Na próxima quinta-feira (29), completam seis anos do massacre sobre servidoras(es), públicos no Centro Cívico de Curitiba.
Antes disso, a violência ocorrida em 30 de agosto de 1988, sob o comando do governador Álvaro Dias (que já passou por MDB, PMDB, PST, PP, PSDB, PDT, PV e PODEMOS), foi superada pelo governador Beto Richa (PSDB, PTB, PFL e PSDB), naquele 29 de abril de 2015.
Com paralisação das atividades na rede estadual de educação e mobilização do conjunto das (os) servidoras (es), a data será marcada por carreatas na capital e nas maiores cidades do estado. Será um dia para lembrar a violência que projetou o Paraná nos noticiários do mundo inteiro.
Portais, rádios e jornais da Inglaterra, Rússia, Portugal, Estados Unidos, Austrália, África do Sul, Argentina e muitos outros países, inclusive uma equipe da TV Al Jazeera, foi deslocada para cobrir a extrema violência com que a Polícia Militar do Paraná foi usada para aniquilar uma manifestação legitima.
Além da importante tarefa de fazer memória afim de que a história das lutas não sejam apagadas, será um dia para denunciar a violência que prossegue em diferentes formas sobre o conjunto dos servidoras(as), e do povo em geral.
Vivemos um período em que a hegemonia política tanto em nível federal com o governo de Jair Bolsonaro (que na sua vida política oportunista já passou por PDC, PP, PPR, PPB, PTB, PP, PSC, PSL, atualmente sem partido), como no estado de Ratinho Jr (PSB, PPS, PSC e PSD), tem sido exercida por uma aristocracia que conforma um estado muito forte para os mais ricos e superexplora a maioria do povo para sustentação das benesses da elite do atraso brasileiro – conforme os estudos do professor Jessé Souza.
A violência sobre a educação pública do Paraná ganhou contornos de destruição na atual gestão. Ao entregar a Secretaria da Educação a Renato Feder, empresário que pensa a educação pública com o fim evidente de acumular lucros, se projetar mundialmente como uma liderança expoente das grandes corporações e colocar o Paraná no primeiro lugar do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), Ratinho Jr, se aprofunda na compreensão de que atravessamos o pior período histórico para a rede estadual do Paraná.
A chegada da pandemia no estado serviu de pretexto para o atual governo atacar covardemente direitos dos profissionais da educação bem como se valer da tecnologia para implementar negócios e criar novas atribuições que vão gerando profundo desgaste funcional sem qualquer reconhecimento financeiro ou político pedagógico das(os) professoras (es), funcionárias (os), diretoras(es) e equipes pedagógicas das escolas. Militarização das escolas, redução drástica da oferta de educação de jovens e adultos, manipulação dos direitos dos estudantes das escolas do campo, redução das aulas de arte, filosofia e sociologia, congelamento de reajustes, promoções e progressões são exemplos das agruras impostas pelo atual governo. Soma-se a tudo isto a violenta forma de controle e pressão sobre o trabalho realizado de forma virtual e a enorme evasão de estudantes sem possibilidades de acompanhar a oferta feita de forma eletrônica ou por materiais impressos.
A próxima quinta também será dia para registrar o primeiro aniversário da votação da lei 20.199/20, quando a maioria parlamentar governista aprovou a destruição dos cargos de funcionárias(os) da educação. Esta foi mais uma medida para beneficiar, com lucro fácil, empresários que irão esfolar a mão de obra nas escolas. Também representará a demissão de milhares de trabalhadoras(es), a ampla maioria mulheres, muitas com idade próxima da aposentadoria, mais uma desumanidade em curso na atual governança de caráter aristocrático empresarial.
Portanto, neste dia, convocamos nossa categoria a participar das atividades possíveis em meio ao terror pandêmico que já matou mais de vinte mil paranaenses e convidar a sociedade em geral a refletir e apoiar a defesa da escola pública e a qualidade dos serviços públicos no Paraná.
Edição: Pedro Carrano
*Hermes Silva Leão, pedagogo e professor de Educação Física da Rede Estadual do Paraná e presidente da APP-Sindicato / Coluna Brasil de Fato (https://bit.ly/2QUiB4K)