A Secretaria da Educação e do Esporte (Seed) provocou indignação dos(as) professores(as) e funcionários(as) da rede pública estadual ao apresentar, na manhã desta quarta-feira (27), a proposta de um novo plano com mais exigências para o trabalho da categoria durante a pandemia do novo coronavírus. A divulgação aconteceu através de uma transmissão ao vivo pelo YouTube.
Mais de 83% dos(as) profissionais(as) que interagiram com o vídeo manifestaram reação contrária ao conteúdo anunciado pelo secretário da Educação, o empresário Renato Feder. Foram mais de 9,1 mil descurtidas e apenas 1,8 mil curtidas, além de milhares de comentários reprovando a ideia. Após o término da transmissão, o acesso ao vídeo foi excluído.
“A primeira coisa que a gente precisa destacar é a contradição na fala do secretário. Ele afirma que a proposta de aulas remotas aplicada no Paraná seria a melhor do Brasil e melhor até do que a dos países europeus, mas apresenta, agora, a obrigação dos professores fazerem vídeoaulas com os estudantes, como se estivessem na escola, para evitar a evasão”, comentou o presidente da APP-Sindicato, professor Hermes Silva Leão.
Para o dirigente, a proposta do governo tenta jogar para os professores a responsabilidade pelas falhas do ensino remoto implantado sem ouvir a comunidade escolar. “Nós, da APP-Sindicato já vínhamos denunciando que esta decisão de aplicar um processo que a Seed vem considerando como normal, não se combina com a realidade de um período de pandemia”, disse.
Hermes acrescenta que o Sindicato defende a necessidade de ser feito um balanço sobre a situação com a participação dos profissionais da educação, pais, mães e estudantes, para avaliar todo o processo de forma adequada e definir os rumos da educação do Paraná de forma coletiva. “A gente repudia o método autoritário que vem sendo utilizado nessas decisões”, destacou.
Novo plano rejeitado pela categoria
Segundo o secretário da Educação, apesar do plano atual de aulas não presenciais do Paraná ser, nas palavras dele, um sucesso mundial, a Secretaria estima que a continuidade desse modelo de ensino a distância deve provocar uma grande desistência dos(as) estudantes.
De acordo com o novo plano apresentado por Feder, a solução para o problema estaria em obrigar os(as) professores(as) a ministrarem aulas ao vivo pela internet, seguindo os mesmos horários da escala das aulas presenciais, antes da pandemia.
Cada aula teria pelo menos 15 minutos e os(as) professores(as) ainda teriam a atribuição de interagir com os(as) estudantes através das outras plataformas do modelo atual, que inclui aulas pela televisão, pelo YouTube, por um aplicativo de celular e através de material impresso.
“Se a gente não for para videoaulas, a nossa evasão vai ser muito grande. As crianças estão deprimidas, em um situação complicada em casa, sem muita interação humana. E a gente entende nas professoras e nos professores, as pessoas corretas para dar esse amor, dar esse carinho, dar esse estímulo, dar essa motivação”, disse o secretário.
Assim é que se vê!
Com a mobilização da categoria organizada pela APP-Sindicato, horas depois, o secretário divulgou um comunicado voltando atrás. Visivelmente abalado com a repercussão negativa, Feder declarou que não vai ocorrer nenhuma obrigatoriedade da realização de vídeoaulas entre professores(as) e estudantes.