Comunidade de Tijucas reage contra fechamento do ensino noturno em escola do campo

Comunidade de Tijucas reage contra fechamento do ensino noturno em escola do campo

Ao impor encerramento do ensino noturno em colégio do campo, decisão da Seed poder destruir o futuro de estudantes de comunidades rurais que precisam trabalhar durante o dia

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“Fechar o ensino noturno é tirar a oportunidade dos jovens que trabalham de estudar”. O desabafo é da Katia Adriana Rocha, 46, mãe da Larissa, uma das alunas que podem perder o direito de acesso à educação porque a Secretaria da Educação (Seed) decidiu encerrar as turmas do período noturno no Colégio Estadual do Campo Kamilla Pivovar da Cruz, no município de Tijucas, a 65 km de Curitiba.

A intenção do governo é transferir as matrículas para outra escola, localizada na região central da cidade, distante mais de 5 quilômetros. Para a mãe, essa mudança vai provocar uma grande desistência, porque a maioria dos(as) jovens que trabalham chegam em casa quase no horário de início das aulas e não possui transporte. 

“O pessoal trabalha na roça, são filhos de produtores e tem o pessoal que trabalha no comércio local. Vai ficar bem complicado para eles chegarem até o colégio no centro”, comenta. A preocupação envolve também a queda na qualidade do ensino e a piora das condições de trabalho dos(as) professores(as) para ministrarem as aulas.

“Isso vai superlotar as salas. Como é que vai ficar o aprendizado? Como é que vai ficar a produção do professor? Vão ser aulas estressantes. Vão ser aulas maçantes e dificilmente eles vão conseguir aprender igual eles aprendem no Kamilla. Esse fechamento só tem a prejudicar os nossos alunos e não a melhorar”, crítica.

Mobilização

Assim como Katia, a comunidade escolar está indignada com a imposição do governo, feita sem consulta ou qualquer diálogo. “Ninguém consultou, ninguém perguntou o que a gente achava, ninguém fez reunião, nem uma ligação. Simplesmente estão impondo essa situação pra gente”, diz.

Para demonstrar a insatisfação e tentar reverter essa situação, a comunidade têm realizado diversas atividades, pedido apoio da população e de autoridades do município.

“Fechar o período noturno é um desrespeito a esses trabalhadores e alunos. Isso não é dignidade e, no entanto, a comunidade precisa ser ouvida. Aqui nós temos alunos trabalhadores que querem continuar estudando e precisam trabalhar”, disse uma mãe aos vereadores(as), durante sessão da Câmara Municipal.

O grêmio estudantil tem ido a reuniões e eventos da escola para falar sobre o assunto e pedir adesões a um abaixo-assinado. A comunidade também organizou um ato onde abraçaram o colégio como forma de demonstrar o carinho pela instituição e fortalecer a luta pela manutenção do período noturno.

“A gente quer que o noturno continue funcionando. Para nós, que sempre fomos trabalhadores, o ensino noturno é prioridade. Então, a gente gostaria muito que o governo voltasse atrás disso e deixasse o noturno funcionando”, pede Katia.

Defenda a sua escola

Como a APP-Sindicato vem denunciando, o governo Ratinho Jr. tem adotado uma política sistemática de desmonte da educação pública. Os ataques às condições de acesso à educação de jovens e adultos são apenas uma das faces do plano em curso.

O objetivo é tirar recursos de projetos e ações que atendem as populações que mais precisam do Estado e destinar esse dinheiro público para empresas privadas, através de terceirizações e contratação de plataformas digitais.

O caso do Colégio Kamilla Pivovar, em Tijucas, não é o único no estado. A APP tem recebido relatos sobre o encerramento de turmas do ensino noturno

Vale destacar que o baixo número de estudantes não é, necessariamente, justificativa para fechar turma, turno ou escola. 

Localização, ausência de outras escolas próximas e as particularidades do público atendido podem ser razões para manter o atendimento.

Educação é um direito da sociedade e um dever do Estado, que tem a obrigação constitucional de garantir o acesso e a permanência a todos(as).

Se a sua escola está sob ataque, saiba como resistir:

  1. Organize a sua escola

Convoque toda a comunidade escolar, o grêmio estudantil e, se possível, lideranças e políticos(as) locais para uma reunião. Debata os prejuízos do fechamento e faça uma ata com a decisão da comunidade. Utilize dados e informações que justifiquem a permanência do período noturno. Colete a assinatura de todos(as) os presentes.

  1. Faça-se ouvir

Organize um abaixo-assinado a partir da ata para que todos(as) possam manifestar apoio. Organize uma comissão e leve o documento ao Núcleo Regional de Educação, Ministério Público, Prefeitura, Câmara, Conselho Tutelar e outros órgãos. Acione a imprensa local e faça barulho nas redes sociais.

  1. Conte com a APP

Procure o Núcleo Sindical da APP-Sindicato da sua região. Envie informações e a ata para APP estadual pelo e-mail [email protected]. Nas redes sociais, marque a gente: @appsindicato

Defenda a sua escola!

 

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