No dia 30 de agosto de 1988, professores(as) e funcionários(as) de escola sofreram um massacre em frente ao Palácio Iguaçu e Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). Ordenado pelo ex-governador do Paraná, Álvaro Dias (Podemos), os(as) educadores(as) foram agredidos de forma brutal pela Polícia Militar, que atacou os manifestantes com bombas e tiros de bala de borracha. Não o bastante, a cavalaria pisoteou e soltou cachorros nos(as) educadores(as), que levam as cicatrizes até os dias de hoje.
Para relembrar e não esquecer das atrocidades cometidas pelo governo, a APP-Sindicato disponibilizou um plano de aula para trabalhar nas escolas. O roteiro proposto pode ser desenvolvido em sala de aula ou com aulas coletivas envolvendo funcionários(as) e demais professores(as). O tempo previsto é para aproximadamente 2 horas/aula. No entanto é possível flexibilizar o tempo de acordo com a realidade de cada escola.
Confira abaixo todo o material:
Elaboração / Sistematização: Cida Reis, Secretária de Formação da CUT Paraná e Secretária Geral da APP-Sindicato no Núcleo Sindical de Paranaguá.
– Acolhida e mística de abertura:
Boas-vindas aos/às participantes ao som da canção ‘Trono de Estudar’ de Dani Black (letra disponível no final do artigo).
Dialogando sobre o clip:
– Do que se trata a música? Qual o contexto em que ela foi feita?
– O que motivou a ocupação das escolas pelos estudantes?
– Qual a relação entre o clip e o 30 de agosto: dia de luta e luto pela educação?
– A história do 30 de agosto e das lutas em defesa da Escola Pública e valorização dos profissionais da Educação.
Apresentamos duas sugestões de vídeo com a linha histórica de resistência e luta.
1ª opção: Tem aproximadamente 9 minutos e trata especificamente do 30 de agosto. Apresenta as cenas de violência contra os(as) manifestantes e a capacidade de resistência que marca a categoria, que, três dias depois da violência do 30 de agosto, volta às ruas para denunciar e anunciar que a luta continua. Resgatar a data histórica, as pautas da época: carreira, piso salarial que estava em vigor e o respeito ao direito de greve.
Mídia: Vídeo 30 de Agosto.
Duração: 8min57s.
Link: https://bit.ly/323ReFB
2ª opção: Tem aproximadamente 5 minutos, com imagens do 30 de agosto de 1988 e do 29 de abril de 2015 alternadas.
Questões para reflexão: Tempos históricos distintos, descaso, desrespeito, violência, a luta e resistência dos(as) educadores(as) permanecem. A unificação da luta (professores(as) e funcionários(as)), pauta atual, a conjuntura, desafios para a construção da Escola que Queremos.
Mídia:Vídeo 30 de agosto e 29 de abril
Duração: 4min36s
Link: https://bit.ly/2KZWQLD
– Refletindo sobre o Direito à educação: O que dizem as leis? Elas estão sendo cumpridas pelos governantes? Sim, não, quais? Há diferenças entre os governos? Quais?
A Constituição Brasileira de 1988, também chamada de constituição cidadã, consagrou o direito à educação pública, de qualidade e gratuita. Outros instrumentos legais foram aprovados para assegurar este direito, como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB (Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996), que em síntese, garante que todos(as) os(as) cidadãos(ãs) tenham oportunidades de acessar as instituições escolares e que nelas encontrem as condições propícias para concluir, na idade certa, seus ciclos escolares com níveis satisfatórios de aprendizagem. Garantir o direito à educação significa garantir que o ensino-aprendizagem nas escolas formais brasileiras seja significativo, dotado da qualidade que transforme a vida dos indivíduos, e que estes, por sua vez, sejam capazes de modificar positivamente a sociedade.
Em 2014 foi aprovado o Plano Nacional de educação que traça diretrizes e metas para a Educação Brasileira nos próximos 10 anos. São 10 diretrizes e 20 metas. As diretrizes e Metas foram discutidas e aprovadas as ações em nível Estadual e Municipal. São diretrizes do PNE: Erradicar o analfabetismo, Universalizar o atendimento escolar, Superar as desigualdades educacionais, Melhorar a qualidade de ensino, Melhor formação profissional, Promover a sustentabilidade socioambiental, Ampliar a área tecnológica e científica, Ampliar a aplicação de recursos públicos na educação, Valorizar os profissionais da educação; Propagar a igualdade, respeito à diversidade, ampliar a gestão democrática da educação.
