Nesta terça-feira (10) de manhã, aconteceu a Audiência Pública com o tema “Queda do Ideb – Reflexo da Corrupção na Educação do Paraná”, na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), organizada pelo mandato do deputado Requião Filho (PMDB). Professores(as), funcionários(as) de escola e alunos(as) de colégios e universidades marcaram presença justamente pela relevância quando se aborda a educação.
O debate alerta a educação como uma arma em potencial para frear a corrupção, em especial ao que se refere ao cenário paranaense. No panorama de 2018 e pelo estudo do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), o Paraná não atingiu a meta de 4,5%. Os questionamentos se baseiam em dados estatísticos. Mas como isso interfere na qualidade do ensino e para a comunidade escolar?
Um apontamento grave feito refere-se sobre o que está acontecendo para ter ocorrido a efetiva perda de matrículas na rede estadual de ensino, além da diminuição do tempo de permanência dos(as) jovens nas escolas. Isso também se comprova no número de estudantes nas universidades públicas comparado às universidades particulares.
A professora Yvelise Arcoverde, ex-secretária de Educação do Paraná e ex-presidente do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Educação (Consed), ressalta alguns pontos mais críticos. “Na realidade não existe queda do índice e temos que ter a referência para avaliar. No Brasil, nos últimos 20 anos, existe uma discussão de que teríamos que trabalhar com projeções à educação nacional e não fazer nada no amadorismo e afogadilho. Teríamos que ter metas a cumprir e poder elevar essa educação, que estava em um nível crítico grande, e foi um compromisso assumido desde a década de 90 da educação como um direito a todos com qualidade. O próprio país recebeu esse compromisso para se chegar a um patamar suficiente aos países internacionais. No Paraná, ocorreu que antes tínhamos um índice muito acima da meta. Porém, hoje em dia, não atingimos essa meta e os gráficos mostram. A nota poderia ser 8 ou 9, mas o que se esperava ao Paraná houve uma estagnação. Isso é preocupante porque implica em várias análises e causas, como aspectos gerenciais da educação. Existem outras avaliações que confirmam ou não esses fatores, além do Ideb”.
O desafio da escola pública do ponto de vista do financiamento com arestas da inclusão, qualidade e aprendizagem para todos(as), foi apontado pela professora Andréa Gouveia, do departamento de Educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Para a diretora da APP-Sindicato e funcionária de escola, Nádia Brixner, a educação de qualidade só acontece quando todos(as) os(as) profissionais da educação são valorizados(as) com carreira de qualidade, formação inicial e continuada, quando tem condições de trabalho e salário digno. “Não podemos pensar em educação sem envolver dignamente, funcionários e funcionárias, professores e professoras, estudantes e toda a comunidade escolar neste debate”.
Para o secretário de Saúde e Previdência da APP, professor Ralph Wendpap, oIdeb é importante, mas não é único. “Existem outros dados, assim como o Censo Escolar, que mostra a questão das dificuldades, por exemplo, o grande número de alunos e alunas que se evadiram da rede estadual e que foram para a particular, entre outras situações e números apresentados pelas professoras”.
Ao final, o presidente Hermes Leão, enalteceu essa iniciativa para refletir as condições desumanas que os(as) profissionais da educação vivenciam no dia a dia da escola. “Assim como o histórico dia 30 de agosto de 88 para a educação. São 30 anos e fica memória da greve e do Dia de Luto e Luta, que é um marco da violência e do desrespeito com a educação. A falta de valorização da educação no nosso país ainda perpetua em nossa sociedade. Hoje, aqui, a perspectiva de metas foi muito bem apresentada. Precisamos de uma República democrática e de paz”.
Participaram também a vice-presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), professora Marlei Fernandes, o presidente do Conselho de Alimentação Escolar do Paraná, Eurígenes Bittencourt (CEAE-PR), e o deputado Professor Lemos (PT).