Comissão do Senado aprova projeto de lei que estabelece critérios mínimos de qualidade para as escolas públicas

Comissão do Senado aprova projeto de lei que estabelece critérios mínimos de qualidade para as escolas públicas

Se a lei for aprovada, governo do Paraná terá que investir pesado para cumpri-la integralmente

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou projeto de lei que estabelece critérios mínimos de qualidade para as escolas públicas. Se não houver recurso para votação no Plenário do Senado, o PL 5.288/2019 seguirá para análise da Câmara dos Deputados. 

A proposta atribui ao poder público o dever de equipar todas as escolas com biblioteca, laboratórios de ciência e informática, acesso à internet, quadra poliesportiva coberta, instalações em condições adequadas de acessibilidade energia elétrica, abastecimento de água potável, esgoto sanitário e manejo de resíduos sólidos. 

O projeto foi apresentado pelo senador Flávio Arns (PSB-PR). A relatora, senadora Professora Dorinha Seabra (União–TO), acatou emenda proposta pela senadora Teresa Leitão (PT-PE), incluindo entre as obrigações do governo a instalação de cozinhas, refeitórios e banheiros em todas as escolas da educação básica pública.

“O que contém no projeto é o mínimo para que uma escola funcione, atendendo os estudantes e os profissionais da educação com dignidade. A ausência de laboratórios, de internet, bibliotecas e de uma estrutura física adequada é algo que impacta diretamente a qualidade da educação, que não é uma transmissão de conhecimento, mas sim a construção desse”, avalia a secretária de Assuntos Educacionais da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Guelda Andrade.

Segundo Guelda, a luta por valorização profissional não é apenas por melhores salários, mas também por condições de trabalho para todos os(as) educadores(as).

Pesquisa feita em 2023, com dados do Censo Escolar do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 538 cidades, constatou que 62% das escolas não possuíam biblioteca e 88% não tinham sala de informática.

Paraná

Se a lei for aprovada, o Paraná terá que investir pesado para cumpri-la integralmente. Estudo de duas pesquisadoras da Universidade Estadual de Londrina (UEL) aponta a existência de deficiências e de importantes desigualdades nas escolas do ensino médio.

A pesquisa usa dados do Censo Escolar de 2021. Foram considerados 23 indicadores da infraestrutura escolar em cinco dimensões:  infraestrutura da escola; infraestrutura do professor e apoio pedagógico; infraestrutura didática; infraestrutura de acesso à internet e infraestrutura a atividades especiais de 1.595 escolas do ensino médio público do Paraná.

O estudo das professoras Juliane Borchers e Marina Silva da Cunha mostra que, em média, há uma privação de 25% na infraestrutura básica nas escolas públicas paranaenses. “Ressalta-se que o trabalho avaliou a presença do equipamento básico de infraestrutura, mas não a qualidade dele, nem mesmo sua manutenção”, registram as pesquisadoras.

O estudo aponta que “mais de 70% das escolas paranaenses possuem os itens básicos para o funcionamento escolar, como por exemplo água potável, banheiro acessível e refeitório”, o que revela que quase 30% delas não têm essas condições.  

As infraestruturas de Atendimento Especial e Acesso à Internet são as com as menores médias. Menos de 73% das escolas paranaenses possuem equipamentos para Atendimento Especial aos alunos e menos de 67% oferecem acesso à internet aos seus estudantes

“Os resultados do trabalho evidenciam marcantes desigualdades na oferta de infraestrutura básica entre as escolas paranaenses. Portanto, este estudo mostra o quanto o Paraná ainda está distante da equidade estrutural entre as escolas. Dessa forma, fica explícito a necessidade de políticas públicas que busquem reduzir as discrepâncias e oportunizar condições escolares adequadas para que o ensino ocorra em um ambiente mais favorável”, conclui o estudo.

 

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