A denúncia das violências cometidas pelo governador Ratinho Jr contra a Educação e o serviço público paranaense marcou o ato feito nesta quinta-feira (29) pela APP-Sindicato e estudantes diante do Palácio Iguaçu, para lembrar os seis anos do Massacre do Centro Cívico, quando servidores que protestavam contra mudanças na ParanáPrevidência foram atacados com bombas, cães e cavalaria pela Polícia Militar, a mando do então governador Beto Richa. Servidores da Saúde e da Agricultura também participaram do ato, realizado junto ao acampamento de policiais e bombeiros militares que protestam contra o Governo do Estado.
O presidente da APP-Sindicato, professor Hermes Leão, lembrou que no Paraná os ataques à Educação unem todos os governadores desde Álvaro Dias, que se celebrizou pelo ataque a professores com a cavalaria da PM em 1988; Jaime Lerner, cujas políticas levaram os professores(as) das universidades estaduais à greve; Beto Richa, autor do segundo massacre, em 29 de abril de 2015; e agora Ratinho Jr. “Violência não é só bala de borracha, os cães e os cavalos que pisotearam educadores aqui nessa praça. Violência é também não dialogar, não respeitar, desempregar, condenando à fome no meio da pandemia milhares de servidores de escola”, disse, referindo-se à demissão de 9.700 funcionários de escola PSS previstas para este mês de abril.
Exatamente um ano atrás foi aprovada por maioria na Assembleia Legislativa lei que permite terceirizar os trabalhos realizados pelos agentes educacionais 1 e 2, entregando lucros de bandeja para as empresas privadas que vão assumir esses serviços. A promessa inicial era que as empresas recontratariam os funcionários, mas a lógica de mercado já mostra sua face cruel. “As empresas que estão vindo abocanhar o dinheiro público não estão contratando o pessoal de mais idade, descartando pessoas que há 15, 20 anos trabalham na merenda, na limpeza, na secretaria, na biblioteca”, explica Leão. São 9.700 pessoas nessa situação em todo o Paraná.
Hermes Leão enumerou algumas das violências cometidas pelo governador Ratinho Jr contra os profissionais da Educação durante a pandemia, o que tem custado caro aos servidores em termos de saúde e de direitos. Em outubro do ano passado, o governador impôs consultas às comunidades escolares sobre militarização das escolas, levando cerca de 100 mil pessoas a se deslocarem pelo Paraná sem necessidade urgente. Em janeiro deste ano, os professores(as) PSS foram obrigados(as) a realizar provas presenciais para não perder o emprego, novamente sem necessidade, pois já haviam sido selecionados(as) e seus contratos poderiam ser prorrogados. Em fevereiro, a Secretaria de Educação exigiu que a Semana Pedagógica fosse feita presencialmente e incentivou pais e mães a visitarem as escolas, para conhecer os protocolos de biossegurança, causando aglomerações que poderiam ter sido evitadas.
“Como educadores, colocamos a vida sempre em primeiro lugar e enfrentamos um governo negacionista, que nos ataca em plena pandemia”, afirmou o presidente da APP-Sindicato. A tentativa de impor a volta às aulas presenciais a qualquer custo obrigou a categoria a aprovar em assembleia a Greve pela Vida, condicionando o retorno à vacinação. “Se o governo priorizasse a vida, não precisaríamos estar aqui junto com estudantes e outros servidores estaduais, fazendo essa mobilização, com todos os cuidados. Continuaremos afirmando a vida em primeiro lugar”, completou Hermes Leão na frente do Palácio.
A mobilização da APP-Sindicato começou cedo, com um ato a partir das 8h na frente da Secretaria da Educação em Curitiba. Líderes sindicais e estudantis se revezaram na rememoração do Massacre do Centro Cívico e varreram a entrada do prédio para exigir a saída do secretário Renato Feder. “Viemos dizer ao secretário que basta. Os trabalhadores(as) da Educação estão sofrendo com as medidas tomadas pelo secretário em relação à Educação pública do Paraná”, disse Walkiria Mazeto, secretária de Finanças da APP-Sindicato. Da sede da Secretaria, os manifestantes partiram em carreata até o Centro Cívico, num trajeto de cerca de cinco quilômetros.