A educação básica brasileira é majoritariamente composta por mulheres. Na rede estadual de ensino do Paraná essa realidade não é diferente. Mas a carga exaustiva das jornadas de trabalho vivenciadas nas escolas e a política de punições aplicadas pelo governo estadual agravam um problema ainda pouco debatido na sociedade, os impactos da violência de gênero no trabalho e na saúde das educadoras.
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A secretária da Mulher Trabalhadora e dos Direitos LGBTI+ da APP-Sindicato, professora Taís Adams, exemplifica que após a plataformização na educação, a metodologia passou a sobrecarregar ainda mais as educadoras que, além de todas as tarefas da sala de aula, também são responsabilizadas ou responsáveis pelos cuidados domésticos e por seus(suas) familiares.
“Temos diagnósticos de síndrome de Burnout, depressão, ansiedade, lesão por esforço repetitivo, agravados por penalidades na distribuição de aulas, mesmo com atestados médicos”, pontua Taís. Para a dirigente, a crescente pressão pedagógica e meritocrática, aliadas às precárias condições de trabalho nas escolas públicas, causam adoecimento físico e psíquico nas educadoras.
Segundo a dirigente, o adoecimento é acirrado pela defasagem salarial, desvalorização profissional e imposição de metas por cobranças abusivas decorrentes do uso das plataformas, terceirização e privatização. “É preciso pensar políticas públicas que promovam a qualidade de vida e os direitos das mulheres em todos os ambientes”, afirma.
Taís destaca que a APP-Sindicato cobra do governo Ratinho Jr e Roni Miranda a implantação de um modelo de atendimento de saúde eficaz e humanizado, que inclua perícia médica sem punições e o fim das penalidades para educadoras com atestados médicos de até três dias.
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Outro problema citado por Taís que afeta as mulheres é a desigualdade salarial. Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), existe uma diferença de 12% na remuneração entre os salários das mulheres em relação aos homens na educação pública.
“A diferença é consequência da divisão sexual do trabalho, pois as mulheres são ‘acostumamos’ a dedicar mais que o dobro do tempo que os homens aos cuidados domésticos e com familiares. Ainda é preciso destacar que cerca de 55% dos lares brasileiros são chefiados por mães solo, que sustentam, cuidam e educam sozinhas”, reforça a dirigente.
Educadora e educador, atenção, se você teve problemas com atestados médicos de até três dias, denuncie! O APP-Sindicato garante o seu anonimato ao compartilhar suas experiências. Saiba como proceder (aqui).
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