APP-Sindicato cobra posicionamento do Conselho de Educação sobre ensino a distância

APP-Sindicato cobra posicionamento do Conselho de Educação sobre ensino a distância

Colegiado também recebeu reclamações da Federação de Pais, Mães ou Responsáveis e do Senador Flavio Arns (REDE)

Sala de aula - Foto: AEN

Mesmo com o fracasso da proposta de ensino a distância imposta pelo governo Ratinho Junior durante a pandemia do novo coronavírus, a Secretaria da Educação e do Esporte (Seed) anuncia o encerramento do trimestre letivo na rede pública de ensino. Considerando grave essa situação, a APP-Sindicato encaminhou ao Conselho Estadual de Educação mais um ofício pedindo providências por parte do colegiado.

Professores(as) ouvidos pela reportagem do portal G1 confirmaram o que o sindicato vem denunciando. Segundo os(as) educadores(as), em média apenas 30% dos(as) estudantes de cada turma estão frequentando o modelo de ensino a distância, assistindo às videoaulas e entregando as atividades propostas pelo aplicativo.

No documento, o sindicato destaca que a metodologia aplicada sem diálogo com a comunidade escolar é restritiva e excludente. “Nossos estudantes não têm acompanhado o andamento das atividades no ritmo imposto pela mantenedora. Aulas televisivas padronizadas, aplicativos com baixíssimo acesso, restrição de deslocamento por risco de contágio são só alguns dos fatores que comprometem de forma irresponsável o processo de ensino e aprendizagem”, diz o texto.

A APP-Sindicato denuncia também que a Seed tem publicado resoluções, feito orientações e tomado medidas “comprometendo talvez de forma irreparável a garantia do direito a uma educação pública de qualidade para toda população paranaense, situação agravada para a população econômica e socialmente frágil e excluída”. Em ofício anterior encaminhado ao Conselho, o sindicato detalhou cada um dos problemas, pedindo posicionando do colegiado.

A secretária de Educacional da APP-Sindicato, professora Taís Mendes, que é membra do CEE, esclarece que o sindicato defende uma proposta de calendário de aulas presenciais pós-pandemia sem prejuízo aos estudantes, aos(às) profissionais e com a qualidade necessária. “É possível um calendário sem atropelos, com a mediação em sala de aula dos professores(as) e entres pares, e que incorpore atividades complementares e remotas considerando a situação de excepcionalidade”, explica.

“Não queremos a escola fingindo”

Outra reclamação sobre o ensino a distância em análise no Conselho da Educação, foi redigida pela Federação de Pais, Mães ou Responsáveis Legais de Alunos e Alunas das Escolas Públicas do Estado do Paraná (Fepamef), destacando a necessidade de “que tenhamos o justo entendimento de que as atividades não presenciais, ou aplicação do Ensino a Distância (EAD), só são razoáveis em condições que pressuponham um processo educacional que inclua e integre.”

A entidade faz referência a garantias previstas na Constituição Federal e no Estatuto da Criança e do Adolescente e critica a falta de diálogo do governo com a comunidade escolar. O documento também lista diversos problemas, desde a falta de planejamento, de condições técnicas aos estudantes, até ausência de adaptação para estudantes com necessidades especiais.

“Esperamos que a escola se reinvente, mas se reinventar não significa transformar a pandemia com um motivo a mais para aumentar o abismo social. Não queremos a escola fingindo que está cumprindo o seu papel e os estudantes fingindo que estão aprendendo,” diz o ofício da Fepamef.

“Professora, é para fazer o que a senhora pediu ou o que a Seed postou?”

A insatisfação da categoria com a forma como o governo Ratinho Junior e o empresário Renato Feder, secretário da Educação, estão conduzindo a educação pública paranaense também chegou aos parlamentares. Um senador da República, Flávio Arns (REDE), recebeu diversas reclamações de professores(as) e encaminhou ao Conselho de Educação.

Em um dos relatos, a professora pede ajuda e denuncia que “todo o planejamento feito no início do ano está sendo misturado, no sistema Classroom, com um planejamento elaborado por técnicos(as) que nunca pisaram numa sala de aula”.

Segundo a professora, estudantes, pais e mães estão confusos com a falta de preparo teórico e prático da equipe que conduz a Secretaria da Educação. “Tenho vários e mails dos meus alunos perguntando: professora, é para fazer o que a senhora pediu ou o que a Seed postou?”, escreveu.

As educadoras também denunciaram a pressão feita pelo governo estadual. “A Seed está solicitando aos professores da rede que coloquem falta para os estudantes que, por diversos motivos, não tem como acessar o sistema classroom. O pior disso é que não informa, não propõe aos professores e nem aos pais quais serão os procedimentos com esses ‘excluídos’,” escreveu uma professora.

Isso vai fechar em 5 segundos

MENU