A proposta de retorno das atividades presenciais nas escolas paranaenses voltou ao debate dos poderes públicos do Estado, mesmo diante de um quadro grave que o Paraná enfrenta atualmente. Considerando a importância da manutenção do ensino no estado, mas também preocupada com a saúde de estudantes e trabalhadores(as), a APP-Sindicato enfatiza que não há possibilidades de retorno presencial sem a vacinação em massa de profissionais e alunos(as) da rede pública.
Além da Secretaria de Estado da Educação e Esportes (Seed), que na gestão do empresário Renato Feder não se preocupa com a saúde dos(as) educadores(as) e estudantes e considera a possibilidade do retorno, setores ligados à base do governador insistem em considerar o retorno das aulas presenciais, ignorando a atual situação da pandemia.
De acordo com o Boletim da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), publicado na última quarta-feira (7), o Paraná registrou uma crescente contaminação e contabilizou mais de 863 mil casos de Covid-19. Ainda segundo o boletim, a ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) exclusivas para Covid-19, para adultos, na rede pública do estado é de 96%, com 76 vagas livres e mais de 433 óbitos da doença.
Os números alarmantes no Paraná não parecem comover setores ligados ao governo, que em Audiência Pública realizada na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), defenderam o retorno das atividades presenciais tanto no para escolas públicas, quanto privadas. Segundo a direção estadual da APP-Sindicato, a audiência não levou em consideração o contraditório, que aponta a incapacidade e a falta de gerência de protocolos sanitários para o retorno presencial.
“Durante a audiência ninguém questionou o fato de que a movimentação de mais de 1 milhão de estudantes no Paraná só agravaria a situação da pandemia, ou então que os(as) Professores(as) e Funcionários(as) não imunizados seriam agentes de transmissão do Covid-19 para estudantes. Não levantaram a hipótese que estudantes assintomáticos(as) poderiam ser agentes de transmissão para os(as) próprios(as) colegas, trabalhadores(as) ou familiares. Então entendemos que este momento não é o momento para o retorno das aulas presenciais”, destaca o secretário de Assuntos Municipais, Celso dos Santos.
Com uma das piores políticas de combate à pandemia, o Paraná chamou a atenção de pesquisadores(as) que avaliaram o quadro no estado, principalmente levando em consideração a proposta de retorno das atividades presenciais. O pesquisador Lucas Ferrante, doutorando em biologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), que alertou as autoridades para o colapso da saúde em Manaus, considera que a pressão para o retorno das aulas presenciais no Estado apresenta grande risco para a população.
“As proporções que isso (o retorno das aulas presenciais) vai tomar são extremamente preocupantes para todo o Brasil. Nós temos uma pandemia que não está controlada, não foi realizado um isolamento social adequado e nós temos um alastramento da P1 (nova variante), que é duas vezes mais transmissível e também a carga viral maior no organismo dos infectados”, completa Lucas Ferrante.
Diante deste quadro alarmante, a APP-Sindicato aponta a necessidade do retorno das aulas presenciais quando os(as) trabalhadores(as) da educação e estudantes receberem imunização, garantindo assim a segurança para os(as) profissionais e também para alunos(as) e familiares. O sindicato reforça que continuará lutando por um modelo de educação que garanta a saúde e um ensino de qualidade para os(as) estudantes.
Confira comunicado do APP-Sindicato na íntegra: