Audiência Pública: educadores(as) injustiçados(as) são exemplos das consequências da Resolução 113/2017

Audiência Pública: educadores(as) injustiçados(as) são exemplos das consequências da Resolução 113/2017


A manhã desta quarta-feira (05) foi iniciada com a Audiência Pública, na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), contra a Resolução 113/2017, conhecida como Resolução da Maldade, assim, dando continuidade a mais um dia intenso de debates seguido por uma reunião na Secretaria de Estado da Educação (Seed/PR). O encontro teve participação de representantes da educação, entre professores(as) e funcionários(as) de escola, vereadoras, prefeito, além de deputados estaduais apoiadores da pauta e da defesa dos direitos dos(as) servidores(as) públicos(as).

No encontro, muitos temas da educação foram debatidos, incluindo desde a fundação da primeira escola no Brasil até o processo educacional e de formação da categoria, que hoje luta arduamente pela manutenção dos seus direitos. Foram apresentadas questões contra as imposições do governo do Estado e quais os reflexos das medidas do governo Federal, assim como a terceirização que também afeta a sociedade, a educação e o serviço público em geral.

O presidente da APP-Sindicato, professor Hermes Leão, saudou todos(as) os(as) participantes dessas lutas intensas e direitos a favor da educação pública, afirmando que as denúncias dos graves efeitos da Resolução vão continuar sendo feitas, além de outras medidas para reverter esse quadro grave no Paraná. “Concentraram poder de debate e definições por atas – que não conseguimos ter acesso – em um grupo de cinco pessoas, sem ter debates com a comunidade. Leis foram desconsideradas e por isso as nossas lutas. Cunho cruel da Resolução que visa penalizar aqueles que ficaram doentes, ou seja, uma força autoritária e ilegal”, enfatizou o professor Hermes, lembrando que hoje as pessoas estão trabalhando doentes por medo de ficar sem aulas no próximo ano.

Desde janeiro, cerca de 10 mil educadores(as) estão desempregados(as) e o quadro de processo de adoecimento acentua-se com comprometimento na qualidade do ensino. É notório o impasse grave e sem mesa de negociação.

A secretária educacional da APP, professora Walkiria Mazeto, lembra o final do ano de 2016 com a greve da categoria em busca dos direitos e o início de 2017 com as férias interrompidas. “A Resolução 113 pegou todos de surpresa e vários são os relatos de educadores. Somos um dos únicos estados em que o governo continua fazendo concurso de 20 horas. O Estado só oferta concurso de 20 horas para professor. Como negar neste momento a possibilidade de dobrar a sua jornada para a sobrevivência?”.

A realidade imposta e sentida no cotidiano

A professora, pesquisadora e sindicalista gaúcha Juçara Dutra Vieira participou pontuando algumas questões vividas no ambiente escolar, com reflexões da conjuntura e da realidade brasileira,  enaltecendo a Audiência pelo papel importante para debater a pauta. “O processo de urbanização demandou a criação de escolas públicas que proliferaram no país. Ampliação ao acesso e do direito à educação, rebaixamento salarial e mais alunos em sala. Os profissionais da educação pagaram e contribuíram de alguma forma para que mais crianças estejam nas escolas. Defendemos pautas de valorização profissional e de uma gestão democrática. Escola pública é um direito da população. Precisamos ter bons profissionais com formação e salários adequados, com condições de trabalho previstas em carreira”, reforçou Juçara Vieira.

Confira os apoios à nossa pauta:

“Qual o motivo que adoecemos como funcionário e professor? Hoje debateremos isso. Se não fosse o trabalho da APP e de outros dirigentes não teríamos vários outros direitos e nem carreira de magistério no Estado, assim como o Fundo de Previdência. Conquistas promovidas pela APP a favor da juventude e da educação”, Professor Lemos (PT).

“Frontalmente contra as medidas tomadas da hora-atividade e descontos. É uma ação administrativa, mas, não é justa esta diferença. Minha relação com a APP-Sindicato é baseada em diálogo, é assim que acredito. Quero lutar junto para reverter essa situação”, Hussein Bakri (PSD).

“Não é fácil a luta enfrentada, principalmente nos últimos dois anos também aqui na Assembleia pelo nosso posicionamento diferente. Dificuldades na educação básica e nas universidades. Vamos continuar juntos na batalha de defesa do ensino público do Paraná”, Tercílio Turini (PPS).

“Acompanhamos diariamente e sabemos que não está fácil a luta dos interesses públicos. Quero contribuir para avançar, mas, observo que a educação não está sendo prioridade ao governo. Se os profissionais não trabalham satisfeitos e trabalham doentes para garantir a sobrevivência na profissão, como podemos imaginar o aprendizado com qualidade? Cada ano letivo se inicia e surgem problemas. Não podemos jamais nos curvar”, Palozi (PSC).

“Estamos atravessando momentos difíceis, mas, podem ser superáveis em conjunto. Sozinho ninguém faz nada. É um processo no mundo de retirada de direitos. As pessoas estão nas ruas contra as pautas”, Tadeu Veneri (PT).

