APP identifica falhas em análise da AGU e vai pedir revisão com base em todos os documentos do Parceiro da Escola

APP identifica falhas em análise da AGU e vai pedir revisão com base em todos os documentos do Parceiro da Escola

Manifestação apresentada ao STF reproduz alegações do governo sem confrontar com interferência ilegal na gestão pedagógica que acontece na prática

Educadores(as) protestam em frente a Seed contra votação de projeto que permite privatização de escolas - Foto: APP-Sindicato

A APP-Sindicato vai solicitar a reanálise da manifestação apresentada pela Advocacia-Geral da União (AGU) ao Supremo Tribunal Federal (STF) na Ação Direta de Inconstitucionalidade 7.684, contra a Lei 22.006/2024, de autoria do governador Ratinho Jr. (PSD), que permite a privatização de 204 escolas públicas da rede estadual. O posicionamento da instituição não considerou a totalidade dos documentos existentes sobre o programa.

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“A argumentação da AGU destoa da situação real do que é o projeto Parceiro da Escola, isso porque a AGU traz uma interpretação levando em consideração apenas o argumento do governo, de que seria feita somente a gestão administrativa e financeira da escola. Mas na realidade, na prática, não é isso que acontece”, explica o advogado e coordenador de Assuntos Jurídicos da APP-Sindicato, Adenilson Zanini.

Autor da ação, o Partido dos Trabalhadores (PT) argumenta que a lei permite a interferência de empresas privadas na gestão pedagógica das escolas e viola os pilares fundamentais da educação brasileira, firmados pela União e que não permitem “a terceirização da gestão do ensino público à iniciativa privada”.

Por solicitação do ministro Kassio Nunes Marques, relator do processo, a Advocacia-Geral da União foi acionada e se manifestou pela improcedência do pedido. Mas para a APP-Sindicato, o posicionamento deverá ser revisto porque levou em conta apenas as alegações do governo, sem observar o projeto piloto, decretos, resoluções e o edital de audiência pública a respeito do programa, bem como, ainda não se tem a resolução regulamentando a lei e o decreto e edital, tanto de possível credenciamento, quanto da futura consulta pública.

Zanini explica que a APP vai se manifestar no processo como “amicus curiae” (amigo da corte) para demonstrar a inconstitucionalidade e acredita que a AGU poderá mudar de entendimento sobre a lei após confrontar a narrativa do governo com o que acontece na prática. 

“Há sim uma interferência direta na questão pedagógica da escola. Isso está constando tanto em decreto, quanto em resolução, publicados recentemente pelo governo, e no que acontece nas escolas que fazem parte do projeto piloto. Isso a AGU não analisou”, acrescenta.

Não venda minha escola

Presidenta da APP-Sindicato, a professora Walkiria Mazeto explica que a luta continua e está cada dia mais forte nas escolas e comunidades ameaçadas. O sindicato tem atuado com diversas organizações da sociedade, alertando a comunidade escolar e repassando informações omitidas pela Secretaria da Educação.

“Nós somos contrários e vamos continuar fazendo essa luta, porque esse programa é ilegal, é imoral. O governo está repassando nosso dinheiro para empresas privadas. Esse programa é lobby das empresas privadas que estão o tempo todo atacando a Constituição e as verbas Fundeb para abocanhar uma fatia do dinheiro, que já é pouco, investido nas escolas públicas”, diz.

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Outra educação é possível

O momento histórico exige união e coragem dos(as) educadores(as) para reagir e enfrentar mais um ataque do governo Ratinho Jr à educação. A ameaça de vender escolas públicas impõe a necessidade de mobilização de professores(as), pedagogos(as), funcionários de escola e toda a sociedade. A APP-Sindicato preparou vários materiais para mobilização. 

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