Os(as) professores(as) brasileiros(as) trabalham mais e ganham menos do que pensa a população. A conclusão faz parte de uma pesquisa realizada pela Varkey Foundation, que revela o nível crítico de desconhecimento do povo sobre os desafios diários enfrentados pelos(as) educadores(as). Dos 35 países avaliados, o Brasil aparece como o que menos respeita e valoriza esses(as) profissionais. Na outra ponta, a China ocupa o primeiro lugar.
Para o presidente da APP-Sindicato, professor Hermes Leão, a pesquisa mostra a consequência da falta de reajuste salarial e da violência que tem sido aplicada contra os(as) professores(as) em todo o Brasil nos últimos anos. Tudo isso “ajuda a criar um ambiente de completa desvalorização da profissão”, afirmou.
Em entrevista para o Jornal Folha de Londrina, edição desta sexta-feira(9), o professor de Filosofia da rede estadual, Bruno Garcia, comentou sobre a pesquisa e acrescentou que as famílias também têm importante papel no processo da valorização dos(as) professores(as). “Falta responsabilidade das famílias para com as atividades educacionais. A escola está isolada”, criticou.
Para o fundador da Varkey Foundation, Sunny Varkey, os índices são uma prova científica de que a desvalorização dos(as) professores(as) na sociedade tem relação direta com o desempenho dos estudantes.
As estatísticas – De acordo com a pesquisa, os(as) brasileiros(as) estimam que os(as) professores(as) trabalham menos de 40 horas por semana, mas os(as) profissionais(as) entrevistados relataram uma jornada bem maior, totalizando cerca de 48 horas.
O distanciamento entre o imaginário e a realidade também é demonstrado sobre o salário dos(as) professores(as). Segundo a pesquisa, eles(as) ganham em média apenas 65% do valor que as pessoas pensam.
Solicitados a classificar 14 profissões, por ordem de importância, entre médicos(as), enfermeiros(as), bibliotecários(as) e assistentes sociais, os(as) brasileiros(as) colocaram os(as) professores(as) na pior posição, comparando com todos os países pesquisados.
O Brasil vai mal também na avaliação do sistema educacional, registrando nota 4,2 em uma escala que vai até 10, na opinião dos(as) entrevistados(as). Mais de 90% dos brasileiros acredita que os(as) estudantes não respeitam os(as) professores(as), índice mais baixo de todos os 35 países avaliados.
Apenas 20% do povo brasileiro encoraja seu(ua) filho(a) a se tornar um professor(a), enquanto na China o índice chega a 50% e na Índia atinge mais da metade (54%) das pessoas.