Contradições marcam coletiva do governo sobre retorno presencial das aulas

Contradições marcam coletiva do governo sobre retorno presencial das aulas

Governador mentiu ao dizer anteriormente que aulas retornariam somente com vacina de profissionais

Foto: Geraldo Bubniak/AEN

O governo do Estado do Paraná anunciou à imprensa na manhã desta terça (04) o retorno gradual às aulas presenciais. Novamente um show de mentiras, promessas não cumpridas e mostras de despreparo da equipe que conduz o Paraná em plena pandemia. O governador do Estado, Ratinho Jr. (PSD), o secretário estadual da Educação, empresário Renato Feder e o secretário estadual da saúde, Beto Preto, vieram a público informar que está previsto o retorno das aulas na rede pública para a próxima segunda-feira (10).

Na coletiva, o governador comunicou que cerca de 200 escolas (que ainda não foram divulgadas) irão receber os(as) estudantes no formato híbrido já na próxima semana (50% em sala de aula e os outros 50% em casa, com aulas virtuais, em um esquema de escalonamento semanal). O retorno se dará, segundo o governo, devido a vacinação dos(as) professores(as) e funcionários(as) de escola, que deverá começar em alguma data do mês de maio, também não informada oficialmente pelo governo. Serão 32 mil doses da vacina Astrazeneca, que de acordo com o secretário Renato Feder, imunizarão 40 mil educadores(as) [sic]. Na confusa matemática do governo, também não entra a segunda dose da vacina (que deveria acontecer 90 dias depois) e, muito menos, o calendário sobre quando serão vacinados os(as) demais quase 130 mil educadores(as) que integram o quadro da educação básica, fundamental e do Ensino médio, das redes pública e privada.

Aliás, os três representantes do Estado, não souberam responder quantos são os(as) professores(as) da rede pública e privada do Paraná e, muito menos, se os(as) professores(as) e funcionários(as) das universidades serão contemplados(as) neste primeiro momento.

Na proposta, as 32 mil doses serão distribuídas inicialmente entre professores(as) com 55 a 59 anos das redes pública e privada. O restante, ainda não está previsto no cronograma do governo. “É um absurdo, um desrespeito com os trabalhadores e com a vida. Sabemos que a imunização efetiva se dá com, pelo menos, 15 dias após a aplicação da segunda dose. O governador apresenta um número insuficiente de doses em um esquema falho de distribuição para forçar um retorno presencial.

“A APP-Sindicato é contrária a forma como está sendo feito este processo e afirma que haverá greve caso professores e funcionários sejam obrigados a permanecerem nas escolas sem terem tomando as duas doses da vacina”, reforça o presidente da APP-Sindicato, professor Hermes Silva Leão. Outro agravante já denunciado pela APP-Sindicato, é que uma parcela considerável das escolas públicas da rede estadual estão sem internet, o que inviabiliza a transmissão ao vivo em tempo real proposta no modelo híbrido. A categoria não tem equipamentos adequados (já denunciamos aqui a qualidade das máscaras e outros equipamentos de proteção que chegam às escola).

O retorno soa tão inseguro que até o próprio governo já está se precavendo de futuros contágios e aumento do número de mortos, pois exigirá dos(as) responsáveis pelos alunos(as) uma autorização assinada passando à família a responsabilidade em caso de contaminação. Ainda sobre a transferência da culpa dos os riscos de uma volta antecipada, o governador foi taxativo ao dizer que a decisão do retorno foi um apelo, principalmente, de alguns diretores(as) de escola. A orientação da APP-Sindicato é que os(as) diretores(as) e responsáveis pelos(as) estudantes não assinem nenhuma autorização sobre o retorno presencial.

Coletiva de imprensa da APP-Sindicato – A direção estadual divulgará, nesta quarta-feira (05), uma nota técnica sobre os riscos do formato presencial das aulas. O estudo, realizado pelo epidemiologista e autor de artigos publicados nas revistas Nature e Science, Lucas Ferrante embasa a defesa do Sindicato e será apresentado ao público.

Lucas Ferrante é também pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) ligado à Fiocruz e relatou que teve seu computador de trabalho hackeado e todo seu trabalho apagado, além de ter recebido ameaças sobre a divulgação de suas pesquisas. “Por sorte tenho tudo salvo em mais de um backup, mas é muito estranho e assustador que isso aconteça às vésperas da divulgação de um laudo tão importante para o Paraná”, afirma o pesquisador.

“Vacinar educadores e convocar aulas presenciais irá manter a pandemia ativa. Mesmo os imunizados podem contrair, de forma branda, e transmitir a doença”, afirma o especialista.
A direção estadual afirma que seguirá na defesa pela vacinação em massa antes do retorno presencial. “Se só professores e funcionários forem vacinados com a dupla dosagem a pandemia não estará controlada nas escolas”, afirma Ferrante.

O epidemiologista salienta ainda que a circulação diária de pessoas nas escolas e universidades é o fator de maior risco para a disseminação viral. “Vacinar grupo de risco é uma medida emergencial, mas insuficiente. Se convocarmos as aulas iremos fatalmente aumentar a disseminação e até forçar o surgimento de cepas ainda mais resistentes e letais”, informa Ferrante.

Diante das conclusões do estudo a APP-Sindicato informa que intensificará a mobilização e a campanha pela vacinação em massa da população paranaense. “A APP-Sindicato defende a vacinação para toda população, bem como a vacinação para professores e funcionários como condição para voltar às aulas. Queremos sim o retorno ao trabalho presencial, mas o retorno com segurança. Definimos a deflagração da greve caso haja imposição desta volta sem a vacinação nas duas etapas de toda categoria”, afirma a secretária Educacional da APP-Sindicato, professora Walkiria Mazeto

Serviço: Coletiva com Lucas Ferrante

Data: 05 de maio (quarta-feira)

Horário: 10 horas

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Acesso a sala a partir das 9h45

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https://us02web.zoom.us/j/89341081735

ID da reunião: 893 4108 1735
Dispositivo móvel de um toque

Acesse o vídeo completo da entrevista aqui.

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