Combater a violência contra as mulheres, compromisso de todos e todas

Combater a violência contra as mulheres, compromisso de todos e todas


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O que é muito importante neste Dia Internacional da Mulher/2016 é a tomada de consciência e o engajamento de homens e mulheres na mesma luta. Respeito e igualdade de gênero já!

“Segundo a ONU, 7 em cada 10 mulheres no mundo já foram ou serão violentadas em algum momento da vida”

O Dia Internacional da Mulher é uma data que deve ser aproveitada para refletir as condições das mulheres nos dias atuais. Numa sociedade marcadamente patriarcal, capitalista e escandalosamente desigual, as mulheres são atingidas por diversas formas de violência. A face mais cruel é a cultura machista. Arraigada há milênios vem produzindo violências que vão desde o assédio verbal, gestual, até a morte. Os dados são estarrecedores e devem produzir indignação e muita ação, para que a luta pela igualdade de gênero possa avançar.

A luta feminista intensificada a partir da agitação mundial com a revolução dos costumes dos anos 1960 até nossos dias vêm contribuindo para que a condição das mulheres seja denunciada e que uma nova ordem jurídica seja constituída.

No entanto, em diversas regiões do mundo a realidade é duríssima. Dados atestam a resistência do patriarcado e da influência da cultura religiosa extremamente desfavoráveis para a condição da mulher.
Alguns crimes se perpetuam pela cultura, como por exemplo o feminicídio íntimo que são crimes cometidos por maridos, namorados ou ex-parceiros. Dados da Organização Mundial da Saúde apontam que mais de 35% dos assassinatos de mulheres são cometidos por parceiros íntimos.

Na Ásia e África ainda perduram, infelizmente em grande número, os chamados crimes de honra – São execuções de meninas e mulheres cometidas pela própria família, advém de alguma suspeita ou práticas consideradas transgressões sexuais, quebra de regras e/ou tabus, ou de comportamento, tais como adultério, relações sexuais ou gravidez fora do casamento, ou até mesmo quando a mulher é estuprada. O crime é praticado para não “manchar a honra da família”. A ONU estima que por ano ao menos 5 mil mulheres são assassinadas nessas condições. Os assassinatos ocorrem de diversas formas: facadas, estrangulamentos, arma de fogo, mas também em diversas situações são apedrejadas, atiradas de alturas, espancadas em praças públicas ou por obrigação de ingerir veneno.

O feminicídio não-íntimo são os crimes cometidos por homens que não tinham relacionamento com as mulheres. A América Latina é uma das regiões mais violentas no mundo em crimes desta natureza. São estupros, assédios e assassinatos pela discriminação de gênero.

No Brasil, segundo dados publicados no portal eletrônico do Jornal Valor Econômico, em 09 de novembro de 2015, mesmo a aprovação da Lei Maria da Penha não logrou reduzir a violência contra as mulheres brasileiras. Dados sobre esse tema organizados pelo sociólogo Júlio Jacobo Waiselfisz , da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO), no documento “Mapa da violência 2015: Homicídio de mulheres no Brasil”, apontam que mesmo após a aprovação da Lei Maria da Penha, há dez anos, não houve redução no número de assassinatos de mulheres em nosso país. A taxa chegou a cair em 2007 – ano seguinte da publicação da lei, no entanto, voltou a subir e em 2008 era 12,5% maior que em 2006.

Ainda de acordo com o mesmo estudo, o crescimento é maior ainda quando a série histórica começa em 1980. Naquele período, a taxa era de 2,3 homicídios por cada 100 mil mulheres. Em 1996, chegou a 4,6%, mas depois disso diminuiu, voltando a crescer a partir de 2008.
No Paraná, os índices de violência contra a mulher são ainda acima da média nacional. Por esta razão, a APP-Sindicato está, há mais de vinte anos, lutando intensamente dentro de uma política permanente de combate à cultura machista, tão presente, inclusive, no interior das escolas e mesmo no mundo sindical.

A partir da criação de Coletivos de combate ao machismo, ao racismo e à homofobia, a entidade vem procurando desenvolver ações que ao mesmo tempo que denunciam a realidade, incidem tanto no processo educacional, como no campo da busca por direitos.

Outra forma de violência é a desigualdade de renda entre homens e mulheres no mundo do trabalho. Mesmo nos países considerados desenvolvidos essa realidade aparece, demonstrando assim, que a violência contra a mulher independe de classe social ou mesmo de diferentes culturas. Esse tema, de ordem mais econômica, deixarei para um próximo artigo.

O que é muito importante neste Dia Internacional da Mulher/2016 é a tomada de consciência e o engajamento de homens e mulheres na mesma luta. Respeito e igualdade de gênero já!

(*) Hermes Silva Leão é professor da rede estadual de Educação Básica do Paraná e presidente da APP-Sindicato

 

Fontes:
http://www.valor.com.br/brasil/4307154/mesmo-com-lei-maria-da-penha-violencia-contra-mulher-e-sistematica
Fonte: http://noticias.terra.com.br/mundo/violencia-contra-mulher/

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