A Direção estadual da APP-Sindicato se manifestou sobre declarações da chefia do Núcleo Regional de Educação (NRE) de Londrina que distorcem orientações do sindicato, classificando os(as) profissionais que têm questionado o ensino a distância imposto pela Secretaria da Educação (Seed) como “os que não querem trabalhar”.
Em nota, o sindicato repudia falas de Jessica Elizabeth Gonçalves Pieri e enfatiza que “A orientação (do Sindicato) é para que os conselhos escolares rechacem o modelo de educação a distância imposto pela SEED, que não atende às necessidades educacionais, é excludente, tem gerado confusão e desinformação na comunidade escolar”.
Em outro trecho, a APP-Sindicato destaca que “O que Jéssica Pieri, chama de “mi mi mi” e de dificuldades apresentadas por “questionamentos” dos(as) professores(as) representa a insuficiência do modelo denunciado em cada escola pelos(as) profissionais da educação, onde os(as) estudantes não têm conseguido acessar as plataformas”.
A nota ainda “reafirma a necessidade da luta coletiva para suspensão do calendário escolar e da efetivação de uma proposta construída em conjunto com as escolas, profissionais da educação e pesquisadores(as) da área sem prejuízo de férias, finais de semana ou qualquer solução ou medida que imponha carga horária exaustiva aos(às) profissionais, alunos(as) e famílias”.
Aulas “meia boca”, “para inglês ver”
Segundo o presidente do Núcleo Sindical da APP-Sindicato em Londrina, professor Márcio André Ribeiro, as declarações da chefe do NRE foram feitas durante um vídeo transmitido ao vivo, pela internet, na última segunda-feira (13).
“Lamentamos profundamente a postura e as orientações da professora. A gestão da educação pública precisa pautar-se no ambiente democrático, de diálogo e através de sua instância máxima que é o Conselho Escolar de cada comunidade escolar”, disse Márcio.
No vídeo, Jéssica admitiu que “esse trabalho que a Seed tem feito, tem muitos erros ainda”. Segundo ela, “meia boca a gente já está dando aula, pra inglês ver”. Mas, a subordinada ao empresário Renato Feder, secretário da Educação, também minimizou as críticas e as reclamações fazendo comparações entre os(as) professores(as) e profissionais da iniciativa privada, como entregadores(as) de pizza, médicos(as) e advogados(as).
“Veja se o entregador de pizza, o delivery, veja se o médico, o advogado, vai falar: ah! eu não vou usar o meu celular para o meu trabalho. Isso não existe. Isso aqui (mostrando um celular), hoje é material de trabalho. Todo mundo usa e ninguém chega na empresa e fala: olha, você vai me dar celular para eu trabalhar? Isso não existe gente”, disse ela.
Para o presidente da APP-Sindicato em Londrina, a fala da chefe do NRE deixa evidente sua falta de entendimento e compreensão da necessidade de envolver toda a comunidade escolar na gestão da educação. “Não é essa a educação pública, de excelência, plural, inclusiva, democrática e emancipadora que a sociedade paranaense almeja”, comentou.
Leia abaixo a íntegra da nota.
Nota de repúdio
A APP-Sindicato repudia declarações da Chefe do Núcleo Regional de Educação (NRE) de Londrina, Jessica Elizabeth Gonçalves Pieri, em reunião on-line com direções e secretários(as) de escola, realizada no dia 13 de abril de 2020.
A chefe do NRE distorceu orientações dadas pela APP-Sindicato, afirmando que a entidade haveria feito orientação para que professores(as) se recusem trabalhar no sistema EaD, classificando os(as) profissionais que têm questionado a organização imposta pela SEED de “os que não querem trabalhar”.
Até o momento a categoria não está em “greve on-line” ao modelo EaD imposto. A orientação é para que os conselhos escolares rechacem o modelo de educação a distância imposto pela SEED, que não atende às necessidades educacionais, é excludente, tem gerado confusão e desinformação na comunidade escolar.
O que Jéssica Pieri, chama de “mi mi mi” e de dificuldades apresentadas por “questionamentos” dos(as) professores(as), representa a insuficiência do modelo de EaD denunciado em cada escola pelos(as) profissionais da educação, onde os(as) estudantes não têm conseguido acessar as plataformas.
Vários relatos destacam que, até o momento, menos de um terço de alunos(as) por turma tem acessado as plataformas digitais e retornado as atividades propostas, demonstrando a incapacidade do modelo em atender a maioria dos(as) estudantes e famílias.
Os(as) profissionais da educação, nesse momento de excepcionalidade, não merecem essa forma de tratamento marcada por assédios e ameaças. Nossos(as) estudantes não podem ter como respostas soluções “meia-boca” que os desconsiderem enquanto sujeitos(as) e que ignore as diferentes realidades que cada família possui.
A APP-Sindicato reafirma a necessidade da luta coletiva para suspensão do calendário escolar e da efetivação de uma proposta construída em conjunto com as escolas, profissionais da educação e pesquisadores(as) da área sem prejuízo de férias, finais de semana ou qualquer solução ou medida que imponha carga horária exaustiva aos(às) profissionais, alunos(as) e famílias.
Direção estadual da APP-Sindicato
Curitiba, 17 de abril de 2020.