O Conselho Estadual da APP-Sindicato reuniu-se na manhã desta quinta-feira, dia 11 de outubro, na sede da entidade, em Curitiba. O Conselho é composto por representantes dos Núcleos Sindicais da APP de todas as regiões do Estado.
Já no início, uma declamação reflexiva do poema “Parada do velho novo”, que relacionado à atual conjuntura social, política e econômica, leva a várias interpretações abrangendo ‘do antigo ao novo, do novo aos trovões’, escrito após a Segunda Guerra Mundial justamente pelo contexto histórico da época.
Além das intervenções dos(as) educadores(as) que compõem o Conselho, foi convidado para apresentar análise, o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Roberto Baggio. “Estamos inseridos numa grande crise e a nossa economia é altamente dependente da economia internacional. É uma crise estrutural da dinâmica do capitalismo internacional, estando centralizada no capital financeiro. Nosso país é dependente de um impacto estrangeiro. O componente central é o desemprego e a falta de políticas públicas. Neste contexto, a unificação da elite é pela apropriação dos recursos públicos e com a retirada de direitos, além da ofensiva aos recursos naturais que internacionalmente querem se apropriar como, por exemplo, o pré-sal”, finaliza Baggio ao frisar a importância da classe trabalhadora.
Entre outros informes, análise da conjuntura, pauta da categoria, colônias de férias para temporada e outros assuntos, o Professor Lemos (PT), reeleito deputado estadual e que já foi presidente da APP, enaltece a construção conjunta com a classe trabalhadora da cidade e do campo durante o seu mandato.
Na agenda da APP, consta a proposta de seminário para debater a pauta política paranaense, que envolve analisar as propostas do governo do Estado para os próximos quatro anos do governador eleito Ratinho Júnior (PSD) e da configuração da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep).
Ao final, uma chamada para o Dia do(a) Professor(a), 15 de Outubro, homenagem aos(às) trabalhadores(as) que se dedicam a educar, aprender e trocar conhecimento. Destaque para a importância de tantos(as) profissionais da educação pública ao desenvolvimento do país.
Confira o calendário da APP:
28/10 – Eleições segundo turno;
08 e 09/11 – Conselho Nacional de Entidades da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), em Curitiba;
20/11 – Dia da Consciência Negra;
23 e 24/11 – Conselho Estadual ampliado para realização de seminário de avaliação da conjuntura (70 anos da declaração universal dos direitos humanos).
Parada do velho novo
Eu estava sobre uma colina e vi o Velho se aproximando, mas ele vinha como se fosse o Novo.
Ele se arrastava em novas muletas, que ninguém antes havia visto, e exalava novos odores de putrefação, que ninguém antes havia cheirado.
A pedra passou rolando como a mais nova invenção, e os gritos dos gorilas batendo no peito deveriam ser as novas composições.
Em toda parte viam-se túmulos abertos vazios, enquanto o Novo movia-se em direção à capital.
E em torno estavam aqueles que instilavam horror e gritavam: Aí vem o Novo, tudo é novo, saúdem o Novo, sejam novos como nós! E quem escutava ouvia apenas os seus gritos, mas quem olhava, via pessoas que não gritavam.
Assim marchou o Velho, travestido de Novo, mas em cortejo triunfal levava consigo o Novo e o exibia como Velho.
O Novo ia preso em ferros e coberto de trapos; estes permitiam ver o vigor de seus membros.
E o cortejo movia-se na noite, mas o que viram como a luz da aurora era a luz de fogos no céu. E o grito: Aí vem o Novo, tudo é novo, saúdem o Novo, sejam novos como nós! seria ainda audível, não tivesse o trovão das armas sobrepujado tudo.
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BRECHT, Bertolt. Poemas 1913-1956. São Paulo: Editora 34, 2006. p. 217.