Sob gritos de “pague a data-base” que vinham dos servidores e servidoras que ocupavam os balcões da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), o secretário da Fazenda do Estado, Mauro Ricardo, apresentou a prestação de contas públicas do governo do Paraná, no primeiro quadrimestre do ano. A cada manifestação dos trabalhadores e trabalhadoras, uma ameaça de suspender a apresentação era feita pelo presidente da Casa, Ademar Traiano (PSDB). O clima era de revolta de quem ouvia e de satisfação por parte dos(as) que estão retirando direitos do povo.”Os servidores já estão muito bem atendidos”, afirmou Mauro Ricardo, sorrindo para as galerias.
A sessão foi suspensa porque Traiano e Mauro Ricardo não admitiram o coro de manifestos. Mais uma prova de que “o Poder Legislativo do Estado tem, cada vez mais, se comportado de forma antidemocrática, sendo contrário à livre expressão. É mais uma violência do presidente da Assembleia Legislativa que resolveu suspender e encerrar a sessão de forma unilateral “, considera o presidente da APP, professor Hermes Silva Leão.
O que indigna a categoria, é que o Paraná teve uma arrecadação 5,7% maior do que no mesmo período do ano passado. Nestes primeiros quatro meses, foram quase R$ 3 bilhões a mais nos cofres públicos, mas, mesmo assim, os direitos de professores(as) e funcionários(as) continuam não sendo pagos sob justificativas de falta de verbas.
O professor Dirceu Ferreira, de Curitiba, que acompanhou a prestação de contas, relaciona o descumprimento da lei da data-base com a qualidade do ensino dentro da sala de aula. “Vivemos e trabalhamos com um acúmulo de mais de um ano de problemas nas escolas. É a reposição que não vem, é a hora-atividade que diminuiu, são os casos de doenças que estão sendo tratados com punições. Claro que tudo isso afeta o professor e o ensino. Os funcionários têm passivos a receber. Gera um estado de desmotivação. O governo assumiu compromissos na greve e não cumpriu, isso é revoltante”, lamenta o educador.
A professora aposentada Zenaide Maykotun, de Ivaiporã, enfatiza “eu sou aposentada e sei que tudo que temos hoje foi obtido com muita luta, nada caiu do céu. Nós, aposentados, temos como sair e vir manifestar. Hoje os professores da ativa estão amedrontados nas escolas. Eu estou na luta por mim e por eles”.
A APP vem, desde o início do ano, estudando os números do Estado, apresentados no Diário Oficial e no Portal do governo. A direção estadual e assessoria técnica são firmes em alertar que os dados apresentados na sessão suspensa não coincidem com os números oficiais do Estado e reafirmam: é possível pagar a data-base!