Pura pirraça. Já não há outra justificativa que explique a maneira como o governador do Estado do Paraná, Beto Richa (PSDB), tem tratado os(as) trabalhadores(as). Nesta semana, após a divulgação da receita do primeiro semestre, ficou, mais uma vez, evidente que o governador vem punindo os(as) servidores(as).
De acordo com estudos econômicos, entraram nos cofres públicos do Paraná 14% a mais, que no mesmo período do ano passado. Este valor representa um aumento maior que a mais otimista das expectativas; o governo previa que a arrecadação ficasse na casa dos 12%. Em reais, esses dois pontos percentuais representam uma renda líquida e adicional de R$ 1,12 bilhão. Se tivesse cumprido a lei da data-base, aquela que repõe apenas a inflação ao salário do(a) trabalhador(a), o governo teria desembolsado R$ 540 milhões, valor bem inferior a capacidade financeira do Estado.
De onde vem tanto dinheiro? Do bolso do trabalhador(a). O aumento do IPVA em 40%, da tarifa de energia elétrica (36,08% em março e 14, 62% em junho), junto com o aumento do imposto sobre circulação de produtos e serviços (ICMS) em 50% e a recuperação de dívidas foram os principais fatores que ampliaram a arrecadação do Estado. E não é à toa que os(as) paranaenses andam reclamando dos preços abusivos. De acordo com a pesquisa nacional sobre inflação, Curitiba é a capital que mais têm cobrado impostos no país.
Para onde vai tanto dinheiro? A arrecadação do período reafirma a teoria defendida pela APP-Sindicato e pelo Fórum das Entidades Sindicais (FES) de que o governo do Estado claramente tinha dinheiro para repor o reajuste de 8,17% no salário dos(as) servidores(as). Era o mínimo estabelecido por lei, nada mais. Mas os serviços públicos, como educação, saúde e segurança, não são prioridades deste governo que faz caixa para cobrir débitos da má gestão acumulada nos últimos quatro anos.
Com uma inflação regional de 9,61%, o custo de vida no Paraná está mais caro que a média nacional (8,17%), o custo da produção industrial também aumentou, em contra partida, a indústria paranaense tem os menores índices de produção dos estados do sul e sudeste, um feito inédito na economia nacional.
A política do arrocho – Todos os setores têm sofrido com fórmula ‘+ impostos – direitos’. De acordo com o economista Cid Coordeiro, em 2010 o Paraná fechou o ano com 153 mil empregos gerados. Em 2014, no entanto, foram míseras 41 mil vagas geradas, ou seja, tarifaço para o consumidor, impostos nas alturas na indústria e pouco retorno para a população. Neste balanço, quem sai perdendo é justamente a ponta da cadeia produtiva: o(a) trabalhador assalariado(a).