O autoritarismo do Governo Ratinho já causa estragos na base de apoio na Assembleia Legislativa. A sessão desta segunda-feira pegou fogo por causa da decisão do governador de demitir a presidenta do Conselho Estadual de Educação, professora Graça Saad. A exoneração dela no meio mandato surpreendeu até o líder do Governo na Casa, Hussein Bakri, que passou o vexame de não ter como explicar aos colegas deputados a manobra autoritária do governador.
A bronca na Assembleia começou quando o primeiro secretário, Luiz Cláudio Romanelli (PSB) cobrou o secretário Renato Feder, pelos desmandos na Educação do Paraná. Ele pediu que o secretário seja convocado pela Comissão de Educação da Assembleia. Para Romanelli, as atitudes de Feder demonstram uma postura autoritária do secretário. Outros deputados pediram a palavra para questionar decisões e condutas de Feder.
A avaliação de Romanelli sobre o autoritarismo do empresário secretário da Educação é confirmada por Taís Mendes, representante da APP-Sindicato no Conselho Estadual de Educação. “Esse episódio só reafirma a prática autoritária da Secretaria. Se o secretário telefona para a presidenta do Conselho e diz a ela que está destituída, imaginem o que ele não faz com alunos e educadores(as)”, afirma Taís.
O autoritarismo que caracteriza a gestão de Feder desta vez se manifestou dentro do Conselho Estadual de Educação, não deixando dúvida sobre sua intenção de avançar sem limites. “O secretário quer fazer as coisas sem observar a função normativa que o conselho tem. Basta ver a insistência dele, que queria manter o retorno das aulas presenciais mesmo com o agravamento da pandemia”, apontou Romanelli.
A gestão democrática e legalista do Conselho por Graça Saad era incompatível com os princípios autoritários e mercadológicos da Seed, por isso a presidenta foi substituída de maneira incomum, no meio do mandato, depois de ter sido nomeada pelo próprio governador. “A presidente Graça pautava democraticamente todos os pedidos de denúncias e esclarecimento que chegavam ao Conselho, feitas por entidades ligadas à Educação e até mesmo pelo Ministério Público. Agia de acordo com o regimento do Conselho. Esta forma transparente de seguir a legislação devia estar desagradando quem tem uma visão autoritária”, analisa Taís Mendes.
O desrespeito do empresário Feder ao Conselho e às suas atribuições foi destacado por Romanelli na sessão da Assembleia Legislativa. “A Seed tem tomado decisões que são próprias do Conselho e depois ela envia ao Conselho como se ele tivesse que referendar o que pretende o senhor Renato Feder. Esta visão autoritária que o secretário vem tendo na minha avaliação é um desserviço à educação. Um conflito permanente que não vai levar a lugar nenhum”, discursou o deputado. “O Conselho não pode ser um puxadinho da Secretaria da Educação”, defende Taís.
A lavação de roupa suja na Assembleia deixa claro as dificuldades do Governo Ratinho em impor sua agenda na Educação. “Esse governo tem o perfil autoritário, que se manifesta por exemplo na militarização das escolas; e da mercantilização, que trata a Educação como mercadoria e a escola como empresa”, explica Taís Mendes.