Dentre as metas do PNE é possível destacar: O governo deverá suprir creche para atender 50% da população até 3 anos de idade; Todas as crianças até 8 anos de idade deverão estar alfabetizadas; Educação em regime integral para 50% das escolas públicas no ensino básico , Ampliar a formação técnica no ensino médio, Proporcionar formação em nível de pós-graduação para 50% dos professores do ensino básico e que todos os professores possam ter no mínimo a formação específica de nível superior, com licenciatura plena, na área específica, Assegurar planos de carreiras para os docentes, entre outras.
– Refletindo Teoria e Prática: Vamos agora pensar na realidade que estamos vivenciando (EC 95, Retirada de verbas para Educação, ataque aos direitos históricos…)
– As ações dos governos (Federal, Estadual e/ou Municipal) são condizentes com as diretrizes do PNE?
– As metas propostas serão efetivadas? Por que? O que é possível fazer?
– Pensando minha escola. As respostas podem ser em equipes e sistematizadas usando a criatividade do grupo: desenhos, charges, cartazes, vídeos, paródias, etc.
– A Escola que temos
– A Escola que queremos ter
– Quais os principais desafios, diante dessa conjuntura, para a comunidade escolar?
– Avaliação: O que aprendi sobre o tema? O que gostaria de saber mais?
– Propor a produção de charges, cards, cartazes, vídeos, entre outras.
– Referências:
CUT / SNF: Primavera: a cidade nos pertence: educação, trabalho e democracia. Caderno de Formação / Secretaria Nacional de Formação – São Paulo: Central Única dos Trabalhadores, 2016. 76 p.; il. – (Projeto Formigueiro) disponível em https://www.cut.org.br/acao/cartilha-formigueiro-1657.
– Anexos para aprofundar os temas:
- Direito à educação: conquistas, avanços e riscos de retrocessos. Texto da Cartilha do Formigueiro – Caderno de Formação, página 7, disponível em https://www.cut.org.br/acao/cartilha-formigueiro-1657.
- Emenda Constitucional 95 – congelamento dos recursos da Educação. Disponível em https://www.brasildefato.com.br/2018/10/03/emenda95-o-enfraquecimento-do-pacto-social/.
- Reforma do Ensino Médio – para que e para quem (BNCC) – para aprofundar o tema. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103 -40142018000200025.
- PNE. Disponível em https://www.cnte.org.br/index.php/menu/legislacaoeducacional/organizacao/71796-plano-nacional-de-educacao-pne-lei-n-13-005-2014.
- Ataque ao conteúdo da Educação – Lei da Mordaça. Disponível em https://appsindicato.org.br/nao-a-lei-da-mordaca-votacao-sera-nesta-quarta-31-na-camara-dos-deputados/ e http://www.anped.org.br/news/nota-publica-docnte-fim-da-escola-sem-partido-em-2018.
Letra da música deste encontro e trecho de poesia:
Ninguém tira o trono do estudar
Ninguém é o dono do que a vida dá
E nem me colocando numa jaula porque sala de aula
Essa jaula vai virar
A vida deu os muitos anos de estrutura do humano
À procura do que Deus não respondeu
Deu a história, a ciência, a arquitetura
Deu a arte e deu a cura e a cultura pra quem leu
Depois de tudo até chegar neste momento
Me negar conhecimento é me negar o que é meu
Não venha agora fazer furo em meu futuro,
Me trancar num quarto escuro e fingir que me esqueceu
Vocês vão ter que acostumar porque…
Ninguém tira o trono do estudar
Ninguém é o dono do que a vida dá
E nem me colocando numa jaula
Porque sala de aula
Essa jaula vai virar
E tem que honrar e se orgulhar do trono mesmo
E perder o sono mesmo para lutar pelo que é seu
Que neste trono todo ser humano é rei
Seja preto, branco, gay, rico, pobre, santo, ateu
Pra ter escolha tem que ter escola
Ninguém quer esmola, isto ninguém pode negar
Nem a lei, nem estado, nem turista
Nem palácio, nem artista, nem Polícia Militar
Vocês vão ter que me engolir, se entregar
Porque ninguém tira o trono do estudar
Trecho do Texto ‘Gaiolas e asas’ de Rubem Alves
(…) Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas. Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo.
Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado. (…)
Confira o PDF completo aqui1566400643626_Aula_Temática_30_de_agosto__Formatado_(1) (1)
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