Quando chega dezembro o que todos os estudantes querem é que as férias cheguem logo. Como em resposta aos seus pedidos, a segunda-feira foi de salas vazias na maioria dos colégios estaduais. O motivo, no entanto, não foi a proximidade com o fim do ano e sim um protesto organizado pelo sindicato dos professores no Paraná, APP Sindicato. Desde o início do mês eles estão organizando o que muitos já estão chamando de ‘cruzada’ para que compromissos de governo sejam respeitados antes do fim do mandato do atual governo.
A professora Vilma Terezinha de Souza Pinto, explicou que em toda a região, de 80 a 100% dos professores paralisaram as atividades nesta segunda-feira. “Todos os colégios pararam, alguns por conta própria organizaram conselhos de classe, mas a maioria cruzou os braços em protesto pelo avanço das negociações”, relata.
Segundo ela, as primeiras conquistas já estão surgindo. “O governador já anunciou o decreto da nomeação dos 2.400 professores que passaram no concurso realizado em 2007 no Estado. “Ele falou também do pagamento atrasado dos 1.300 professores do PSS. Neste caso, ele se comprometeu a efetuar o pagamento em folha complementar até o dia 29 de dezembro, antecipando o pagamento normal que ocorre no dia primeiro de janeiro. Essas já foram conquistas que estavam na pauta da paralisação”, afirma. Ela ainda acrescentou que outro avanço graças aos protestos e paralisações é o anúncio de que o 13º sairá até o dia 20 de dezembro. “A gente tinha uma expectativa melhor, no ano passado, todos os professores receberam até o dia 13.”
Desde o início dos protestos, o principal questionamento feito aos representantes da categoria é o motivo das paralisações e vigílias estarem acontecendo tão próximas do final do ano letivo e da troca de governo. “Quando Pessuti assumiu, nos quatro meses que antecederam a eleição, houve uma troca de cargos geral. No caso da educação, houve um grande prejuízo e este que levou a esse final de ano tumultuado. Assuntos que estavam encerrados voltaram a tona, foi uma bomba em cima da outra. A gente teve que fazer uma pressão para que não leve isso para o próximo governo”, pondera Vilma.
De acordo com a líder sindical, os avanços nas negociações vão contribuir para que não se termine o ano com uma expectativa negativa. “A questão do PDE [professores afastados para estudos] ainda está sendo discutida. Conseguimos uma liminar para garantir a revogação do decreto que fere o que está determinado em lei. Mas sobre a carga horária dos alunos, o ano vai terminar com essa grande enrolação na defasagem da carga horária. O governo vai pisar na bola com isso, pois é impossível cumprir a carga”, completa. O problema da falta de professores substitutos afetou todos os municípios, pois o afastamento por licença médica é frequente. “Muita gente aqui eu sei que trabalhou com licença médica para não causar prejuízos, mas nem sempre é possível. Como as famílias acabam não cobrando, o prejuízo está causado”, completa.
Estado – Um ônibus com representantes de NS, entre eles a presidente do NS Campo Mourão, Walquiria Mazzeo, foi para a capital do Estado ontem participar da reunião com os representantes do governo. Na ocasião, o governo anunciou que hoje o Governador Orlando Pessutti assinará o decreto de nomeação de cerca de 2.400 professores aprovados em concurso público realizado em 2007.
Em relação ao pagamento dos 1.303 professores PSS que ainda não receberam os salários, o governo se comprometeu efetuar o pagamento em folha complementar até o próximo dia 29 de dezembro. A APP questionou também a data de pagamento das promoções e progressões de professores e funcionários. Os representantes do governo afirmaram haverá um esforço para até o final do mês quitar os R$ 45 milhões devidos aos educadores.
Uma nova reunião será realizada no próximo dia 21 de dezembro. Nesta data será anunciado o pagamento integral ou um cronograma de parcelamento desta dívida, ainda em dezembro.
Fonte: Tribuna do Interior (14/12/2010) – Ana Carla Poliseli