“Nos últimos anos o governo tem tratado os servidores com descaso, não conversando e fechando as portas. Tem orçamento sim, mas não chega aos destinos que deveriam. Precisamos olhar para os servidores públicos, que atendem a população. O servidor trabalha e faz a sua parte para que o serviço público seja de qualidade. Parece que o nosso governo tem uma rixa com os servidores”, Nelson Luersen (PDT).

“Em uma das andanças pelo Paraná conheci uma professora, a Mafalda, com câncer e entrou na justiça para rever as suas aulas. Hoje, com 20 aulas, ela não consegue se manter. São vários casos que presenciei. Desrespeito e perseguição aos educadores. Os professores têm o meu respeito e quero contribuir”, Evandro Araújo (PSC).

“Parece que o governador Beto Richa escolheu a educação como seu principal ataque. Começando pelo Massacre do dia 29 de abril, entre outros enfrentamentos duros. Vou a diversos lugares e as pessoas contam histórias tristes na educação, de enfermidades. A realidade que a APP e os educares conhecem bem. A luta é dura e não vamos recuar nenhum milímetro. Com vocês a nossa força se revigora”, Nereu Moura (PMDB).

“A Resolução revela o caráter do governo Beto Richa. É um ato de terror do governo contra a escola pública paranaense. Uma ameaça permanente retirando direitos”,  Péricles de Mello (PT).

“Acompanho o descaso desse ´desgovernador´ que está acabando com a nossa carreira e dignidade. O 29 de abril não aconteceu só naquele ano, acontece todos os dias”, vereadora professora Suzete (PMDB), do município de Santa Fé, noroeste do Estado.

Direto da vida prática, professores(as) e funcionários(as) se emocionam e contam as suas histórias mediante as imposições que recaem na educação.

Professora Maria de Fátima –  “Com os critérios fui ao final da lista e obrigada a pegar aulas em sete escolas diferentes – ou assinava uma carta abrindo mão delas. Pego três ou quatro ônibus por dia para ir de uma escola a outra. Não me deram oportunidades para pegar outras aulas. Não está sendo produtivo nem para mim e nem aos alunos”.

 

Professora Talita – “Estou aqui para expor a situação porque se trata da vida das pessoas. Ter direito à licença maternidade sem prejuízo. Diferente do que algumas pessoas pensam que os professores não gostam do que fazem. Não! Sou professora porque gosto e acredito na educação. Mas, o governo está acabando com a vida de muitas pessoas com a Resolução, com salários cortados que ferem as legislações federal e estadual. Por mesquinharia cortaram o pouco que ganhávamos”.

 

Professora Sônia Vieira, de Foz do Iguaçu – “Há 30 anos na profissão.  Tenho aqui o meu laudo emitido. Sou humana! E na minha profissão, estatisticamente, é a que mais adoece. Foi inventada uma Resolução que tira o meu direito de trabalhar. Quero minhas aulas de direito, na escola que sou nomeada”.

 

Professora Sandra, de Foz do Iguaçu – “Há 20 anos na mesma escola e foi punida. Gostaria de pedir para as autoridade presentes a lei que nos protege nessa situação. É injusto! Tive uma hérnia e segurei o máximo que consegui para fazer a cirurgia. Estive doente, fiz a cirurgia, cumpri a licença e ganhei alta, mas, agora estou proibida a pegar as 20 horas para completar a carga de 40 horas para pegar o salário integral”.

 

Professora Benedita Neves – “Tiraram as minhas aulas e de milhares de professores PSS que agora estão em casa com depressão e chorando pelas dificuldades. É vergonha para o Estado. Muitos professores não vão conseguir chegar vivos até o final do ano por causa dessa maldade do governo Beto Richa”.

 

Professora Dinalva –  “Quero fazer um apelo ao governador para que tenha piedade porque os professores estão desgastados. Salas lotadas, não temos planos de saúde”.

 

Funcionário de escola Paulo, de Curitiba – “Não temos que pedir piedade e sim cadeia! Estamos sofrendo hoje como funcionários. Somos funcionários e estamos nos desdobrando. Na nossa escola tivemos duas aposentadas agente I e não tivemos reposição. Os funcionários estão adoecendo com a dupla carga para cobrir as ausências. Nossa situação está sendo igual a dos professores”.

 

Professora Elisângela, de Palotina – “Há 15 anos no Estado, adoeci e tive que me ausentar em junho de 2016 e voltei em 2017. No Núcleo falam muitas vezes que usamos de má-fé. Fiz todo um trabalho para me recuperar, antes nunca havia faltado. Antes de punir, investiguem a nossa pasta, de cada professor, analisem e vejam as doenças que cada um tem”.

 

Professor André – “Com uma alteração psíquica acentuada, com laudo, tornei-me inválido para a realização das minhas atividades. Passei por tratamentos com medicamentos fortes e agora a história se repete assim como muitos colegas”.

 

Professor João Carlos, de Alto Piquiri – “Há 29 anos como professor de língua portuguesa e inglesa, aguardando a aposentadoria.  Passei o ano inteiro com problemas sérios na coluna e buscando tratamentos.  Agora estou apto a dar as 20 horas do padrão. Mas, a pergunta é porque não estou apto a dar as 40 horas? Que país é esse? Que estado é esse que estamos vivendo? “.

 

 

 

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