Movimentos sociais participaram no final da tarde desta terça-feira (3), no centro de Curitiba, de uma aula pública em defesa das empresas estatais. Com parte do patrimônio público na mira das privatizações do Governo Federal, representantes de entidades ligadas à Frente Brasil Popular repassaram informações sobre consequências de eventuais vendas de empresas públicas.
A manifestação fez parte de uma agenda nacional. Diversos atos aconteceram em variadas regiões do Brasil com este objetivo. No Rio de Janeiro, por exemplo, uma grande marcha levou milhares de pessoas às ruas. “Privatizações fazem parte da agenda do golpe. Nós alertamos que não era um golpe contra uma presidenta ou um partido, mas sim, contra o povo brasileiro. Vender empresas públicas, que tem papel importante no desenvolvimento do País, representará décadas de retrocessos econômicos e sociais”, garantiu a presidenta da CUT Paraná e uma das coordenadoras da Frente Brasil Popular no estado, Regina Cruz.
Dirigente da federação dos trabalhadores bancários, Marisa Stédile, participou ativamente da luta contra a venda do Banestado, no início da década passada. Segundo ela, existem algumas semelhanças entre ambos os momentos políticos. “Havia uma força muito grande do Governo Federal com essa política neoliberal de privatizações. Esse governo golpista, do Michel Temer, tem a mesma característica. É um governo alinhado com o capital estrangeiro e sem compromisso com programas sociais ou soberania nacional”, avalia Marisa.
De acordo com ela, uma eventual venda da Caixa Econômica Federal ou do Banco do Brasil terá impacto direto na população.”Eles podem ser usados como parâmetros de juros e tarifas, além de exercerem papel importante em programas sociais, como a Caixa o faz no financiamento habitacional ou no Fundo de Garantia. O Banco do Brasil, por sua vez, atua intensamente no financiamento agrícola”, exemplificou.
Representante da Federação Única dos Petroleiros (FUP) no ato, Anacelie Azevedo, criticou a proposta do senador José Serra (PSDB-SP) de votar, em regime de urgência, uma medida provisória que reduz impostos de empresas estrangeiras no leilão do pré-sal marcado para o final de outubro.
“Esta isenção, ainda maior das empresas de capital estrangeiro, vai resultar em um impacto de R$ 1,4 bilhão que deixará de ser arrecadado somente neste leilão”, apontou. “Empresas privatizadas também transferem tecnologia. Nós dominamos a exploração do pré-sal e conseguimos baratear o processo de extração que está sendo entregue”, completou.
Outra estatal ameaçada de privatização, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, atualmente enfrenta uma greve que já dura 14 dias. A empresa já anunciou uma reestruturação que em um primeiro momento levará ao fechamento de 2.500 agências. “A população será a maior afetada, como o aposentado, por exemplo, que precisa de um banco postal”, avalia o secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores do Correio do Paraná (Sintcom-PR), Marcos Rogério Inocêncio, o China.
Ainda de acordo com ele, a empresa avalia a possibilidade de mudar a frequência com que as cartas e encomendas são entregues. “Hoje entregamos todos os dias. Mas há um projeto para entregar dia sim e dia não. A população é que será a maior afetada”, disparou. O dirigente também disse que a categoria luta contra a terceirização na empresa.
Fonte: CUT Paraná