cívico – Professores(as) e funcionários(as) foram a maioria na marcha. A revolta da categoria vem das duras batalhas enfrentadas ao longo das últimas semanas para garantir condições de trabalho e cumprimento dos direitos de carreira. Muitos(as) ainda carregam no corpo as marcas de tiros do último confronto com o governo do Estado.
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A professora Joyce Giovanna Bertoni, do NS de Cambará, chegou cedo à Praça Santos Andrade, depois de uma noite dormindo no ônibus que trouxe professores(as) e funcionários(as) para a manifestação. “Eu estava na linha de frente do protesto. Vi a PM abrir aquele cerco e jogar spray de pimenta e, logo em seguida, bombas e tiros na direção do nosso rosto”, relembra. Deste dia, além das cicatrizes no braço, a professora levará uma sequela para o restante da vida. “Quando eu vi um dos PMs mirando no nosso rosto eu abracei e pus a cabeça na frente de uma companheira do nosso Núcleo que era menor que eu. Quando a bomba estourou eu abri o olho, percebi que estava tonta. Depois de ser socorrida, fui encaminhada ao hospital e soube que havia perdido a audição do meu ouvido direito e do lado esquerdo eu ainda ouço zumbidos”.

A professora Joyce teve o tímpano perfurado por estar muito próxima explosão de uma das bombas. Ao ser questionada sobre o porquê estar ali de novo, hoje, na manifestação a professora foi veemente. “Eu acredito no que eu faço. Se eu conseguir com a minha luta mudar a história de um aluno, terá valido tudo a pena. Eu levo comigo uma experiência de vida verdadeira. Eu faço parte dessa história de quem ama o que faz e luta para ser respeitado”.

Agora à tarde, a direção estadual da APP-Sindicato se reúne com representantes do governo para tratar da data-base. O projeto, com a proposta de 5%, ainda não foi enviada à Assembleia Legislativa, conforme era previsto para ontem (18) – o que pode sinalizar uma abertura do diálogo com as categorias. As informações sobre a reunião serão divulgadas no site da APP.

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