No dia 15 de outubro, foi comemorado e relembramos o papel fundamental que os(as) educadores(as) têm na formação de crianças e jovens, e daqueles(as) adultos(as) que não tiveram a oportunidade de estar na escola.
É necessário lembrar o papel fundamental que professores(as) tiveram no decorrer da pandemia. Não esqueçamos todo sacrifício. Sem condições materiais de trabalho, exerceram sua função com empenho, abraçando a causa de todos(as), principalmente dos(as) estudantes mais carentes para não comprometer o aprendizado, pois os governos não providenciaram condições para a recuperação dos saberes prejudicados pela suspensão das aulas presenciais.
A tensão que vivemos, a enxurrada de mentiras que nos assola desde 2018, recrudesceu nesse caminho até o segundo turno das eleições, atingindo a escola pública e seus profissionais. Não há respeito e a educação do Paraná anda no sentido contrário de uma sociedade inclusiva e democrática, garantida na Constituição de 1988.
Na contramão da “humanidade” que é parte indissociável da educação, a terceirização dos(as) funcionários(as) das escolas da rede estadual privilegia empresas que buscam apenas o lucro em detrimento da percepção educativa desses profissionais no ambiente escolar.
A figura do professor(a), do mestre escola, daquele que aprende e ensina, vista com respeito em todo país desenvolvido, no Brasil e no Paraná vem sendo menosprezada. Esquecem que o “educador é um construtor de altares” (Rubem Alves), aquele que acende e entrega as tochas silenciosas que iluminam vidas e os caminhos. Aqueles que se preocupam com a sabedoria da vida e a justiça que nela há, e que se fundam no trabalho paulatino de educar a criança desde a mais tenra idade, que posta sob os seus cuidados com a confiança dos pais, têm todo o aval social que um guardião do futuro merece.
Vivemos um tempo em que se questionam valores que tínhamos como blindados, por isso é tempo de recuperar a dignidade do trabalho na educação, garantir a ampliação de escolas em tempo integral, com melhores condições estruturais e currículo enriquecido. Garantir que tenhamos todas as crianças protegidas, educadas, estimuladas, respeitadas nos saberes de sua faixa etária. Um Ensino Médio que respeite a capacidade de pensar dos jovens, que trate do saber intelectual e vocação profissional para desestimular a evasão e a desistência, que tem mostrado a insatisfação e a inquietação dos jovens. Privar os jovens de matérias que levam à reflexão como Filosofia, Sociologia, Artes, que tiveram sua carga horária reduzida, é tirar sua capacidade de pensar e modificar as condições de vida do ser humano.
O fingimento e a dissimulação daqueles que estimulam e divulgam falsidades sobre a educação, nos acusando de sexualizar as crianças, de autorizar “banheiros unissex”, num fanatismo político cego que sequestrou as mentes e o raciocínio lógico, encontra nossa resistência a postos. Sobretudo, esbarram na nossa dedicação, pois educadores sabem o que fazem, conhecem o chão da escola, têm uma vida real, fora das redes sociais, e estão no trabalho escolar todos os dias na defesa da informação contra os absurdos e as mentiras que nos colocam uns contra os outros.
“São tempos difíceis para os sonhadores”, e não só. Está difícil para todo trabalhador da educação, dessa educação que inclui e respeita todos, que busca armar de livros, palavras, argumentos, todo(a) aquele(a) que busque a harmonia, a luz, o ambiente acolhedor, alegre, de aprendizagem e acredita no que semeia porque sabe que todos(as) colherão nesse campo coletivo.
É tempo de tirar a luz de sob o alqueire, levá-la ao alto para que a vejam todos(as). Todos(as) aqueles(as) que a buscam como a planta que sabe ser o sol seu alimento vital, sua sobrevivência, seu crescimento para a plena realização do vir ao mundo.
Um(a) educador(a) sempre será necessário enquanto formos humanos e buscadores do melhor para nós todos(as).
UVA, 28/10/2022