Bolsonaro pode vetar projeto que amplia número de beneficiários do BPC

Bolsonaro pode vetar projeto que amplia número de beneficiários do BPC

Senado aprovou mudança na regra do BPC para aumentar o limite de renda durante a pandemia

Foto: Agência Brasil

A equipe econômica do governo já avisou que Jair Bolsonaro pode vetar o texto do Projeto de Lei nº 863/2020, aprovado pelo Senado, na última quarta-feira (22), que aumenta de ¼ do salário mínimo (R$ 261,25) para ½ salário (R$ 522,50) o limite de renda para que idosos e pessoas com deficiência vulneráveis possam receber, enquanto durar a pandemia do coronavírus (Covid-19), o Benefício de Prestação Continuada (BPC), no valor de um salário mínimo (R$ 1.045,00).

Numa transmissão pela internet, o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, disse na quinta-feira (23) que a equipe econômica, recomendará que  Bolsonaro vete a ampliação de acesso ao BPC.

A desculpa de sempre do ministro da Economia, o banqueiro Paulo Guedes, é que o gasto do governo será de R$ 15 a R$ 20 bilhões com a medida, esquecendo que a fome tem pressa para milhões de pessoas que poderiam ser beneficiadas com a mudança no limite de renda. Atualmente, o valor estimado em 2020 para o BPC está em torno de R$ 63,2 bilhões.

Segundo dados do Boletim Estatístico da Previdência Social, de fevereiro deste ano, recebem o BPC 4.664.866 de pessoas, sendo 2.071.233 idosos a partir de 65 anos e 2.593.633 pessoas com deficiência. Com o projeto do Senado, o número de atendidos subiria 23%, beneficiando em torno de 1,5 milhão de pessoas a mais.

Os cálculos são da técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) / subseção CUT, Adriana Marcolino. Para ela, se consideramos que o preço da cesta básica na capital de São Paulo, em março deste ano, chegou a R$ 519,76 e o salário mínimo necessário para uma família de quatro pessoas é de R$ 4.347,61, o valor do BPC atende apenas os mais vulneráveis.

“Sabemos que, com a reforma da Previdência, milhões de pessoas perderão o acesso à aposentadoria e o BPC é um benefício que pode dar alguma dignidade na velhice para quem sempre, de certa forma, contribuiu para a geração e riqueza no país”, diz.

Adriana se refere ao fato de que mesmo não contribuindo pelo tempo mínimo à Previdência Social, hoje em 20 anos para homens e 15 anos para as mulheres, milhões de pessoas trabalharam, pagaram impostos embutidos nos preços de mercadorias e de alimentos e não podem ser jogados à própria sorte na velhice.

“O governo precisa entender que essa conta de R$ 20 bilhões nos gastos com o BPC faz parte do papel do Estado, o de proteger a população, especialmente os mais vulneráveis” – Adriana Marcolino

A importância do BPC para os idosos e deficientes

De acordo com estudos realizados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), no ano passado, sem o BPC, a maior parte dos 2 milhões de idosos beneficiados pelo programa seria indigente.

Para 47% dos beneficiários, o benefício é a única fonte de renda e representa cerca de 79% do dinheiro que a família tem para o sustento.

Em 1995, antes da criação do Benefício de Prestação Continuada, 12,6% dos idosos estavam em situação de miséria no Brasil. Em 2019, segundo a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa era de apenas 1%.

Fonte: CUT

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