Artigo: O maior presente de Natal do governo Ratinho Jr. (PSD)

Artigo: O maior presente de Natal do governo Ratinho Jr. (PSD)

Agente educacional e especialista em gestão escolar, Luiz Fernando Rodrigues escreve sobre o Natal de maldades do governo Ratinho Jr. e aponta caminhos para reverter os ataques contra a educação

Manifestação organizada pela APP-Sindicato em Curitiba contra a privatização das escolas reuniu mais de 20 mil educadores - Foto: Bruna Durigan / APP-Sindicato

Natal, segundo a tradição, sempre é tempo de abrandar o coração, presentear as pessoas, ser mais solidário. Quem acompanha a imprensa paranaense e os canais do governo do Paraná, chega a acreditar que o governador do Paraná, reeleito com 70% dos votos para um segundo mandato, está cumprindo a tradição.

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As notícias dão conta de que bondosamente, Ratinho antecipou o salário dos servidores, ampliou o auxílio alimentação, contratou mais professores, “concedeu” progressão a professores da rede estadual. Ledo engano. O salário de dezembro só foi depositado antecipadamente para beneficiar o “mercado”, ansioso pelo dinheiro dos quase 300 mil servidores estaduais. O auxílio-alimentação foi ampliado para, praticamente, todas as categorias, MENOS para os professores da educação básica – categoria com os menores salários do governo. Já a progressão, deveria ter sido efetivada em outubro e é um direito conquistado com muita luta do sindicato e da categoria. Ou seja, nada de novidade.

As manchetes não contam que o governo do Paraná foi derrotado no Superior Tribunal de Justiça e, mesmo assim, insiste em “roubar” a hora-atividade dos professores. Também não divulgam que o mesmo governo não paga a reposição da inflação aos servidores há sete anos, acumulando uma dívida de quase 40%, ou seja, de cada R$ 100 que temos direito, R$ 40 ficam nos cofres do governo.

Este mesmo governo quer cortar a gratificação de uso de tecnologias, a qual professores têm direito, acabou com a licença prêmio, criou escolas militarizadas para distribuir verbas a policiais aposentados sem qualquer mudança significativa na qualidade da educação, persegue e pune diretores que questionam políticas educacionais equivocadas. Ratinho, Renato Feder e Roni Miranda são questionados por licitações de locação de equipamentos e distribuem milhões a empresas por plataformas digitais, no mínimo, questionáveis.

O estado que se vangloria de ser o primeiro no Ideb, não informa as medidas absurdas para alcançar o índice. Pressão sobre diretores e pedagogos, que acabam sobre os professores também. Treinamento dos alunos através da Prova Paraná para que estejam preparados apenas nos conteúdos que avaliam o Ideb. Pressão constante por presença e aprovação, inclusive com metas de número de alunos que podem ser reprovados por turno, por escola.

A educação virou mercadoria nas mãos de pseudo-empresários que assumiram o governo do estado. A escola, que deveria ser o lugar da felicidade dos estudantes, passou a ser um lugar de obrigatoriedade, perseguição e coação. Que futuro se reserva a estes jovens? E a nós? Que profissionais teremos para nos atender nos escritórios, consultórios, prestando serviços?

Mas a cereja do bolo, o grande presente de natal do governador, não é para a população, tampouco para os servidores. A caixa de presente mais frondosa ficou para os grandes grupos empresariais que “ganharam” uma verdadeira “galinha dos ovos de ouro”. Como se não bastasse a privatização de rodovias, ferrovia, Copel, Celepar, Compagas, agora as escolas públicas, serão, segundo Ratinho, administradas por empresas que receberão muito recurso público para lucrar com a gestão das unidades. Empresas como as do bilionário Lemann – aquele envolvido no escândalo das “Lojas Americanas”.

Mesmo derrotado nas urnas, com apenas 11 comunidades aprovando a privatização, o governador se vale agora de um decreto absurdo e questionado judicialmente, que ignora a voz de pais, estudantes e educadores e decide por eles para quais de seus “amigos” as escolas serão entregues.

O fim de ano indica que o “futuro já começou” e será de muita luta contra os abusos e autoritarismos de um governo forjado no esgoto da política paranaense. Infelizmente, a contaminação já alcança um patamar absurdo. Mas ainda é possível e tangível limpar isso tudo. Só a nossa unidade e consciência serão capazes de reverter tamanho retrocesso. Sim, é possível. Afinal estamos aqui, de pé, mesmo com tantos ataques. Esperançar é preciso!

Artigo de Luiz Fernando Rodrigues: agente educacional II, profissional de marketing, especialista em gestão escolar, foi secretário de Comunicação da APP-Sindicato.

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