Vírus pertencentes à família Coronavidiae foram descobertos em meados de 1960. Até 2002, eram conhecidas quatro espécies de coronavírus, todos causadores de resfriados comuns e sem implicação em casos graves de síndrome gripal.
Atualmente, de acordo com relatório divulgado em 15 de março pela OMS, temos 153 mil casos confirmados no mundo em 144 países, com mortalidade global em torno de quatro mil. No Brasil, o último balanço aponta 314 casos confirmados, 1.917 em investigação e uma morte em São Paulo. A epidemia segue o mesmo curso de outros países, dobrando a cada 24-48 horas.
A mortalidade é baixa, devo me preocupar?
Temos, de fato, uma doença com perfil de letalidade relativamente baixo, porém, com uma capacidade de disseminação altíssima. Logo, mesmo que a letalidade em termos relativos não assuste, quando falamos de muitas pessoas contaminadas, esse número em valores absolutos tende a ser alto e preocupante.
Além disso, a taxa de mortalidade não é uniforme. Existem pessoas com mais chance de adoecimento e óbito. Por isso, preocupar-se com a própria saúde e evitar a transmissão é uma forma de cuidar de quem pode evoluir com gravidade. Essas pessoas consideradas com maior propensão a quadros graves são idosos, pessoas com problemas de saúde, pessoas em tratamento de câncer, pessoas transplantadas.
E como me prevenir?
Em primeiro lugar, não faça como o presidente da República, que saiu do isolamento para cumprimentar apoiadores que participavam da manifestação a favor do governo e contra o Congresso e o STF no domingo 15. Evite contatos físicos e aglomerações. Quem puder trabalhar de casa, o faça. Quem tiver a chance de não utilizar transporte coletivo, não use. Além disso, é importante sempre lavar as mãos com frequência e ter um álcool gel disponível, bem como evitar colocar a mão no rosto. Aquele abraço caloroso na hora dos cumprimentos pode ficar para outro momento. O uso de máscaras ainda não está recomendado pelo ministério da Saúde, porém, sabemos que com o decorrer da semana e o curso da epidemia, essa recomendação pode mudar.
Não é exagero tudo fechando e sendo cancelado?
Muitas vezes é um pouco chato perder o evento que você estava esperando há meses, ou não conseguir ir trabalhar, ou não poder fazer as atividades diárias. É muito importante entender que, ao contrário de outros cenários de epidemia, nessa não temos medicamento específico contra o vírus, nem vacina. Logo, o único método que pode mudar o curso da epidemia é o isolamento social.
Estudos baseados em modelos matemáticos mostram que o isolamento social é a única forma de diminuir o pico da curva epidêmica. Ou seja: podemos ter uma epidemia, porém com menos casos. Isso é importante quando falamos de leitos de hospitais e quantidade de vagas. Diminuir o número de casos que necessitem hospitalização é vital para que o SUS não entre em colapso. Exemplo disso é a situação pela qual a Itália vem passando nos últimos dias.
O recado que eu gostaria de dar, em momentos de ansiedade generalizada e medo, é um só: sejamos solidários. Vamos desacelerar nossos modos de vida, pensar na comunidade e entender que fazemos parte de um todo que precisa estar unido. Deixemos nossas vontades individuais para depois. A academia pode esperar, o curso de inglês, aquela balada ou show legal. Vamos focar em nos preservar para que possamos superar esse grave problema de saúde. E, por fim, vamos todos valorizar nosso sistema de saúde, que de certo será a grande linha de frente contra o avanço da epidemia e que salvará (como já salva diariamente) milhares de pessoas. A responsabilidade em momentos de epidemia é de todos nós: sejamos conscientes.
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Fonte: Carta Capital