É quarta-feira, 10 de novembro. Uma aluna negra do 9º ano do Colégio Cívico-Militar Sebastião Saporski, de Curitiba, volta do intervalo, abre o caderno e se depara com o horror:
“Onde já se viu preto nesse colégio”, “preta desgraçada”, “só menina branca é bonita”, “no Saporski não tem lugar pra gente preta”.
O ato covarde, rabiscado nas folhas, desperta a revolta dos colegas do colégio e de outras escolas da região, culminando em uma onda de solidariedade.
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Na manhã de quinta, estudantes confeccionaram dezenas de cartazes, receberam a colega com aplausos e realizaram um ato com os punhos cerrados ao alto, gesto de resistência associado a movimentos antirracistas.
Na página de Instagram criada em apoio à aluna, as mensagens antirracistas se multiplicam. Já são quase 500 seguidores(as) em menos de 24h.
A aula de resistência demonstra que não há lugar para o racismo nas escolas do Paraná.
“É revoltante que isso ainda aconteça no interior dos colégios, mas a reação dos colegas é a prova da importância de uma educação e de uma escola antirracistas”, avalia Luiz Carlos dos Santos, secretário de Promoção de Igualdade Racial e Combate ao Racismo da APP-Sindicato.
Luiz alerta para a falta de compromisso da Seed com a implementação da Lei 10.639, de 2003, que trata da obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira e africana, e lembra da censura à expressão da identidade negra em escolas cívico-militares que não aceitam determinados cortes de cabelo.
“Os(as) estudantes precisam sentir no espaço escolar a segurança e o acolhimento para fazer as denúncias. A luta antirracista é um dever de todos. Queremos que estes(as) alunos(as) saibam que podem contar com a APP.”
O Sindicato cobra providências da Seed e uma rápida apuração do ocorrido. Como afirma uma das imagens publicadas no Instagram: “Nós não vamos nos calar, racismo é crime. A nossa luta só começou.”
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