Conjuntura e os desafios do Movimento Pedagógico Latino-americano

Conjuntura e os desafios do Movimento Pedagógico Latino-americano

A professora Fátima Silva, da CNTE e da IEAL, fez uma saudação especial aos(às) educadores(as) do Paraná que seguem em luta por seus direitos

Foto: Jordana Mercado

A Secretária Geral da CNTE e Vice-Presidenta da IEAL, professora Fátima Silva, abriu os trabalhos fazendo uma saudação especial aos educadores e educadoras do estado do Paraná que seguem em luta por seus direitos.

Análise de Conjuntura foi o tema central da primeira etapa do dia. A jornalista argentina Telma Luzzani que é muito conhecida pelo seu trabalho como escritora e articulista especializada em política internacional, iniciou as exposições com uma análise detalhada da conjuntura latinoamericana. Ela se referiu ao continente latino-americano como o epicentro de uma grande movimentação política mundial. Luzzani fez referências históricas ao processo de construção da hegemonia norte-americana, chegando aos golpes de estado claramente apoiados pelos Estados Unidos.

A jornalista destacou o caso da Colômbia, que vive uma verdadeira jornada de luta e resistência contra as políticas neoliberais do governo de Iván Duque. “Sempre foi de alguma forma a plataforma de projeção do poder dos Estados Unidos na América Latina”, afirmou Telma em referência à origem do canal do Panamá, que foi um momento chave no desenvolvimento da potência norte-americana.

No Chile, o golpe de Estado infringido ao governo de Salvador Allende foi pontuado por Luzzani como outro momento relevante, que através da força militar impôs as políticas neoliberais que resultam nas mobilizações contra a desigualdade que se iniciaram no último mês de outubro.

Ela também falou sobre a derrota da ALCA em 2005. Em sua visão, ali ficou claro que a dominação pelo viés da economia havia falhado e por isso passaram a adotar os “golpes brandos” que ainda preservam um aspecto de “democracia”, e citou o golpe militar em Honduras, os golpes parlamentares no Paraguai e no Brasil e o recente golpe de estado na Bolívia para exemplificar. Analisou a chegada de Trump à presidência dos Estados Unidos como um ressurgimento claro da “Doutrina Monroe” como ferramenta de controle sobre a região.

Finalmente, sobre a recente vitória da esquerda na Argentina, a jornalista argentina disse que não é por acaso que o golpe de estado na Bolívia tenha se consolidado poucos dias após as eleições na Argentina. “A vitória do governo progressista de Alberto Fernández y Cristina Fernández disparou um alarme para o governo dos Estados Unidos”, afirmou Telma Luzzani.

Em seguida, Luiz Dulci também fez sua análise. Ele é professor, foi ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República durante os oito anos de governo Lula e, atualmente, é conselheiro do Instituto Lula. Ele também foi o primeiro Presidente do SINDUTE/MG, Sindicato dos Professores de Minas Gerais, entidade filiada à CNTE, e manifestou alegria por estar falando a companheiros e companheiras da sua própria categoria.

Falou sobre a hegemonia mundial dos Estados Unidos, que ainda é o pais mais poderoso do mundo, mas que hoje tem seu poder é questionado. Apontou como a China faz esse questionamento no terreno econômico, e citou previsões que dizem que em 2030 essa nação poderá ter superado os Estados Unidos. Lembrou que no terreno de segurança, a Rússia ainda representa um poderio militar suficiente para questionar e neutralizar a hegemonia norteamericana, e que e declínio do império é quase uma síndrome para os Estados Unidos.

“A primeira etapa das privatizações no Brasil contou com o apoio da sociedade, inclusive das camadas mais populares. Há 30 anos, o neoliberalismo tinha caráter inovador, mas esse neoliberalismo que volta agora como programa econômico, no mundo inteiro, só é liberal na economia já que na política é autoritário e com fortes traços fascistas, ou seja, um duríssimo autoritarismo que não aceita oposição”, esclareceu.

Assim, analisou que grande parte dos eventos políticos e sociais turbulentos que tem assolado os países latino-americanos são uma contra ofensiva da direta e extrema direita desses países, apoiada e servindo aos interesses do imperialismo norte-americano. Ele ainda reforçou a idéia de Telma Luzzani de que o golpe tão veloz ocorrido na Bolívia é uma resposta desses interesses dominadores à vitória eleitoral na argentina, para deixar claro que essa perspectiva de retomada do poder popular não está dada aos demais países do continente.

Dulci colocou que temos três desafios importantes de serem superados para podermos avançar na democracia nos nossos países, em especial no Brasil: fazer uma disputa de idéias, valores e de visão de vida com a sociedade, já que apenas a estratégia economicista de proporcionar conquistas materiais para as classes populares não gerou, por si só, uma maior consciência social; uma reforma política em que seja possível construir maiorias parlamentares que sustentem as transformações sociais que queremos implementar e, finalmente, uma reforma tributária que proporcione distribuição de riqueza. Sobre este último desafio parafraseou Paulo Freire, dizendo que devemos fazer “denúncia e anúncio”, ou seja, apontar as incoerências dos governos neoliberais, lembrar os legados progressistas, mas sem deixar de apontar perspectivas de futuro.

Para reafirmar a importância desse V Encontro e do Movimento Pedagógico Latino-Americano, afirmou: “A escola pública é a base da república e da democracia”. Durante a tarde as Análises de Conjuntura trarão o recorte das Políticas Educacionais em toda a região.

Fonte: CNTE

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